Vai na Fé tem irritado parte do público nessa reta final. A novela ainda é alvo de muitos elogios, mas também não deixa de receber críticas, sobretudo nesta fase final onde pouca coisa realmente importante acontece.

Vai na Fé - Che Moais e Sheron Menezzes
Che Moais (Carlão) e Sheron Menezzes (Sol) em Vai na Fé (Reprodução / Globo)

Atualmente, a trama de Rosane Svartman se apoia em plots que pouco agregam ao enredo, numa clara tentativa de enrolar o público. Enquanto isso, tramas importantes, como a responsabilidade de Theo (Emilio Dantas) sobre a morte de Carlão (Che Moais), ficaram esquecidas.

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Julgamento sem fim

Emilio Dantas como Theo em Vai na Fé
Emilio Dantas como Theo em Vai na Fé (reprodução/Globo)

Vai na Fé perdeu fôlego ao focar demais nos casos de abusos sexuais de Theo. A trama em si é até interessante e presta um importante serviço, mas a autora Rosane Svartman não soube dosar o espaço deste plot dentro da narrativa, o que acabou deixando o público cansado.

Foram muitos capítulos de Jenifer (Bella Campos) buscando as vítimas do pai e convencendo-as a denunciá-lo. Depois, outros tantos capítulos na preparação para o julgamento. Mais adiante, mais capítulos dedicados às audiências sobre o caso.

Enquanto isso acontecia, a novela simplesmente estacionou. Os núcleos da trama se isolaram, cada um deles dedicados a plots sem importância e distantes da história principal. Vai na Fé ficou dispersa e repetitiva.

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Trama esquecida

Manu Estevão e Che Moais
Manu Estevão (Duda) e Che Moais (Carlão) em Vai na Fé (João Miguel Júnior / Globo)

O mais estranho disso é que Vai na Fé ainda tem pontas soltas, que poderiam ter sido exploradas nesta reta final. O acidente que matou Carlão, por exemplo, acabou sendo “esquecido no churrasco” pela autora.

No início de Vai na Fé, um caminhão que levava o contrabando de Theo provocou um engavetamento na estrada, causando um acidente que feriu Ben (Samuel de Assis) e matou Carlão. Com medo de ter seu nome vinculado ao fato, Theo tratou de convencer Lumiar (Carolina Dieckmann) a indenizar as vítimas sem alarde.

Depois disso, não se falou mais sobre uma investigação acerca do que aconteceu. Com isso, o fato de Theo ter causado a morte de Carlão deixou de ser assunto na trama. Isso poderia ter sido retomado há algum tempo.

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Novela dispersa

Vai na Fé - Jean Paulo Campos e Mel Maia
Mel Maia (Guiga) e Jean Paulo Campos (Yuri) em Vai na Fé (Reprodução / Globo)

Além disso, com os casos envolvendo os abusos de Theo, a novela ficou muito focada no vilão. Os demais personagens principais perderam força e, atualmente, só vivem para tentar pegá-lo.

Enquanto isso, as tramas paralelas vivem várias “novelas à parte”. Na pousada, Dora (Claudia Ohana) segue à beira da morte. Já no “núcleo jovem”, Guiga (Mel Maia) e Yuri (Jean Paulo Campos) protagonizam um plot chatíssimo sobre a gravidez da influencer. E na mansão de Lui Lorenzo (José Loreto), o filme de Wilma (Renata Sorrah) parece não ter fim. E o que dizer do falso sequestro de Rafa (Caio Manhente)? Forçado, no mínimo.

Ou seja, Rosane Svartman e sua equipe estão se sustentando em fatos isolados, bobos e que em nada acrescentam ao andamento de Vai na Fé. A reta final da novela vem decepcionando.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor