Tornar-se uma “fábrica de novela”. Assim a edição de 25 de fevereiro de 1996 do jornal O Globo definia a intenção do SBT com os investimentos então direcionados à teledramaturgia.
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O que chamava mais a atenção eram os alvos: o primeiro a ser contratado foi o autor Walther Negrão, que já tinha 20 anos de serviços prestados à TV Globo.
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A mesma matéria revelava o acerto de Silvio Santos com outro grande nome: Benedito Ruy Barbosa, que passaria a escrever novelas para o SBT em 1998, quando terminaria o contrato que ele tinha com a emissora carioca.
Para completar, na alça de mira do Homem do Baú também estava Aguinaldo Silva. Mas, no final, quem acabou topando o convite do SBT a fim de completar a planejada trinca de autores consagrados foi Glória Perez.
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Para que os três tivessem o devido suporte, o SBT pretendia também construir uma cidade cenográfica no Complexo Anhanguera e montar uma equipe de colaboradores “curingas”, ou seja, que escrevessem novelas para qualquer horário.
A reportagem de O Globo mencionou como possíveis nomes a serem contratados Ângela Carneiro, Elizabeth Jhin, Vinícius Vianna, Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira.
Globo reagiu
Diante de tamanha ofensiva, a Globo se viu obrigada a reagir: negociou com Walther, Benedito e Glória, os convenceu a não irem para a principal concorrente e também a renovarem os seus vínculos, se comprometendo a assumir quaisquer ônus decorrentes de disputas judiciais pelo rompimento dos contratos com o SBT.
E a emissora de Silvio Santos cumpriu a expectativa de que não aceitaria passivamente a reviravolta: processou os três autores.
Depois de tramitarem por todas as instâncias da Justiça, as ações tiveram o mesmo desfecho: a vitória do SBT.
Em 2008, a Globo arcou com as multas aplicadas a Glória Perez (R$ 24,4 milhões) e a Walther Negrão (R$ 17,8 milhões).
No ano seguinte, desembolsou R$ 25 milhões para quitar a pendência relacionada a Benedito Ruy Barbosa, totalizando R$ 67,2 milhões pagos ao SBT.
No caso da ação envolvendo Benedito, os advogados da emissora de Silvio Santos reivindicaram uma correção monetária, o que geraria uma pendência adicional de, pelo menos, R$ 10 milhões.
Em novembro de 2014, durante um de seus programas, Silvio Santos falou sobre a cobrança do valor, que não havia sido acertado até então.
A batalha judicial entre SBT e Benedito continuou e teve ainda um capítulo favorável ao autor, que havia processado a emissora por litigância de má-fé, ou seja, quando uma das partes atrasa o andamento de uma ação utilizando recursos impróprios.
O canal perdeu e depositou R$ 10 milhões em juízo. Mesmo assim, os advogados do novelista pediram mais R$ 5 milhões por juros e correções.
Mas, em outubro de 2021, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que o valor já depositado era o suficiente para quitar a dívida.