Tenham feito sucesso ou não, algumas novelas da Globo nunca mais poderão ser vistas pelo público – pelo menos em suas versões originais.

Regina Duarte
Regina Duarte (Reprodução / YouTube)

Esse fato se deve por dois motivos: ou as fitas com as gravações das tramas foram reutilizadas, já que eram caras e isso era comum nos anos 1960 e 1970, ou os incêndios sofridos pela emissora, ocorridos em 1971 e 1976, destruíram o pouco que restava.

Confira abaixo uma lista de 10 novelas perdidas que nunca mais poderão ser vistas na íntegra pelo público. Duas delas, inclusive, foram estreladas por Regina Duarte (foto acima), que se queimou com a emissora após deixar seu longo contrato para integrar o governo de Jair Bolsonaro.

Os Ossos do Barão

Os Ossos do Barão

Exibida entre outubro de 1973 e março de 1974, é considerada a melhor novela do autor Jorge Andrade. Gravada a cores, teve no elenco artistas que brilharam, como Paulo Gracindo e Lima Duarte.

A emissora conta apenas com as chamadas de estreia no arquivo. O SBT fez um remake de Os Ossos do Barão em 1997, sem o mesmo sucesso.

Ilusões Perdidas

A trama de 56 capítulos, estrelada por Reginaldo Faria e Leila Diniz, não teve nada de especial, mas seria interessante para a Globo ter o registro histórico de sua primeira novela.

Infelizmente, restaram apenas poucas fotos, como tudo dos primeiros anos da programação.

O Sheik de Agadir

Essa trama de Glória Magadan, exibida entre julho de 1966 e fevereiro de 1967, foi a primeira novela de sucesso da Globo.

Foi nela que surgiu o primeiro serial killer das novelas brasileiras – Éden de Bassora, personagem vivida pela jovem Marieta Severo. Só restaram poucas imagens de bastidores.

Véu de Noiva

Sucesso dos primeiros anos da Globo, a trama de Janete Clair é histórica porque marcou o início das produções modernas da emissora, deixando de lado as rocambolescas obras de capa e espada de Glória Magadan.

Estrelada por Regina Duarte, estreando na Globo, e Cláudio Marzo, a novela teve 221 capítulos. Hoje, infelizmente, restam apenas poucas imagens de bastidores.

Pigmalião 70

Com Tônia Carrero e Sérgio Cardoso, a novela de Vicente Sesso fez sucesso na faixa das sete em 1970. Foi a primeira trama moderna do canal nessa faixa.

Reapresentada pela Globo no início daquela década, as fitas também foram perdidas, impossibilitando qualquer exibição atual.

O Cafona

Exibida entre março e outubro de 1971, a novela de Bráulio Pedroso retratava a desmoralização da alta sociedade e mexeu com grã-finos do Rio de Janeiro, que se viram retratados na história e ficaram revoltados. Francisco Cuoco e Marília Pêra brilharam na produção.

Minha Doce Namorada

Essa novela é histórica porque transformou Regina Duarte na Namoradinha do Brasil. Exibida entre abril de 1971 e janeiro de 1972, em 242 capítulos, é outra produção de Vicente Sesso para a emissora que não resistiu ao fogo.

O Primeiro Amor

Novela das sete exibida entre janeiro e outubro de 1972, tem grande valor histórico por um acontecimento ocorrido nos bastidores. Em 18 de agosto daquele ano, o ator Sérgio Cardoso, que vivia o protagonista, Luciano, teve um mal súbito e morreu. Faltavam apenas 28 capítulos para o desfecho da produção.

A Globo acabou colocando Leonardo Villar em seu lugar para completar a obra. Infelizmente, não existem imagens desse triste momento da história da televisão brasileira.

Cavalo de Aço

Estrelada por Tarcísio Meira e Glória Menezes, Cavalo de Aço foi exibida entre janeiro e agosto de 1973. Problemática, com muitos cortes impostos pela Censura, foi a única experiência de Walther Negrão na principal faixa global. Para a posteridade, ficaram apenas algumas chamadas de estreia.

O Rebu

Trama experimental de Bráulio Pedroso, foi exibida entre novembro de 1974 e abril de 1975. A trama que preencheu os 112 capítulos se passavam durante uma festa, em apenas um único dia (além de muitos flashbacks dos personagens). Ao longo da história, o público tinha que descobrir quem morreu, quem matou e o motivo do crime.

A versão original de O Rebu, que ganhou uma nova versão em 2014, praticamente não sobreviveu: somente o primeiro e o 98º capítulos, além de algumas chamadas de estreia, escaparam do incêndio ocorrido em junho de 1976.

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Thell de Castro

Apaixonado por televisão desde a infância, Thell de Castro é jornalista, criador e diretor do TV História, que entrou no ar em 2012. Especialista em história da TV, já prestou consultoria para diversas emissoras e escreveu o livro Dicionário da Televisão Brasileira, lançado em 2015 Leia todos os textos do autor