Na história da teledramaturgia, muitas estrelas infantis fizeram sucesso e seguiram a carreira artística, enfrentando a dificuldade de crescer aos olhos do público. Narjara Turetta é uma dessas estrelas que cresceu e enfrentou vários desafios.

Com apenas cinco anos de idade, ela teve sua estreia na TV no programa Grande Gincana (1971), da Record, e foi apresentadora do Essa Gente Inocente (1975), exibido pela emissora paulista.

Na Tupi, fez sua estreia como atriz em Papai Coração (1976). Ainda esteve presente em Salário Mínimo (1978) e na série Solar Paraíso (1978), exibida pela TVS Rio.

Malu Mulher

Mas o grande sucesso de sua carreira foi na série Malu Mulher (1979), exibida pela Globo e que foi um marco da nossa dramaturgia.

A história de Malu (Regina Duarte), mulher independente que se separa e cria sua filha Elisa, personagem vivida por Narjara Turetta, fez grande sucesso no Brasil e no exterior. Com grande atuação, a jovem atriz se destacou e se tornou um nome fixo do elenco global.

“Foi bom demais poder atuar com artistas consagrados, como Eva Wilma, Gianfrancesco Guarnieri, Marília Pêra e Dina Sfat. Uma oportunidade de ouro! Ganhei prêmio de atriz revelação em 1980 por esse trabalho (Malu Mulher). Aos 12 anos, eu já tinha oito de carreira! Meu relacionamento com a Regina era intenso, dentro e fora da TV. Ela abrigou a mim e minha mãe quando a Globo demorou para nos dar passagens e hospedagens. Foi uma mãe mesmo”, disse a atriz em entrevista ao portal Terra.

De atriz à vendedora ambulante

Narjara Turetta

Narjara esteve presente ainda em Baila Comigo (1981), O Homem Proibido (1982), Amor com Amor se Paga (1984), Um Sonho a Mais (1985), Selva de Pedra (1986), O Salvador da Pátria (1989), entre outras produções. Nos anos 1990, ela atuou em episódios do programa Você Decide e na série infantil Caça Talentos (1996).

O espaço na televisão foi ficando menor e a atriz não era mais convidada para trabalhar em novelas ou séries. As contas não paravam de chegar e ela foi à luta, começou a vender água de coco nas ruas de Copacabana, no Rio.

“No primeiro dia, eu não sabia nem onde enfiava a minha cara. Não sabia por onde começar. As duas (minha mãe e eu) estavam com vergonha. Ficamos em frente ao prédio onde moro. É a tal história: chorava à noite, e pela manhã estava linda e bela para vender meu coco”, desabafou a atriz em entrevista à revista Contigo.

De volta à televisão

Narjara Turetta

O fato foi destaque na imprensa e Narjara voltou a ser o centro das atenções depois de as reportagens mostrarem a sua luta diária para sobreviver. Isso trouxe convites para ela voltar a atuar.

Foi escalada para viver Inezita em Páginas da Vida (2006). Também fez participações em Sete Pecados (2008) e em Malhação (2010). Em entrevista ao jornalista Bruno Astuto, ela disse que já se cansou dessa história do coco, mas não se arrepende.

“Todo mundo me enche o saco com essa coisa da água de coco. Não me arrependo, é algo saudável. Dava para pagar as contas direitinho e, por um bom tempo, foi minha salvação”, desabafou.

Novamente em apuros

Narjara Turetta em Do outro lado do paraíso

Em 2014, ela voltou a passar dificuldades, pedindo ajuda a amigos e dinheiro emprestado.

“Fiz empréstimos para pagar o aluguel na época da água de coco e os juros foram batendo. Hoje devo uns R$ 50 mil. Vou deixando rolar. Devo estar no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). De vez em quando, mandam uma proposta para liquidar a dívida para eu pagar ‘só’ R$ 26 mil. Mas, de onde vou tirar? Devo, não nego, pago quando puder”, afirmou em entrevista ao jornal O Globo.

Narjara voltou para as novelas em 2015, em uma participação na novela Babilônia (2015), mal-sucedida trama da Globo. Também foi escalada para dar vida a Zildete, em O Outro Lado do Paraíso (2017). Em seguida, a atriz foi contratada pela Record, participando de Jezabel, no papel de Dalila Yak. Até o momento, esse foi seu último trabalho na televisão.

Atualmente com 56 anos, ela continua na ativa e atualmente se dedica ao teatro e à dublagem. Sem medo, mostra a sua vida para seus fãs nas redes sociais e exibe toda sua perseverança para mostrar o seu talento.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor