NOVELAS
Sem saudade: 10 novelas dos anos 70 que a Globo se arrependeu de ter feito
12/03/2025 às 16h51

Apesar de ter contado com grandes sucessos nos anos 1970, incluindo Selva de Pedra, que deu 100 por cento de audiência num capítulo, a Globo também teve dores de cabeça com algumas tramas dessa década.
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Confira a lista:
O Bofe

Novela das dez exibida entre julho de 1972 e janeiro de 1973, reuniu a dupla que brilhou na revolucionária Beto Rockfeller, da Tupi, o autor Bráulio Pedroso e o diretor Lima Duarte, mas não deu certo.
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Rejeitada pelo público, a ousada produção simplesmente dizimou o Ibope da faixa, começando com quase 70% de audiência e chegando a registar apenas 25% algum tempo depois, o que era muito pouco para a emissora na época.
A Globo pediu para o autor mexer na trama e mudar o perfil de diversos personagens, mas, como ele se recusou, acabou sendo substituído por Lauro César Muniz.
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O ator José Wilker, que viva um importante personagem, pediu para sair, em solidariedade ao autor. Seu personagem ouviu uma piada e morreu de rir, literalmente.
Vale ressaltar que essa foi a única novela dirigida por Lima Duarte na Globo. Ele seria dispensado ao fim do contrato, mas acabou sendo escalado para entrar em O Bem-Amado, como Zeca Diabo.
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O resto da história todo mundo já conhece.
Fogo Sobre Terra

É importante ressaltar que essa novela das oito, exibida entre maio de 1974 e janeiro de 1975, fez sucesso e registrou ótima audiência.
Mesmo assim, teve inúmeros problemas nos bastidores, causados pela censura vigente na época.
Um dos diretores declarou que foram feitas três novelas: uma que foi escrita, outra que foi realizada e um terceira que foi ao ar.
A autora Janete Clair disse que não foi fácil fazer Fogo Sobre Terra, cuja trama foi totalmente mutilada e que, por isso, parecia ter capítulos sem nexo.
Ela também disse que escreveu a novela com carinho e boa vontade, mas que não rendeu aquilo que esperava, tendo problemas do começo ao fim, se tornando sua obra mais complicada.
Supermanoela

Exibida entre janeiro e junho de 1974, essa novela das sete era centrada na trama da empregada doméstica Manoela, vivida por Marília Pêra, que era uma espécie de super heroína.
Considerada uma das mais problemáticas novelas já produzidas pela Globo, de “super” não tinha nada, como reconheceu seu autor, Walther Negrão.
Além de não ter conquistado o público, a produção enfrentou inúmeros problemas nos bastidores, incluindo cortes impostos pela Censura e artistas que pediram para sair no meio da trama.
O resultado foi tão traumático que Marília voltou às novelas apenas treze anos depois, em 1987, quando estrelou Brega e Chique.
Cuca Legal

Exibida entre janeiro e junho de 1975, foi mais uma produção das sete que não deixou saudades na Globo.
Seu diretor, Oswaldo Loureiro, declarou que Cuca Legal foi uma novela que “nasceu, cresceu e se perdeu”.
A trama, que era muito fraca, foi considerada monótona e repetitiva, sendo rejeitada pelo público, que preferia acompanhar Meu Rico Português, na Tupi.
Espelho Mágico

Exibida entre junho e dezembro de 1977, essa novela das oito de Lauro César Muniz tinha a cara das produções da faixa das dez da emissora, que reunia tramas inovadoras e ousadas.
O público simplesmente recusou a ideia de se mostrar os bastidores da televisão, mesmo com um elenco estelar, com nomes como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Juca de Oliveira, Yoná Magalhães, Lima Duarte e muitos outros.
Espelho Mágico tinha uma novela dentro da novela, chamada Coquetel de Amor.
O curioso é que o público se interessava mais por essa história, que tinha capítulos quase diários exibidos dentro da trama.
Em seu livro, o diretor Daniel Filho disse que foi um erro expor os defeitos dos heróis da televisão para o público.
Com uma queda de 20 pontos no Ibope, numa época em que a Globo dominava os índices, não havia mais o que ser feito, a não ser terminar a produção o quanto antes.
Nina

Exibida entre julho de 1977 e janeiro de 1978, essa novela das dez foi criada às pressas depois que a estreia de Despedida de Casado foi proibida pela Censura.
O elenco, encabeçado por Regina Duarte e Antônio Fagundes, era praticamente o mesmo, mas os problemas nos bastidores persistiram.
Apesar do capricho na produção de época, pouca gente se interessou pela novela, resultando em baixa audiência.
Ainda se tentou uma mudança de rumo, com uma nova fase a partir do capítulo 73, mas pouco adiantou.
Sem Lenço, Sem Documento

Depois do sucesso de Estúpido Cupido, Mário Prata não teve o mesmo êxito na sua novela seguinte, exibida entre setembro de 1977 e março de 1978.
Muito antes de Cheias de Charme, a história abordava o dia a dia de um grupo de empregadas domésticas, mas o público não se interessou pela trama, que teve baixa audiência.
A Globo ainda tentou fazer mudanças na obra, que não surtiram efeito, fazendo com que a novela fosse encurtada.
Gina

Exibida entre junho e outubro de 1978, foi uma adaptação do romance homônimo de Maria José Dupré, que também escreveu Éramos Seis.
Só que muito pouco do livro, que abordava temas pesados, acabou sendo visto na novela, o que deixou, inclusive, a autora bastante insatisfeita.
O próprio diretor da novela, Sérgio Mattar, comentou que o romance era improvável para ser adaptado para a faixa das seis, sendo concebida sem o menor senso de conteúdo.
Segundo ele, o diretor Herval Rossano quis porque quis fazer Gina e deu no que deu.
Além disso, choveram críticas pela falha na caracterização de jovens atores, como a protagonista Christiane Torloni, que tinha apenas 21 anos, como uma mulher madura na fase final da trama, ao invés de escalar uma atriz mais velha. O resultado parecia uma paródia feita por programa humorístico.
Na época, a Folha de S.Paulo publicou que Gina foi uma das piores novelas feitas pela Globo, que tudo parecia um equívoco e que a produção ficou longe do já badalado Padrão de Qualidade da emissora.
Sinal de Alerta

Exibida entre julho de 1978 e janeiro de 1979, essa esquecida novela enterrou de vez a faixa das dez da Globo, não tendo nem boa audiência, nem repercussão.
O diretor Daniel Filho reconheceu que a novela, que falava sobre a poluição das grandes cidades, não foi bem, sendo sufocante para o telespectador, já que tudo tinha fumaça e todo mundo tossia.
Para completar, a produção ainda foi exibida, entre setembro e novembro, às 11 da noite por conta do horário eleitoral gratuito.
Uma curiosidade é que a abertura não tinha uma música-tema, contando apenas com sons e ruídos comumente ouvidos nas metrópoles.
Os Gigantes

Depois de Espelho Mágico, Lauro César Muniz voltou a assinar um fiasco na faixa das oito entre agosto de 1979 e fevereiro de 1980.
Considerada a novela mais depressiva da história da Globo, Os Gigantes tinha uma trama pesada, com excesso de doença, dor, tensão, brigas familiares, processos judiciais e terminou com a protagonista, vivida por Dina Sfat, tirando a própria vida.
A atriz chegava no estúdio, pegava o roteiro, jogava no chão e sapateava em cima, dizendo que não queria fazer aquilo de jeito nenhum.
O próprio autor, que foi demitido pela Globo antes do final, reconheceu, anos depois, que era uma “novela mórbida, pesada e infeliz”.