Sem trabalho, musa dos anos 80 desabafou: “Vou leiloar meu corpo”

Nos anos 1970 e 1980, muitas atrizes se tornaram símbolos sexuais de uma geração; Nicole Puzzi foi uma dessas artistas que fizeram grande sucesso nessa época.

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Considerada uma estrela da pornochanchada, ela fez inúmeros filmes desse gênero no cinema nacional, que apostava no erotismo em um momento de forte censura e baixo orçamento. Damas do Prazer (1975), O Prisioneiro do Sexo (1978) e Eros, o Deus do Amor (1981) foram algumas das produções que fizeram sucesso de público e bilheteria.

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Na televisão, a atriz fez sua estreia em O Machão (1974), novela exibida pela TV Tupi, vivendo a personagem Aretuza. Ela ainda esteve presente em vários sucessos, como Os Imigrantes (1981), Transas e Caretas (1984), Barriga de Aluguel (1991) e Perigosas Peruas (1992), entre outras produções.

Diminuição de trabalhos

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Mesmo assim, sempre ficou incomodada pelo fato de muitos olharem apenas para seu corpo ao invés de seu talento.

“Não quero mais auê nem pouca estrutura de trabalho. E não gostaria que as pessoas me vissem apenas pelo meu corpo. Até poderia aparecer só por isso, mas é muito pouco. Meu objetivo atualmente é me dedicar a uma personagem, ampliar meu horizonte profissional e me aperfeiçoar cada vez mais. Não quero ser estrela, quero ser atriz”, declarou Nicole ao O Globo em 1991.

A artista acabou perdendo espaço na televisão, participando, em seguida, de produções como Roda da Vida (2001), Marisol (2002) e Amor e Revolução (2011), além de trabalhos no teatro.

Post polêmico

Em 2012, por falta de espaço na TV e sem patrocínio para seus projetos no teatro, Nicole fez um desabafo em seu blog, em texto que gerou polêmica.

“Comecei a carreira usando o meu corpo. Que tal fazer um leilão,  não tão perfeitinho como antes, mas ainda bacaninha e bem mais experiente, até conseguir a grana para colocar a minha peça em cartaz? Isso anda na moda agora, não é mesmo? Leiloar o que nos pertence. Quem sabe podemos fazer uma rifa? Envie sugestões. Mas o leilão é apenas para machos acima de 40 anos”, ironizou.

Isso causou um rebuliço na imprensa e jogou luz à falta de investimento no teatro e, principalmente, sobre o esquecimento de artistas que já estiveram no topo.

Posteriormente, Nicole ganhou um programa no Canal Brasil chamado Pornolândia; a atração fala abertamente sobre sexo e erotismo.

“O programa contribui bastante para quebras de preconceitos na vida sexual das pessoas. A gente não pode mais ficar criticando a sexualidade alheia. Isso tem que parar. Estou com 63 anos. Ao longo da minha carreira, acho que bati o recorde como símbolo sexual. Me enxergam assim há 43 anos. Não foi uma opção minha. Aconteceu. Eu não me sinto desse jeito, no meu dia a dia, sou uma pessoa muito simples. Acho que o povo está maluco. Estou quebrando um parâmetro, vamos dizer assim”, disse a atriz em entrevista a Heloisa Tolipan.

Atualmente com 64 anos, Nicole Puzzi continua mostrando o seu talento no cinema e no teatro, comprovando que nunca foi somente mais um rosto bonito.

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