André Santana

No ar há dois anos, o Caldeirão com Mion já passou por altos e baixos. A estreia de Marcos Mion no programa das tardes de sábado da Globo foi inicialmente celebrado, mas não demorou para que a atração passasse a ser alvo de críticas por não conseguir se renovar.

Marcos Mion no comando do Caldeirão
Marcos Mion no comando do Caldeirão (reprodução/Globo)

O programa de Mion se arrastou por dois anos refém dos mesmos quadros de sempre. Todos, aliás, inspirados em programas de auditório clássicos, como o Show de Calouros e o Domingo Legal.

Após as críticas quanto à falta de novidades, o programa vem ensaiando novos lançamentos, mas os futuros quadros também nada mais são do que novas versões de atrações já conhecidas do público.

[anuncio_1]

Auditório raiz

Legendários
Legendários (Reprodução / Record)

Desde os tempos do Legendários (foto acima), da Record, Marcos Mion se dedica à proposta de fazer um legítimo “programa de auditório raiz”. Tanto que ele nunca escondeu a “inspiração” no Viva a Noite para formatar sua atração, que ia ao ar nas noites de sábado.

Na Globo, ao assumir o Caldeirão, sua proposta se manteve. Marcos Mion estreou no comando do Tem ou Não Tem, que nada mais é que o Family Feud com famosos. O apresentador também comandou o Sobe o Som, uma variação do Qual É a Música.

Outros quadros vieram depois, mas todos com inspirações em clássicos de auditório. O Toque de Caixa se revelou uma nova versão do Mão no Bicho, do Domingo Legal, enquanto o Caideirola é uma versão “moderninha” do Show de Calouros. Outra aposta foi o ABC do Mion, que lembrava bastante o Jogo da Velha, game do Domingão do Faustão.

 

[anuncio_2]

“Novidades”

Djavan no Caldeirão com Mion
Djavan no Caldeirão com Mion (Reprodução / Globo)

O Caldeirão passou os últimos dois anos apenas revezando estes quadros. E a conta não demorou a chegar: além de acumular reclamações nas redes sociais, o programa também viu sua audiência cair. A atração só não tem sua liderança ameaçada por pura falta de concorrência.

Diante disso, a Globo finalmente resolveu se mexer e trazer novidades para o programa de Marcos Mion. Mas de novidade o Caldeirão ainda não vai mostrar nada. Pelo contrário. O programa segue reciclando velhas ideias.

Recentemente, por exemplo, Marcos Mion promoveu um especial musical em homenagem a Djavan. Porém, ele não fez nada de diferente do que Serginho Groisman vem fazendo há anos no Altas Horas. O programa pretende lançar ainda outros dois quadros que passam longe de serem originais.

Uma das ideias é promover um quiz sobre televisão, nos mesmos moldes do clássico Vídeo Game, quadro do Vídeo Show que Angélica comandou entre 2001 e 2012. Outra “novidade” será um game na casa de um espectador, parecido com o que Gugu Liberato fazia no Gugu na Minha Casa, uma antiga atração do Domingo Legal.

[anuncio_3]

Inspiração ou cópia?

Gugu Liberato no Domingo Legal
Gugu Liberato no Domingo Legal

Marcos Mion sempre se declarou fã de Gugu e já comandou várias atrações inspiradas nos programas do animador. No entanto, cabe o questionamento: qual o limite entre a homenagem e a cópia? Que linha tênue separa a reverência da falta de imaginação?

Mion está longe de ser um cara pouco criativo. Além disso, ele tem uma ampla equipe, também bastante habilitada a trazer coisas novas. Por isso, é inexplicável que o Caldeirão tenha que replicar quadros de outros programas para se renovar. É uma renovação que não renova de fato, já que tudo tem cheiro de déjà vu.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor