A coerência não é o forte das novelas de Walcyr Carrasco, mas o autor abusa de algumas situações em Terra e Paixão. Para movimentar a trama, o novelista foi por caminhos que beiram o absurdo.
Alguns personagens da novela das nove da Globo, como Caio (Cauã Reymond) e Graça (Agatha Moreira), simplesmente aceitam certas situações incabíveis com a maior facilidade. Já outros nem mesmo questionam nada. Tudo isso para a história poder andar.
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Golpista de estimação
Desde o início da história, o até então impiedoso Antônio La Selva (Tony Ramos) percebeu que Luigi (Rainer Cadete) era um italiano fajuto que não valia nada e que só estava de olho em sua fortuna.
No entanto, o fazendeiro, que não costumava ter pena de ninguém, “passou pano” para o golpista e o aceitou na família. Pior do que isso: Antônio ainda tem insistido para o trambiqueiro continuar casado com Petra (Debora Ozório) e ainda engravidar sua filha.
O pior foi a cena em que Irene (Gloria Pires) desmascara a falsa mãe de Luigi – que na verdade era uma atriz – e ameaça entregar a farsa do italiano para o marido como se Antônio não soubesse que o genro é o maior 171.
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Casamento forçado
O quase casamento entre Caio (Cauã Reymond) e Graça (Agatha Moreira) foi outra situação difícil de engolir. Ninguém questionou a união entre a ex-noiva de Daniel (Johnny Massaro) e o irmão do falecido.
Pior ainda foi Caio, que acreditou em supostas mensagens do Além. E mais: ele se convenceu a casar com Graça por conta de uma suposta gravidez de risco, que foi ignorada quando ele a abandonou no altar para ir atrás de Aline (Barbara Reis).
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Uma sequência de incoerências. Tudo em nome de movimentações para a trama não acabar no marasmo.
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Herança sem dono
Outro show de absurdos aconteceu com a herança de Cândida (Susana Vieira). Desde que a cafetina morreu, iniciou-se uma disputa por seus bens. O início das situações mal explicadas é quando ela deixa o testamento em um pedaço de papel.
Depois, o primeiro que surgia no bar dizendo ser herdeiro da falecida era aceito sem qualquer questionamento. Chegava e tomava posse sem nada ser reclamado. Foi assim com Berenice (Thati Lopes) e Nice (Alexandra Richter), duas golpistas. De repente, essas tramas sumiram.
Outra coisa sem sentido foram as tais barras de ouro que Cândida tinha deixado no banco e que no fim das contas eram falsas.
As situações criadas por Walcyr Carrasco dão a impressão de que o autor acredita que o público de Terra e Paixão é bobo.