André Santana

Na reta final, Vai na Fé se consagra como o maior acerto da Globo em sua teledramaturgia este ano. A novela de Rosane Svartman recuperou a audiência da faixa das sete com uma história simpática, consistente e repleta de bons personagens.

Vai na Fé - Sheron Menezzes
Sheron Menezzes como Sol em Vai na Fé (Reprodução / Globo)

No entanto, a trama esteve longe de ser perfeita. Nem todos os personagens criados pela autora conseguiram dizer a que vieram e tiveram trajetórias apagadas. Enquanto Sol (Sheron Menezzes, foto acima) e cia já têm até seus desfechos definidos, personagens como Simas (Marcos Veras), Érika (Letícia Salles) ou Vitinho (Luis Lobianco), acabaram meio esquecidos e, por pouco, não fizeram figuração de luxo.

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Novela à parte

Vai na Fé - Emilio Dantas, Marcos Veras e Samuel de Assis
Emilio Dantas (Theo), Samuel de Assis (Ben) e Marcos Veras (Simas) em Vai na Fé (Divulgação / Globo)

Dentre estes personagens, o caso de Simas é o que mais chama a atenção. O personagem foi apresentado como grande amigo de Ben (Samuel de Assis) e Theo (Emilio Dantas), aparecendo junto a eles em diversas situações. No entanto, aos poucos, o dono do bar foi sendo deixado de lado.

Enquanto a rivalidade entre Ben e Theo foi esquentando, Simas ficou esquecido. Com isso, por vários capítulos, ele aparecia apenas como o dono do bar que servia como point ao “núcleo jovem” de Vai na Fé. O Bar do Simas era onde os estudantes do Icaes se reuniam e, com isso, Simas estava sempre ali por perto, atendendo os clientes e ouvindo desabafos.

O personagem de Marcos Veras até ganhou uma história para chamar de sua, quando terminou seu relacionamento com a “novinha” Bia (Flora Camolese) e, em seguida, se envolveu com Sabrina (Cris Wersom), a mãe dela.

Ou seja, Simas até teve uma história própria, mas que ficou completamente descolada do restante do enredo. Com isso, o rapaz se tornou protagonista de uma trama avulsa, sem grande relevância para a novela.

Apagada

Orlando Caldeira e Letícia Salles em Vai na Fé
Orlando Caldeira (Anthony Verão) e Letícia Salles (Érika) em Vai na Fé (João Miguel Júnior / Globo)

Já Érika estava mais próxima dos principais acontecimentos de Vai na Fé. Ao lado de Anthony Verão (Orlando Caldeira), a vilãzinha era o terror das celebridades com suas notas publicadas em um site de fofocas.

No início da novela das sete, este núcleo teve mais espaço, já que o site do colunista social estava sempre na cola de Lui Lorenzo (José Loreto), Sol (Sheron Menezzes) e cia. Mas, aos poucos, a trama sobre as fofocas de celebridades foram perdendo espaço na novela. Inclusive, ao ponto de Anthony Verão mudar de rumo e deixar o site de lado.

Assim, Érika foi se apagando. Ela até ganhou novas histórias, como quando resolveu ser atriz e passou a aparecer ao lado de Wilma (Renata Sorrah). No entanto, foi pouco. A personagem vinha aparecendo em situações sem grande importância. Só agora, na reta final, ela terá a chance de crescer, já que se aliará a Theo.

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Esquecido

Luis Lobianco - Vai na Fé
Luis Lobianco em Vai na Fé (Divulgação / Globo)

A lista dos esquecidos de Vai na Fé também conta com Vitinho, um dos personagens mais simpáticos da novela. Foi ele o grande elo entre Sol e Lui, já que o rapaz era amigo da vendedora de quentinhas e, anos depois, se tornou assessor do cantor. Com isso, ele se tornou o principal apoio da protagonista em sua entrada no mundo da música.

Além disso, Vitinho tinha cenas muito divertidas com Wilma, já que nutria uma espécie de idolatria pela “chefuda”. O rapaz também tinha um relacionamento mal resolvido com Anthony Verão.

Mas nada disso foi adiante. Aos poucos, o personagem de Luis Lobianco se tornou apenas um escada em meio às reviravoltas do núcleo de Lui Lorenzo. Vitinho perdeu a importância no decorrer da trama e chega ao final de Vai na Fé como uma sombra do que já tinha sido.

Vale lembrar que o esvaziamento de personagens é algo comum em novelas. Os autores tendem a lançar várias histórias, mas vão desenvolvendo a partir da resposta do público. Com isso, algumas tramas crescem e tomam o espaço de outras. Assim, a trajetória apagada de Simas, Érika e Vitinho não desmerece o trabalho de seus intérpretes, muito menos o da autora Rosane Svartman.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor