Sem sentido: mudança faz personagem perder rumo em Renascer
04/03/2024 às 17h16
Vários casais ganharam a torcida do público na primeira versão de Renascer, escrita por Benedito Ruy Barbosa em 1993. Um deles foi o formado por Joaninha (Tereza Seiblitz) e Lívio (Jackson Costa). Depois que a moça ficou viúva, o público passou a torcer para que seu romance com o religioso fosse adiante.
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Porém, havia um forte impedimento para este romance. Na primeira versão, Lívio era um padre. Por isso, ele se viu dividido entre o celibato e o amor pela viúva de Tião Galinha (Osmar Prado).
Mas, no remake de 2024, este drama não existirá. Afinal, Lívio (Breno da Matta) é um pastor na nova versão da trama. Como pastores podem se casar, a história de amor entre ele e Joaninha (Alice Carvalho) não terá a mesma força de antes.
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Desejo proibido
Histórias de amor envolvendo padres sempre deram as caras na teledramaturgia. De Pássaros Feridos, a clássica minissérie exibida pelo SBT, a Mulheres Apaixonadas (2003), trama recentemente reprisada na Globo, os exemplos são inúmeros.
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Recentemente, o drama de um padre que se vê dividido entre o celibato e o amor por uma mulher foi visto em Amor Perfeito (2023) e Além da Ilusão (2022). Antes, tal drama pôde ser acompanhado na novela Desejo Proibido (2007) e na minissérie Hilda Furacão (1998).
Em Renascer, isso também aconteceu. Após a morte de Tião Galinha, o público torceu para que Joaninha encontrasse a felicidade nos braços do padre Lívio. Porém, o religioso tentou “fugir à tentação” o quanto pode, mas, no final, ele finalmente decide largar a batina e viver um romance com a catadora de caranguejo.
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Mudança
Mas, na nova versão de Renascer, esta história de amor deve ser menos impactante. Afinal, desta vez, Lívio é um pastor evangélico. Ou seja, não há nenhum empecilho para que ele construa uma família, se assim ele desejar.
O autor Bruno Luperi, que atualiza o texto de Benedito Ruy Barbosa, optou por mudar a religião do personagem para aumentar a representatividade religiosa na trama, que já conta com o padre Santo (Chico Diaz) e a ialorixá Inácia (Edvana Carvalho). Luperi também tenta ser coerente à Bahia atual, estado onde a presença de evangélicos é grande.
Além disso, a própria Globo não esconde que busca conquistar o público evangélico. Vai na Fé (2023), por exemplo, foi considerado um caso de sucesso na busca por esta plateia. A mudança, então, também atende a essa demanda.
Sem drama
A mudança na religião de Lívio vem rendendo boas cenas. Lívio, na verdade, se considera um “ex-pastor”, que questiona a própria fé. Suas conversas com o padre Santo, então, são bastante ricas, já que trazem diferentes perspectivas e reflexões sobre as crenças.
Mas é fato que a história de amor entre ele e Joaninha vai perder força com a mudança. Afinal, se a religião não é mais um impeditivo para o romance, o autor Bruno Luperi terá que criar outro obstáculo para os pombinhos.
O mais provável é que o autor mantenha Tião Galinha (Irandhir Santos) vivo por mais tempo que na primeira versão. Assim, o drama do religioso será estar apaixonado por uma mulher casada. Pode funcionar. Mas não há como negar que o romance impedido pela religião tinha um apelo bem maior.