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Na semana passada, o SBT pegou a todos de surpresa ao anunciar o fim do programa Casos de Família, comandado por Christina Rocha, no ar há 18 anos. A atração, que quase sempre anota a pior audiência do dia, teve o fim decretado para 9 de setembro.
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O “telebarraco”, nos últimos meses, revelou-se incapaz de segurar os índices recebidos da atração anterior. A reapresentação de Esmeralda (2004) quase sempre entrega com 5 pontos; a combalida atração de Rocha oscila entre 2 e 3 de média.
Bateu na trave
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A expectativa era de que o Casos de Família fosse substituído por novelas – Maria Esperança (2007), que deve ocupar a vaga de Esmeralda, estava com chamadas no ar para todo o país, indicando que as reprises locais passariam a ser nacionais após o arranjo de grade.
Os planos mudaram nesta quinta-feira (1°), quando Silvio Santos trouxe o programa de volta, passando, mais uma vez, por cima da resolução tomada pela direção artística. Silvio, ótimo apresentador, raramente toma decisões acertadas quando o assunto é cancelamentos e retomadas.
O Casos de Família é um formato fechado. É impossível criar qualquer coisa nova em cima da estrutura já montada, que consiste em ouvir reclamações e pontos de vistas diferentes de pessoas envolvidas num mesmo tema.
Como se isso não bastasse, o fato de estar há 18 anos no ar praticamente sem pausa faz com que todas as possibilidades de histórias se repitam cada vez mais.
Os temas costumam se revezar, aliás: homossexualidade, mulheres vítimas de violência doméstica ou em busca de transformação, figuras que não querem trabalhar, pais com ciúme dos relacionamentos dos filhos…
O modus operandi também é bem conhecido, Christiana Rocha faz perguntas, interrompe os convidados, abre para opiniões da plateia, ouve a opinião da psicóloga Anahy D’Amico e encerra o episódio sem uma resolução efetiva.
Talvez por estes motivos, o Casos de Família passou a enfrentar a rejeição do público. Os problemas de audiência não vêm de hoje… O espectador parece cansado do mesmo formato e das mesmas ladainhas.
A atração é pior do que as reprises de novelas: estas, ao menos, não repetem cinco capítulos a cada semana, como o vespertino do SBT vem fazendo há tempos diante da limitação de temas.
Contradição
A própria apresentadora desabafou em entrevista, afirmando estar cansada de fazer a mesma coisa por tanto tempo. Christina Rocha celebrou a possibilidade de investir no recomeço, sair da zona de conforto e apostar em algo que não fosse fechado como o Casos de Família.
Eis que, na noite de ontem, a mesma gravou um vídeo comemorando a volta da atração, sob a justificativa, mais do que furada, de “estratégia de programação”, como se não tivesse se queixado – ainda que nas entrelinhas – e festejado a oportunidade de se abrir para o novo.
Ela ainda prometeu novidades no retorno das gravações, que deve ocorrer na próxima semana.
Mal de audiência e de repercussão
Foi um erro manter o Casos de Família na programação. Ainda que a solução para as tardes do SBT passe longe de uma enxurrada de enlatados e reprises de novelas que, mais dia ou menos dia, também podem cansar o público… Parecia mais promissora a decisão de encerrar algo que já se esgotou e iniciar uma nova produção para a faixa.
Aliás, não se trata de um problema isolado. Toda a grade do SBT sofre do mesmo mal: produtos com a data de validade vencida, mas que seguem no ar a mando de Silvio Santos, por amizade ou por gosto pessoal.
Enquanto isso, a programação cheira a mofo, o que afugenta não só o público, como também os anunciantes. A grade da Band, hoje quarta colocada, por exemplo, soa muito mais atual que a do canal da Anhanguera.
Por falar nisso… A coluna observou que, nesta quinta, os intervalos do Casos de Família estavam tomados por propagandas políticas, como manda a lei, e inserções de empresas do Grupo Silvio Santos, como Tele Sena e Jequiti, o que mostra que a atração passa longe de ser bem-sucedida comercialmente.
No quesito audiência, o programa abriu a segunda-feira (29) com apenas 3 pontos, após os 5 de Esmeralda. Na terça (30), foi a pior audiência de todo o dia, desconsiderando a madrugada; também marcou menos que o The Noite com Danilo Gentili, no ar à 1h, em um placar de 3,5 a 3,8. Na quarta-feira (31), foi a atração menos vista da faixa vespertina: 2,6.