Show dos Famosos foi uma boa ideia mal executada

O Domingão do Faustão estreou um novo quadro em abril, ficando quase três meses no ar: o Show dos Famosos. O formato é da empresa Endemol – responsável por vários produtos de sucesso como o BBB -, cujo título original é Your Face Sounds Familiar. O SBT chegou a exibir uma temporada dessa espécie de show de talentos em 2014, chamando de Esse Artista Sou Eu. Na época chegou a fazer um relativo sucesso, embora não tenha tido continuidade. Como Silvio Santos não manteve os direitos, a Globo comprou o produto e transformou em quadro do Faustão, tendo como júri Cláudia Raia, Silvio de Abreu e Miguel Falabella.

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O show se resume em uma disputa com oito candidatos, divididos em duas rodadas: quatro por domingo. Não há eliminação, sempre tendo um vencedor em cada episódio. Mas, todos vão acumulando pontos e na grande final somente os três melhores participam e um vencedor é eleito.

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Os participantes escolhem cantores nacionais ou internacionais para imitar, homenageando os artistas. Obviamente, foram selecionados para o quadro atores que cantam e cantores profissionais. Eriberto Leão, Fafá de Belém, Ícaro Silva, Samantha Schmutz, Emanuelle Araújo, Enzo Romani, Nelson Freitas e Luiza Possi foram os escolhidos para a missão.

Para ajudá-los nos números musicais, todos contaram com o suporte do preparador vocal Felipe Habib, da fonoaudióloga Maria Silvia Siqueira Campos, da preparadora de elenco Cris Moura, do coreógrafo Sylvio Lembruger e da produção musical de Simoninha e Jairzinho. Entretanto, mesmo com tantos auxiliares e profissionais envolvidos, o resultado deixou bastante a desejar.

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No quesito audiência não houve qualquer problema, pois o quadro levantou os índices do Domingão. Mas várias apresentações se mostraram totalmente equivocadas e algumas até constrangedoras. Foi difícil assistir a muitos números em virtude das caracterizações artificiais, desafinações e imitações forçadas.

Todos os participantes são competentes, mas muitos acabaram errando feio em vários momentos. O caso mais gritante foi o de Eriberto Leão. Quase todas as suas apresentações deixaram a desejar e o número mais constrangedor foi a sua imitação de Adriana Calcanhoto. Nelson Freitas foi outro que protagonizou situações vexaminosas, como quando tentou imitar Tina Turner.

Já no quesito caracterização, as maiores prejudicadas foram Samantha Schmutz e Emanuelle Araújo. Cantoras talentosas, as duas convenciam na voz, mas o trabalho de maquiagem falhou várias vezes – vide Samantha como Elis Regina e Ricky Martin, e Emanuelle de Luiz Caldas, por exemplo.

Os melhores desde o início foram Ícaro Silva e Fafá de Belém. Ambos se destacaram do começo ao fim e fizeram valer o quadro. As apresentações demonstravam a total entrega deles e até as caracterizações ficaram mais plausíveis, embora longe de deixá-los muito parecidos com os homenageados. Os dois também sempre demonstraram mais domínio de palco, deixando qualquer constrangimento ou vergonha de lado. Deu para ver que se divertiram com os shows que fizeram. Pena que Fafá não conseguiu ir para afinal, mas ao menos Ícaro garantiu sua merecida vaga.

O júri alterou bons e maus momentos, mas o entrosamento do trio fez a diferença. Miguel Falabella, Cláudia Raia e Silvio de Abreu são amigos de longa data e protagonizaram bons momentos de descontração. Algumas análises mais críticas também merecem menção e só pecaram quando exageram nos elogios, principalmente a Nelson Freitas, que decepcionou em todas as apresentações e acabou indo à final. Falabella ainda se mostrou desnecessário quando comentou que Samantha Schmutz não era cantora profissional porque não tinha CD vendendo em loja. Ela se aborreceu e acabou discutindo com ele ao vivo, provocando uma saia justa. Mas no geral foi um bom time de jurados.

O Show dos Famosos, no final das contas, foi um quadro que atingiu o objetivo do programa. Afinal, os números de audiência foram os melhores possíveis. E o formato comprado pela Globo realmente é muito interessante. Não deixa de ser um entretenimento gostoso nas noites de domingo.

Porém, infelizmente, o conjunto não foi feliz. As caracterizações se mostraram pouco convincentes e alguns imitados não combinaram com seus imitadores, vide a diferença do timbre de voz. Apesar disso, a segunda temporada já está confirmada pela produção. Tomara que ao menos tentem consertar esses problemas, pois a primeira foi uma boa ideia mal executada.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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