O Globoplay libera, nesta quarta-feira (2), mais cinco capítulos (do 11 ao 15) de Todas as Flores, escrita e criada por João Emanuel Carneiro, com direção artística de Carlos Araújo. A novela virou coqueluche nas redes sociais e, desde a sua estreia, figura entre os produtos mais vistos do streaming da Globo.
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Com razão e não é para menos. A produção reúne todos os ingredientes que fazem a festa dos noveleiros: tem um elenco supimpa, história cativante, de muitos apelos, ótima direção e o texto de qualidade do autor.
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Elenco supimpa
Dois fatores me chamaram a atenção. O elenco bem escalado e bem dirigido é o primeiro. Os atores estão afinados, ninguém destoa ou está fora do tom. Sophie Charlotte e Humberto Carrão têm em mãos os papeis mais difíceis, Maíra e Rafael, os mocinhos da trama. Pares românticos, heróis bondosos ou heroínas chorosas são armadilhas, mas a dupla faz bonito.
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As vilãs masters Zoé e Vanessa têm intérpretes entregando seus melhores. Regina Casé está ótima como a perua sórdida, risível às vezes, enquanto Letícia Colin carrega nas tintas sem escorregar. Regina construiu sua Zoé com um pé na caricatura e Letícia leva Vanessa da espirituosidade à sociopatia só com olhar.
Comendo pela beirada, os vilões masculinos, Humberto e Pablo, papeis de Fábio Assunção e Caio Castro, são ainda discretos, preservando com sutilezas a expectativa do que pode vir ou ser. Prometem. Cássio Gabus Mendes, por sua vez, vive o vilão explícito Luís Felipe. Experiente ator que é, sabemos que não decepciona.
Mariana Nunes e Ana Beatriz Nogueira, como Judith e Guiomar, também se destacam. Ana Beatriz, aliás, em uma personagem diferente dos tipos maléficos ou tresloucados que nos acostumamos a ver na TV.
Em uma trama paralela, Nicolas Prattes revela-se à altura da responsabilidade pelo excelente papel sem cair no exagero – é o seu melhor momento na TV. Com ele, Kelzy Ecard impressiona pela entrega à sua personagem, Dona Dequinha, mãe de Diego.
Tramas batidas
O outro fator que me apega a Todas as Flores é o uso consciente do folhetim. Novela sem o menor pudor de ser novela. Não há absolutamente nada de novo. O público já viu essa história e já sabe como termina, mesmo porque JEC se referencia o tempo todo.
O filho bastardo de Vanessa, que é de Pablo, mas que ela quer que Rafael assuma, já foi visto em Da Cor do Pecado, Avenida Brasil, Segundo Sol e outras do autor. Zoé é uma Carminha revisitada. A dúvida de Maíra de quem fala a verdade, Zoé ou Judith, foi vista em A Favorita, com Lara, Flora e Donatela.
Até em algumas tramas paralelas, desconexas da trama central (característica do autor), há déjà vus: Oberdan (Douglas Silva) seria um novo Cadinho?
Aliás, o bom das novelas de JEC no streaming é poder pular as tramas paralelas sem prejuízo à história central, porque elas simplesmente não conversam, não se associam. Ainda assim, recomendo a história de Mauritânia e Raulzito. Thalita Carauta é sempre espetacular e, com Nilton Bicudo, forma uma dupla que vale a pena conferir.
Todas as Flores soa como uma homenagem a todas as novelas: tramas conhecidas, batidas e “clichezentas”, mas irresistíveis. Ainda mais por virem embaladas em uma produção esmerada, elenco de primeira e um texto saboroso. Torcendo para manter-se assim.