A série norueguesa foi criada em 2015 por Julie Andem e é exibida pela emissora de televisão NRK. De 2016 pra cá, ganhou visibilidade mundo afora. Em 2017, Skam (“vergonha”, em norueguês) está em sua quarta e, segundo Julie, última temporada, e nós que gostamos tanto desse drama de formato diferente e sem apelo exagerado para o dia a dia de jovens adultos noruegueses já estamos lamentando muito por isso.

A história se passa na escola (não-fictícia) Hartvig Nissen e acompanha a vida dos adolescentes que estudam lá. Cada temporada possui um personagem principal diferente, o que dá a oportunidade de desenvolver bem a personalidade e motivações deste e daqueles que são mais próximos a ele, contando as histórias de diferentes pontos de vista, com temáticas variadas.

O que mais se destaca para mim no elenco principal é que logo de cara conhecemos um grupo de cinco garotas com personalidades fortes, que estão sempre ajudando e amparando umas às outras.

Um diferencial da série é que em seu site oficial (infelizmente, disponível apenas na língua norueguesa) são exibidos em tempo real fragmentos do episódio ao longo da semana, tal como as mensagens de texto trocadas entre os personagens. Na sexta, um compilado desses fragmentos forma o episódio que é exibido na emissora. Os personagens também possuem perfis no Instagram e Facebook, tornando tudo ainda mais dinâmico.

Skam foge do clichê por possuir diálogos naturais e temas como amizade, feminismo, abuso sexual, aceitação da própria sexualidade, neuroatipicidade, islamismo, e mais temas importantíssimos de serem conversados com os jovens, numa linguagem deles, para eles.

A série mostra muito da cultura e costumes noruegueses. Coisas simples como deixar os sapatos na porta de casa, os preparativos do russefeiring, celebração escolar em que os alunos que estão se formando se separam em grupos e organizam uma festa dentro de um ônibus ou van e competem entre si a fim de decidir melhor conceito, decoração, entre outros parâmetros. Mas também mostram uma análise mais complexa da sociedade norueguesa, como quando um personagem assume para seus amigos que é homossexual e eles recebem a notícia com a maior naturalidade, acontecimento que espanta a nós brasileiros, que moramos num país em que infelizmente ainda é o que mais mata LGBTQ+ no mundo.

Caso a atual temporada seja realmente a última, Skam vai deixar muita saudade, mas terá deixado seu legado e conquistado seu lugar na vida do público-alvo. Vale muito a pena conferir.

STEPHANIE MOREIRA. Projeto de publicitária, ama séries, cinema e compartilhar o que pensa, como percebe-se neste espaço semanalmente e em seu canal do Youtube. Contatos podem ser feitos pelo Twitter.


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