• Fiquei um pouco decepcionado com a segunda semana de Sonho Meu. Não apenas pelos poucos acontecimentos relevantes. Acho que a trama central (do Ídolo de Pano) está sendo conduzida de forma insatisfatória por causa do apelo infantil de A Pequena Órfã. Há um conflito. A trama adulta de Sonho Meu parece dependente da infantil, o que faz a história dos irmãos Lucas e Jorge diluir-se em entrechos tolos e maniqueístas demais.

Imagine que, em 1993, Sonho Meu substituiu Mulheres de Areia, que tinha uma trama robusta até mesmo para o horário das seis. Deve ter sido um baque para o público tamanha transição. Penso nos viúvos de Ruth, Raquel, Tonho da Lua e Virgílio se deparando com um tipo extremamente romântico e ingênuo como Lucas. Jorge precisa intensificar logo suas maldades.

• Para piorar, Sonho Meu tem núcleos de humor que simplesmente não funcionam. Quer dizer, as crianças que esperam ver Laleska e sua turma devem até achar engraçado o mordomo Giácomo (Eri Johnson) bebendo resto de bebida dos patrões. Ou a briga por causa de um chinelo entre os personagens de Walmor Chagas e Yoná Magalhães. Constrangedor!

O personagem equivalente ao Dr. Guerra em Ídolo de Pano era o Dr. Gondim, vivido pelo ator Rildo Gonçalves, um vilão que, mancomunado com o Jean (Jorge), receitava remédios errados para Dona Pauline (Paula). Era um médico antiético que fazia um contraponto com o Dr. Fontes (Fontana), um médico bom. Não havia apelo cômico. A Globo optou por essa mudança para deixar a novela mais leve, para seguir a trama a historinha infantil.

• Eu não lembro de ter acompanhado este início de Sonho Meu lá em 1993. Peguei a novela da metade em diante e gostava muito da trama. Contudo, realmente creio que Sonho Meu ainda melhora consideravelmente. Outro problema é que a novela é longa: quase 200 capítulos. Os autores devem ter penado para fazer essa trama e esses personagens renderem.

• Gosto das 3 crianças amiguinhas de Maria Carolina: Chico (Eduardo Caldas), Ximena (Carmem Caroline) e Taboinha (Beta Madruga). Aguardo ansiosamente a explicação para o nome Taboinha. O melhor é que todas as crianças são nascidas em Curitiba (pelo menos assim se entende) e falam LALEISHKAN, com um sotaque carioquíssimo! Teve um diálogo que até ri:

– Agora eu sou Laleishkan!
– La-leish-kan?

• É muito curioso ver o Jardim Botânico de Curitiba vazio para as cenas diurnas com os atores da novela. Era um dos principais cartões postais da cidade na época (ainda é!) e recebia muitos visitantes diariamente. Entendo que, para as gravações, a Globo tenha conseguido a exclusividade de sua equipe no local. Mas sem figurantes? Quem conhece a cidade da época sabe que é surreal.

• Muito bonita a festa polonesa com dança, comida e trajes típicos.

• Achei estranho quando vi Jorge no aeroporto, que deveria ser o de Curitiba. Só depois me atentei que o aeroporto Afonso Pena que conheço (mais moderno e bonito) é posterior ao das gravações da novela.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor