A Viagem – Semana #22

• Apesar de alguns acontecimentos pontuais, nada de relevante aconteceu na novela nesta semana. O que mais chamou a atenção foi uma das soluções mais absurdas das roteiristas para a trama: Téo resolve abandonar Lisa e voltar para a casa de Diná. Não faz sentido, ainda mais porque ele está convicto de que pode viver com a ex-mulher como antes, como se nada tivesse acontecido.

Mais um caso de repentina mudança de personalidade de personagem – ou mero emburrecimento abrupto – apenas para justificar um entrecho ou narrativa. Já citei antes: recursos assim apenas empobrecem a narrativa. Também Mauro, que, de repente, ficou bom, mas, nessa semana demitiu os funcionários do escritório de arquitetura para contratar apenas estagiárias mulheres. Não havia ficado “bom”? Não dá para entender, nem para defender.

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• Outra derrapada que desabona a novela: passado o choque inicial, Carmem volta toda eufórica para Adonay com a proposta de ele refazer seu rosto – como se ele já não tivesse tentado inúmeras vezes. Pequenas interferências no roteiro, pueris demais, que não condizem com a trama consistente da novela em geral.

Thaís de Campos teve novamente cenas muito boas como Andreza, a melhor personagem da atriz na TV. E, anterior à novela de Benedito Ruy Barbosa, tínhamos em A Viagem a “Rainha do Gado“. Porém, antes mesmo de sua novela de 1996, Benedito já usara o título “Rei do Gado” para o personagem José Leôncio em Pantanal, em 1990.

Influenciada por Alexandre, Guiomar, em mais uma tentativa de afastar a filha do genro, inventa de patrocinar a companhia de rodeio de Antônio com uma competição de esporte rural e o Trófeu Arthur Muniz Neto, para homenagear o falecido marido Zico.

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• Várias novelas dirigidas por Wolf Maya tiveram a pretensão de prestar algum serviço social. Em Mulheres de Areia, havia o circo que Tonho da Lua monta. A Viagem sempre teve predisposição a merchandisings sociais, por meio das ações sociais e comunitárias do Mascarado e de Dudu, com discursos de salvar o meio ambiente, campanhas do agasalho, conscientização sobre HIV e tabagismo, etc.

Agora Mascarado e Tibério encontram um novo sentido às suas vidas amparando crianças em situação de rua. Sempre me perguntava por que o Mascarado vivia sozinho em um casarão. Agora sabemos: para o personagem transformá-lo em um lar para crianças desamparadas. O que até serve de metáfora para o Nosso Lar.

• Elogiei pouco o núcleo cômico de Dona Cininha, mas nunca é tarde. Sempre gostei e sempre achei que funciona muito bem como alívio para as cenas mais dramáticas da novela. O pedido de casamento de Tibério foi o ápice. Ary Fontoura e Nair Bello estiveram ótimos a novela inteira. Assim como Lolita Rodrigues e o ranzinza, rabugento, interesseiro e sovina Agenor de John Herbert.

• Eu, sinceramente, não sei se gosto ou desgosto da explicação para o mistério da paternidade do filho de Sofia. Não sei se acho bonito ou se me deixo contaminar por completo com a má vontade que tenho com essa trama.

Sofia explica por que não sabe quem é o pai do seu filho baseada em uma lenda grega.

Eros, deus do amor, se apaixonou pela princesa mortal Psiquê, mas não queria que ela soubesse de sua identidade, assim usava uma venda nos olhos. Depois de bilhetinhos deixados em seu violino, Sofia envolveu-se com seu admirador secreto com os olhos vendados. Por isso, ela procurava em cada rapaz da vila alguém que a chamasse de Psiquê, para certificar-se de que aquele era o pai do bebê que esperava.

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• Essa semana rolou uma das piores ações de merchan que já vi em uma novela. Estela toda preocupada com o desaparecimento da filha, o que Alberto faz para confortá-la? Traz uma Bavária! Francamente! Ainda se fossem personagens do estilo que bebem cerveja a qualquer momento. Podem até ser assim, mas a novela nunca sinalizou isso. Foi um merchan gratuito, infeliz, mas, principalmente, fora de contexto.

• Muito boa a cena em que Diná, em sonho, corre ao encontro de Otávio no Nosso Lar e os dois batem em uma barreira, como se fosse uma parede de vidro. Melhor que as cenas dos atores se beijando na parede de acrílico em Salve-se Quem Puder!

• Nada de novo no convívio entre Bia e Igor, a não ser o mau humor dele e seus discursos aleatórios filosóficos, enigmáticos, metafóricos e metafísicos. Eu voltaria para o banco da praça.

• Como se já não bastasse um Kazuo, agora temos dois: Nori, o filho dele. Pobre Góguia!

• É ou não é bom ver Ismael e Regina se ferrando?! Lava a alma!

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor