Sem final feliz, novela terminou na Justiça: “Acordo indecoroso”
26/04/2023 às 12h20
Muito antes de o SBT consolidar sua faixa de teledramaturgia nacional com novelas voltadas às crianças, a Record fez uma aposta no filão. Em 2001, a emissora lançou Acampamento Legal, trama infantil que era exibida na faixa das 20h e que contou com nomes como Rodrigo Lombardi, o guarda Bob.
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A novela, que apostava fundo na aventura e na fantasia, não conseguiu segurar seu encanto por muito tempo. Na reta final, Acampamento Legal enfrentou sérios problemas nos bastidores e terminou na Justiça.
Aposta diferente
Divulgação / GloboEm agosto de 2001, a Record fez uma nova aposta em seu horário nobre. Na época, o canal já exibia a novela Roda da Vida (foto acima, com Emílio Orciollo Netto e Helena Fernandes), de Solange Castro Neves, e tinha a intenção de ampliar seu espaço para a dramaturgia. Com isso, lançou a novela infantil Acampamento Legal.
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Anunciada como uma “mistura” entre novela e série, Acampamento Legal era uma produção independente, realizada em parceria com as produtoras Casa de Vídeo e Central de Produções.
A trama girava em torno de três irmãos que herdam uma fazenda e decidem transformá-la num acampamento de férias. O espaço recebe várias crianças, que vivem muitas aventuras e enfrentam os planos de Oriléia (Vera Kowalska) e Odisséia (Valéria Sândalo), duas bruxas que viviam na fazenda vizinha. No elenco da novela, havia nomes de peso como Márcio Ribeiro (1964-2013), Luah Galvão (foto abaixo) e Rodrigo Lombardi, em início de carreira.
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A ideia da atração era que, a cada semana, um novo grupo de crianças visitasse o Acampamento Legal, promovendo uma constante renovação do elenco mirim. Isso porque a Casa de Vídeo mantinha um curso de interpretação infantil que garantia a presença de seus participantes em cena.
Problemas
O lançamento de Acampamento Legal agradou. Em seus primeiros capítulos, a trama chegou a alcançar 8 pontos no Ibope, números que a emissora não via há tempos no horário. No entanto, pouco depois, a plateia diminuiu consideravelmente, e a trama passou a patinar nos 3 pontos.
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Com isso, em outubro de 2001, começaram os rumores de que a novela infantil seria cancelada. O contrato da Record com a Casa de Video previa a realização de 180 capítulos, mas eram fortes os comentários de que a trama poderia sair do ar antes disso.
Na Justiça
Em 21 de abril de 2002, a Folha de S. Paulo informava que Acampamento Legal ia terminar na Justiça. A trama, que teria seu último capítulo exibido no dia 24 de abril daquele ano, acabou enfrentando um problema judicial quando os roteiristas Edison Braga e Márcio Tavolari e os atores Márcio Ribeiro (foto acima) e Luiz Carlos Bahia entraram com uma medida tutelar para suspender a exibição da trama.
De acordo com a publicação, os quatro profissionais também tinham a intenção de entrar com uma ação na Justiça para receber seus salários, que estavam atrasados desde o mês de outubro do ano anterior.
À Folha, a produtora Casa de Vídeo alegava que a Central de Produções, que era a responsável pela comercialização e captação de recursos da produção, não havia conseguido captar o valor almejado, solicitando que os atores e roteiristas seguissem trabalhando até a entrega dos 180 capítulos previstos.
Com isso, a equipe seguiu trabalhando até dezembro de 2001, tempo em que os salários atrasados se acumulavam. Em janeiro do ano seguinte, a novela começou a ser reprisada na faixa da manhã.
“Eles queriam pagar 40% dos salários de novembro e dezembro e 5% dos referentes às reprises de janeiro a março. Esse acordo é indecoroso”, disse Tavolari.
Já Helder Peixoto, dono da Casa de Vídeo, atribuiu o entrevero a um “pequeno grupo que não se dispõe a negociar e alimenta a discórdia para obter um acordo mais favorável”. À Folha, Peixoto afirmou que a Casa de Vídeo estava disposta a pagar os salários.