A Globo ficou muito feliz com o remake de Pantanal (2022). A nova versão do clássico de Benedito Ruy Barbosa elevou a audiência do horário nobre da emissora e se tornou um hit na web, gerando alta repercussão e memes nas redes sociais.
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Tamanho êxito encorajou a emissora a apostar numa nova versão de Renascer, outro enorme sucesso de Ruy Barbosa. O canal esperava que a história de José Inocêncio repetisse o frisson da história de José Leôncio – ambos vividos por Marcos Palmeira.
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Porém, isso não aconteceu. Renascer, até o momento, não atingiu a mesma audiência de Pantanal e a novela não empolga o público como a trama anterior. A emissora errou ao não fazer uma profunda alteração na história, para imprimir mais ritmo e resgatar alguns elementos que fizeram sucesso em Pantanal.
Remake disfarçado
A aposta da Globo em Renascer faz sentido, já que a novela tem vários pontos em comum com Pantanal. E não é por acaso. Benedito Ruy Barbosa fez tanto sucesso com a saga de Juma (Cristiana Oliveira) na extinta Manchete que a Globo o trouxe de volta para emplacar uma história nos mesmos moldes em 1993.
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Por isso, Renascer é praticamente um “remake disfarçado” de Pantanal. A trama também gira em torno de um fazendeiro bem-sucedido às voltas com problemas envolvendo seus herdeiros.
Sob vários aspectos, a relação entre José Inocêncio e João Pedro (Juan Paiva) lembra a de José Leôncio e Jove (Jesuíta Barbosa). Além disso, o vilão Egídio (Vladimir Brichta) é bem parecido com Tenório (Murilo Benício): os dois maltratam a esposa submissa e vivem às turras com uma filha “moderninha”.
Pantanal sem carisma
Porém, por mais semelhanças que existam entre as duas histórias, é fato que Renascer é uma “Pantanal sem carisma”. Embora a trama siga praticamente o mesmo molde da anterior, falta um “tempero”. Comparada a Pantanal, Renascer se leva a sério demais.
Pantanal sai na frente na comparação com Renascer porque tinha vários personagens carismáticos. O público se divertiu com as maluquices de Madeleine (Karine Teles), torceu por Maria Bruaca (Isabel Teixeira), se apaixonou por Irma (Camila Morgado) e Trindade (Gabriel Sater) e se envolveu com as rodas de viola que embalavam os capítulos.
Além disso, Pantanal apostava no lúdico, o que encantava o espectador. Lendas e mitos, como a da mulher que vira onça, ou do Velho do Rio (Osmar Prado), imprimiam um elemento fantástico ao enredo que proporcionavam ao público um “respiro” da realidade.
Sem sal
Já Renascer não tem nada disso. A primeira fase até alcançou um nível de encantamento parecido, já que o público realmente embarcou no romance entre Inocêncio (Humberto Carrão) e Maria Santa (Duda Santos).
Porém, os personagens carismáticos ficaram todos na primeira fase. Na segunda fase, José Inocêncio é um homem amargo, seus filhos são todos bananas e as demais tramas parecem ficar sempre no meio do caminho. Tudo é muito sério, não há um “respiro” e são poucos os momentos de humor.
Em Pantanal, até o vilão Tenório era carismático e divertia o público, apesar das atrocidades que fazia. Já Egídio não tem o mesmo apelo. As tramas do facão no jequitibá e do diabinho na garrafa não são tão encantadoras quanto as lendas de Pantanal. Falta graça e ludicidade à atual novela da Globo.
Justamente por isso, o público não se envolve e a novela não repercute. Renascer não é ruim, mas falta a ela o magnetismo que Pantanal esbanjava. A emissora devia ter percebido isso e realizado as devidas alterações na história original para conquistar o público. Esse é o maior erro da novela.