Só fazer: antes de morrer, autor deixou remake pronto para a Globo

José Wilker e Vera Fischer em Brilhante

José Wilker e Vera Fischer em Brilhante

Rumores dão conta de que a Globo pretende refazer Vale Tudo (1988), um dos maiores clássicos de sua teledramaturgia. A trama de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères deve ganhar uma atualização pelas mãos de Manuela Dias, que seria exibida na faixa das 21h em 2025.

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José Wilker e Vera Fischer em Brilhante (Divulgação)

Porém, vale lembrar que a emissora já tem um remake de outra obra de Gilberto Braga na gaveta, prontinho para entrar em produção. Antes de morrer, o veterano escreveu Intolerância, uma releitura de Brilhante (1981), que contava com José Wilker e Vera Fischer, e sonhava em vê-la no ar. Será que um dia sai?

Fracasso

Autor Gilberto Braga, falecido em 2021 (Divulgação / Globo)

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Curiosamente, Gilberto Braga sonhava em refazer uma novela que foi considerada um fracasso na época de sua exibição. Brilhante teve a narrativa prejudicada por problemas com a censura. Além disso, o penteado de Vera Fischer, a protagonista Luiza, causou rejeição. A estrela apareceu com os fios curtos e encaracolados.

Em entrevista à revista Amiga, em abril de 1982, Gilberto Braga falou sobre o fiasco da produção.

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“Uma série de fatores meio imponderáveis. Difícil, quase impossível, fazer qualquer tipo de análise científica. Sei que houve, no início, erros de narrativa, por exemplo. Histórias demais se intercruzando, acarretando uma grande dificuldade de captação. Personagens quase todos sem empatia, por falta de heroísmo. O público precisa de heróis, gente por quem torcer”, analisou.

“Fiquei nervoso, perdido, triste, rejeitado. Principalmente porque eu gostava muito do que estava no ar. Talvez até mais do que a partir das correções. Mas lidar com esse tipo de problema só me enriqueceu”, concluiu o autor.

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Censura

Dennis Carvalho e Fernanda Montenegro em Brilhante (Nelson Di Rago / Globo)

Um dos “problemas” de Brilhante era o personagem Inácio (Dennis Carvalho), que era homossexual. Na época, a censura não permitia o uso da palavra “homossexual”, o que dificultava o desenvolvimento da trama.

Justamente por isso, Gilberto Braga gostaria de contar esta mesma história, mas agora sem as amarras da censura. Intolerância, concebida para a faixa das 23 horas, trazia de volta o conflito entre Inácio e sua mãe, Chica Newman (Fernanda Montenegro), além de núcleos inéditos.

O autor João Ximenes Braga, que colaborou com Giba no projeto, contou à jornalista Cristina Padiglione, em novembro de 2021, que os 60 capítulos de Intolerância foram entregues à Globo. Ele revelou ainda que, pouco antes de falecer, Gilberto teria recebido a encomenda da emissora de transformar a trama em um projeto para às 21h. No entanto, não houve tempo para isso.

 

Em busca de um sucesso

Gilberto Braga e João Ximenes Braga (Divulgação / Globo)

Também à Cristina Padiglione, João Ximenes Braga contou que Gilberto estava deprimido por conta do fiasco de Babilônia (2015), escrita pelos dois e por Ricardo Linhares. O veterano não queria que seu último trabalho fosse seu maior fracasso.

“Em 2015, quando voltei da viagem de férias após Babilônia, ele me convocou à casa dele. Fui recebido no quarto, numa cama reclinável, tipo de hospital. Ele não estava bem de saúde, mas lúcido e muito deprimido com o fracasso de Babilônia”, contou.

“Não ouso dizer que antecipasse sua morte, mas naquele dia me disse textualmente que não queria encerrar sua carreira com um fracasso e queria voltar a trabalhar logo para recuperar seu prestígio. […] Mas superar esse fracasso era importante para ele”, revelou.

Além de Intolerância, Gilberto Braga também ofereceu à Globo a novela Feira das Vaidades, que chegou a ser aprovada para entrar na faixa das seis. No entanto, com a pandemia da Covid-19, a emissora suspendeu projetos de época, o que levou ao cancelamento do folhetim.

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