Longe das telinhas desde uma participação em Sob Pressão, em 2018, Carlos Vereza mostra seu talento diariamente em um dos seus melhores personagens na reapresentação de O Rei do Gado (1996), no Vale a Pena Ver de Novo.

Carlos Vereza
Reprodução / Globo

O senador Caxias ficou marcado na memória do público pela sua atuação política dentro da trama. E o personagem guardava um segredo na trama de Benedito Ruy Barbosa: era um comunista.

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Comunista

O Rei do Gado - Ana Rosa
Divulgação / Globo

Conhecido por sua honestidade e por seus ideais exemplares, Caxias sempre foi criticado pela sua mulher, Maria (Ana Rosa). A maneira como ela via seu casamento ficou bem clara num diálogo com sua filha Liliana (Mariana Lima).

“E agora seu pai se meteu lá com os sem-terra e está achando que vai resolver sozinho essa questão da reforma agrária. Nós não somos latifundiários nem produtivos e nem improdutivos como ele mesmo diz”, criticou.

Mas Liliana rebate, perguntando o motivo de eles ainda estarem casados, já que possuem ideais completamente diferentes. Mas Maria Rosa diz que a pergunta da filha é imbecil.

“Não é imbecil. A senhora vive se queixando dele. A senhora não tem uma palavra de incentivo para o papai”, disparou a jovem. “A senhora que não conseguiu alcançar os passos dele. Ficou pra trás. A senhora se casou com um professorzinho que virou senador da república e não se deu conta disso”, completou Liliana.

É nesse momento que Rosa revela o grande segredo do senador, que acaba justificando o seu apreço pela reforma agrária e o apoio ao Movimento Sem-Terra.

“Seu pai era um comunista perseguido pela ditadura quando eu me casei com ele”, revelou a personagem de Ana Rosa.

Velório proibido

O Rei do Gado - Carlos Vereza
Reprodução / Globo

Uma das cenas mais marcantes da novela, e também da teledramaturgia nacional, a morte do senador Caxias rendeu a emocionante sequência do velório do político. Mas a cena rendeu problemas, já que a gravação no Senado foi barrada pelo então presidente da instituição, José Sarney.

O político não gostou da proposta de gravar o velório de Caxias no Salão Nobre do Senado e vetou a cena; apenas outras sequências puderam ser gravadas.

Tal atitude deixou Carlos Vereza profundamente irritado. Com isso, ele criticou publicamente a decisão de Sarney.

“Não seria ridículo nem folclórico. Ao contrário: seria digno homenagear um político que honrou a classe, mesmo sendo ficção. Eles só sabem fazer críticas à TV. O velório não iria denegrir (sic) a imagem do Senado. O que fere a dignidade do Congresso é quando chegam na terça e voltam para casa na quinta-feira”, relatou o ator ao Jornal do Brasil, em 14 de janeiro de 1997.

Posicionamento político

O Rei do Gado - Ana Rosa, Carlos Vereza e Mariana Lima
Divulgação / Globo

Bem diferente do seu personagem em O Rei do Gado, Carlos Vereza ficou conhecido pelo seu posicionamento político mais alinhado com a extrema direita, quando apoiou Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Quase quatro anos depois, o ator revelou que se decepcionou com o governo do ex-presidente e decidiu não o apoiar mais.

“No contexto de 2018, após roubos do PT, você tinha candidatos que não tinham chances de ganhar a eleição e um outsiter. [E] 57 milhões acreditaram nisso. Não tenho político de estimação, saí fora quando percebi que ele se vinga da cultura, anulou a arte e a cultura do país”, afirmou Vereza em conversa com o Yahoo, em julho do ano passado.

O veterano não se classificou como ‘bolsonarista arrependido’, mas declarou não confiar mais na então gestão do poder executivo nacional. Na época, ele estava sem candidato.

“Se tivesse o mesmo contexto de 2018, votava nele. Não sou arrependido. Votaria no Tiririca em 2018, se tivesse condições de impedir o que o PT fez. Foi um voto de desespero, um cavalo de pau. Não sabia que ele tinha esses filhos. Hoje eu não votaria nele, de jeito nenhum! Alice ficou no país das maravilhas, o contexto do país é votar no menos pior”, avaliou.

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