Quem acompanha diariamente o Big Brother Brasil na Globo, no Multishow, no Globoplay e no pay-per-view não faz ideia do que acontece nos bastidores do programa. Pelo menos é o que dizem alguns prestadores de serviço que já trabalharam no programa e entraram com uma ação judicial.

Cinco operadores de câmera e um assistente de operações atuavam no BBB até o ano passado processaram a TV Globo e a empresa LET, da qual eram contratados, por causa de condições degradantes do ambiente de trabalho e assédio moral.

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A ação corre em segredo de Justiça, mas as informações foram obtidas pela colunista Fábia Oliveira, do jornal O Dia, contando com imagens e testemunhos de outros profissionais.

“Todos pedem indenização pelas condições degradantes do local de trabalho, em função das condições precárias do local destinado aos câmeras, o chamado Câmera Cross (corredor que fica em volta da casa por trás dos espelhos), que era muito sujo, sem lixeiras, com fios desencapados que davam choque quando chovia. Os autores também tinham suprimido o horário de almoço e ainda trabalhavam de pé por cerca de 9 horas seguidas”, explicou o advogado dos queixastes à jornalista.

“Além disso, os autores tinham frequentes contatos com animais, como ouriço, ratos, morcegos, gambás, aranhas, marimbondos e até cobra. Um dos autores já foi picado por uma aranha. Há ainda pedido de assédio moral referente ao tratamento destinado aos autores por um diretor da emissora, que os tratava com desrespeito e grosseria, com gritos e chegando a agarrar dois dos autores pelo casaco. Há ainda pedido de pagamento do intervalo suprimido e também equiparação salarial a outros câmeras que desempenhavam as mesmas atividades, mas recebiam salários superiores”, completou.

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Washington Santos, que trabalhou em 12 edições do reality show, também falou com a colunista. “Um ambiente sujo, totalmente hostil. Quando chove, naquela parte da varanda onde os participantes sentam pra fumar, do lado de dentro do Câmera Cross, alaga tudo. Fora que a gente circulava no meio de fios espalhados no chão sem proteção e, pior, alguns até desencapados. Era um monte de máscaras descartáveis usadas espalhadas pelo chão. Rato, ouriço, cobra, aranha, todos esses bichos circulavam entre a gente. Chegamos a ser orientados sobre infestação e pra tomar cuidado com os cabos, porque poderiam ter cobras enroladas neles e a gente poderia confundir, porque o local é bem escuro”, explicou.

“Eu fui picado na mão, minha mão inchou muito e eu fui levado para o centro médico e lá me deram uma injeção. Depois me deram dois dias em casa. Uma funcionária chegou a desmaiar lá dentro por causa de sinusite, porque é um ambiente com muita poeira. Saiu carregada de dentro do Câmera Cross. Tudo isso a gente reclamava com a chefia. Temos um depoimento do profissional da técnica de segurança dizendo que dois meses antes da estreia do ‘BBB 20’ levou nossas reclamações sobre as condições insalubres de trabalho até a direção e a direção não fez nada”, continuou.

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“A gente sabe bem o que é o produto Big Brother. A TV Globo vende muito essa questão de se preocupar com a saúde, pedindo pra usar máscara, batendo no presidente, e a gente lá com máscaras usadas espalhadas pelo corredor. A gente foi proibido de tomar a vacina da influenza, isso foi o pior pra gente. Nós, prestadores de serviços, nos sentimos muito humilhados. Quando fomos indagar as enfermeiras sobre a vacinação, disseram pra gente que era só pra funcionários e que a gente não tinha direito. É uma indignação que temos por causa da falta de respeito”, concluiu.

De acordo com a jornalista, a TV Globo e a LET ainda não foram citadas no processo e não se manifestaram até a publicação da reportagem.

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