Silvio de Abreu: “Novela é entretenimento. Quero que cada capítulo seja especial e deixe uma marca no público”
14/03/2017 às 10h15
O Persona em Foco desta terça-feira (14), às 23h30, na TV Cultura, homenageia um dos grandes autores brasileiros da atualidade, Silvio de Abreu. Para entrevistá-lo, o programa conta com a participação da jornalista e dramaturga Regina Helena de Paiva Ramos e da atriz Helena Ramos.
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Aos 74 anos, Silvio de Abreu coleciona uma infinidade de reconhecimentos e uma grande lista de trabalhos marcantes em sua carreira. Paulistano, filho de músico e costureira, foi aos cinco anos de idade que encontrou a porta de entrada para o caminho que viria a seguir: na Avenida São João, pela primeira vez, entrou em uma sala de cinema. E se apaixonou pelo o que viu.
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Conforme o tempo passava, o dramaturgo ia se tornando cada vez mais íntimo da arte. Começou a escrever peças de teatro e livros, mas, garante, nunca quis ser ator: “Eu nunca representei. Eu sempre dirigi”.
Aos 19 anos, foi para o Rio de Janeiro, local que sempre sonhou em conhecer. Na cidade, teve momentos de maior envolvimento com a televisão e, de volta a São Paulo, entrou na Escola de Arte Dramática (EAD-USP), como cenografista. Ali, reconheceu a importância do teatro como algo culturalmente sério.
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Três anos depois, já formado, entrou como figurante em diversas peças: “Eu comecei fazendo figuração, fiz pequenos papeis, até que eu conheci o Sérgio Britto, através do Benjamin Cattan”. Também com a ajuda de Ademar Guerra, pode conhecer outro tipo de teatro, que o levou a se tornar o profissional que é hoje.
Silvio relembra quando foi para os Estados Unidos, onde permaneceu por um ano na Actors Studio, mesmo local em que se formaram Marlon Brando e Paul Newman, tendo aulas com Lee Strasberg e Elia Kazan. “O que prova que, quando a pessoa não tem talento, não adianta o professor ser bom, porque não vira ator”, diz entre risos.
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Ainda segundo Abreu, quando voltou ao Brasil, foi fazer um TV de Vanguarda, com Benjamin Cattan, que era Deus das Armas. “Eu me lembro que eu estava numa trincheira e chegou um garotinho para mim, que na época deveria ter uns 15 anos, eu devia ter uns 22… ele falou para mim: ‘foi você que foi para os Estados Unidos? É bom lá? Puxa, meu sonho. Qualquer dia eu quero ir para lá…”. Era o Tony Ramos”.
Silvio revela também que era um péssimo ator no começo da carreira. Em A Muralha, na TV Excelsior, ele ficava fazendo “cara de mistério” atrás do Paulo Goulart, para chamar a atenção. Com isso, seu papel ganhou projeção e ele acabou sendo um dos vilões. Mas, no momento em que percebeu que sua vocação não era de ator, foi quando passou a aceitar trabalhos de assistente de direção. “A partir da hora que eu resolvi isso na minha cabeça, aí minha vida engrenou”.
Ele relembra ainda quando começou a trabalhar com Antônio Abujamra como seu assistente de direção. “Ele foi uma influência muito importante em minha vida culturalmente”.
Além disto, Silvio comenta sobre a época em que começou a escrever suas próprias novelas, saindo um pouco das adaptações que faziam, e que foram recebidas com grande sucesso nacional, como Guerra dos Sexos, Cambalacho, Rainha da Sucata, Torre de Babel, Belíssima e Passione. “Novela é um entretenimento. Eu quero que cada capítulo seja especial e que deixe uma marca no público. Por isso nunca abri mão de misturar tudo. Drama, melodrama, comédia, e até da tragédia”, diz.
A atração conta ainda com depoimentos de Aracy Balabanian, Eloy de Araújo, Jorge Fernando, Rubens Ewald Filho, Tony Ramos, Nathália Timberg, Stênio Garcia, Walter Negrão, Elvira Gentil e Marika Gidali.
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