Considerada uma das grandes musas das artes brasileiras entre as décadas de 1950 e 1970, Norma Bengell ainda pode ser vista nas reprises do humorístico Toma Lá Dá Cá, no canal Viva. Na atração, ela viveu a ex-policial Deise Coturno.

Toma Lá Dá Cá - Diogo Vilela e Norma Bengell
Diogo Vilela (Arnaldo) e Norma Bengell (Deise) em Toma Lá, Dá Cá (Divulgação / Globo)

A sitcom criada e estrelada por Miguel Falabella acabou sendo o último trabalho da atriz na televisão, que se afastou logo depois do fim da série. Endividada, doente e em estado terminal, ela se recusou a mudar para o Retiro dos Artistas.

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Trajetória

Norma Bengell
Norma Bengell

Norma Bengell já havia feito muitos trabalhos relevantes no teatro e no cinema quando chegou à televisão, em 1967, na novela A Sombra de Rebeca. Antes disso, ela já havia feito o primeiro nu frontal do cinema brasileiro, no longa Os Cafajestes (1962).

Em 1978, Norma Bengell quase retornou à TV. Ela foi escalada para viver Yolanda Pratini, a grande vilã de Dancin’ Days. Porém, após uma briga com o diretor Daniel Filho, acabou perdendo o papel para Joana Fomm, que fez de Yolanda uma de suas principais personagens na TV.

Com isso, Norma só voltou às novelas nos anos 1980, quando esteve em Os Adolescentes (1981) e Os Imigrantes (1981), ambas na Band. Ela também participou de Parabéns pra Você, Partido Alto, O Sexo dos Anjos e Alta Estação.

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Falência

Porém, Norma Bengell passou por um grande perrengue que a levou à falência nos anos 1990. Ela dirigiu o filme O Guarani (1990), longa que teve sua prestação de contas contestada pelos órgãos fiscalizadores. Por isso, a atriz chegou a ser indiciada por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e apropriação indébita.

“O filme custou uma fortuna. Levantei dinheiro para pagar a todos”, rebateu Norma, que nunca se recuperou das dívidas do filme.

Após um tempo sumida da TV, Norma Bengell voltou a se tornar popular entre o público ao integrar o elenco de Toma Lá Dá Cá. Na época, a atriz já tinha alguns problemas de saúde e dificuldades de locomoção. Por isso, aparecia a maior parte do tempo sentada em cena no humorístico.

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Estado terminal

Ana Maria Nascimento e Silva e Norma Bengell
Ana Maria Nascimento e Silva e Norma Bengell

Doente e com dificuldades financeiras, Norma Bengell se recusou a mudar para o Retiro dos Artistas, como alguns amigos chegaram a sugerir.

“Não vou. Não quero sair daqui. Moro nesta casa há quase dez anos”, cravou ao jornal O Globo, em 2011.

Em 2013, Norma foi diagnosticada com um câncer de pulmão. No entanto, ela se negou a fazer quimioterapia, já que nunca superou a perda da companheira Sônia Nercessian, que sofreu muito por conta da mesma doença.

“Ela estava deprimida desde a morte da Sônia, que era seu esteio. As pessoas falam que seu grande amor foi (o ator italiano) Gabriele Tinti (seu marido), e se esquecem da Sônia. Norma tinha uma vida difícil, sem dinheiro”, declarou o cineasta Silvio Tendler, que foi um dos muitos amigos que tentaram convencê-la a se tratar.

Norma, que contava com a ajuda financeira de nomes como Miguel Falabella, Jô Soares, Daniel Filho e Faustão, faleceu em 9 de outubro de 2013, aos 78 anos, após ser internada no Hospital Rio Laranjeiras com falta de ar. Somente 15 pessoas compareceram ao velório da artista.

“Norma reclamava que se sentia muito sozinha, que os artistas eram muito amigos quando ela tinha fama, mas depois sumiram todos”, relembrou Luciene Marques, que cuidou da atriz no final de sua vida. “O médico me disse que o estado dela era terminal e que ela não passaria da noite”, completou.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor