Se arrependeu: Fábio Jr. cometia maior erro de sua carreira há 27 anos

22/09/2023 às 13h18

Por: Duh Secco
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Giovana Antonelli e Fábio Jr. em Corpo Dourado (Divulgação / Globo)

O Viva reprisa atualmente a novela Corpo Dourado, de 1998. A trama de Antonio Calmon foi, pelo menos até o momento, a última novela feita por Fábio Jr. Dois anos antes, o astro cometeu o maior erro de sua carreira como ator ao se meter numa barca furada do SBT.

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Giovana Antonelli e Fábio Jr. em Corpo Dourado

Giovana Antonelli e Fábio Jr. em Corpo Dourado (Divulgação / Globo)

Em 6 de maio de 1996, mesmo dia em que a Globo estreava a minissérie O Fim do Mundo às 20h40 – para cobrir o “buraco” causado pelo atraso de O Rei do Gado -, Silvio Santos copiava a rival e lançava três novelas em simultâneo: Colégio Brasil às 18h30, Antonio Alves, Taxista às 20h e Razão de Viver às 21h.

Antonio Alves, Taxista chegou ao fim em 10 de agosto do mesmo ano, frustrando todas as expectativas de um início aparentemente promissor, que promovia o retorno de Fábio Jr. ao vídeo após o êxito em Pedra Sobre Pedra (1992), como o retratista Jorge Tadeu.

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Além disso, a emissora pegava carona em seu relacionamento com Guilhermina Guinle, sua partner na trama. E olha que o astro podia ter feito uma trama na Globo que, se não foi um sucesso arrebatador, não fez tão feio assim.

Abaixo, o TV História resgata curiosidades sobre a produção. Confira:

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Produção independente

– Para viabilizar os três horários reservados à teledramaturgia, Silvio Santos buscou “diferentes saídas para as produções de novelas”. Firmou parceria com a JPO Produções, responsável por Colégio Brasil (foto acima), e foi a Buenos Aires acertar os ponteiros com a Ronda Studios, também uma produtora independente, para Antonio Alves, Taxista. Apenas Razão de Viver foi rodada nos estúdios da emissora.

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– Curiosamente, ‘Antonio Alves’ – e não a produção “da casa” – foi a escolhida para substituir Sangue do meu Sangue; até então, único cartaz do canal. A novela era apresentada em dois horários: às 20h e 21h40, logo após os capítulos de Vira Lata e O Fim do Mundo, da Globo. Com o insucesso, a segunda faixa logo foi suspensa.

– A ideia de integrar a teledramaturgia ao Mercosul mirava as possíveis vendas da trama no mercado internacional. Os lucros da importação seriam divididos entre o SBT e a Ronda Studios – cujo principal cartaz até então, A Estranha Dama, já havia sido negociada com 30 países, inclusive no Brasil, justamente no canal de Silvio Santos.

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Briga com estrela

Sônia Braga

Sônia Braga

– A surpreendente contratação de Sônia Braga parecia facilitar o ingresso do ‘Taxista’ no exterior. A imprensa especulou (e muito) sobre as regalias oferecidas pelo SBT à atriz, ausente das novelas desde Chega Mais (1980). Ela e Fábio seriam os únicos contratados pela emissora; o acerto dos demais se deu com a produtora.

– Não demorou muito para que as relações de Sônia com a Ronda Studios azedassem. Os responsáveis pela trama alegavam que Braga teria faltado às gravações realizadas em Florianópolis, Santa Catarina. E que teria tido uma conduta hostil para com os argentinos, enquanto gravou a novela por lá, ao varrer as ruas e praças da cidade – na época, ela participava do movimento “Loucos Varridos”, de conscientização ambiental.

– A atriz, por sua vez, alegou ter deixado a equipe por conta da má qualidade do texto, que não fora adaptado para a realidade brasileira. Também questionou o “tamanho” de sua personagem, praticamente alheia à trama central, e os atropelos da equipe.

Substituição

– Sônia Braga foi substituída por Branca de Camargo, que vinha de participações em As Noivas de Copacabana (foto abaixo, 1992) e Tropicaliente (1994). Branca já fazia parte do elenco: era Natália, amiga de Odile, papel de Sônia – que virou Claudine.

– Com a estreia, as acusações de Sônia passaram a ter sentido. A mera tradução de um texto do argentino Alberto Migré – autor do argumento de 2-5499 Ocupado, primeira novela diária do Brasil -, trouxe sequências absurdas como a do primeiro capítulo, em que a menina Zezé (Gabriela Foganholi) atende a um telefonema de Antonio e diz para Amélia (Elaine Cristina), irmã do taxista: “fala perfeitamente, é como se ele tivesse aqui do meu lado”. Parecia que o telefone, criado em 1860, era um artigo moderníssimo!

– Erros de continuidade também eram constantes. O táxi de Antonio, por exemplo, mudou de cor. Sem qualquer justificativa…

– O incômodo com a questionável qualidade do texto e da produção teria motivado a recusa do arrependido Fábio Jr. a gravar capítulos além do previsto. Embora a novela não fizesse sucesso, havia a atenção de esticá-la de 78 para 120 capítulos. Acabou com 82 – a mais curta das três produções lançadas em maio.

Escolha errada

Antônio Alves, Taxista

Antônio Alves, Taxista (Reprodução / SBT)

– Para participar da novela, Fábio recusou convite para O Fim do Mundo. Antes, também rejeitou proposta para Tocaia Grande (1995), da Manchete.

– O que levou o ator-cantor a topar a empreitada do SBT foi a possibilidade de interpretar um taxista, profissão de seu pai (assassinado durante a jornada de trabalho). Por sugestão de Fábio, o nome do protagonista foi alterado para Antonio (Tony). No original, era Rolando Rivas.

– Letícia Sabatella também chegou a ser chamada para a produção. A atriz havia passado recentemente pela Globo, como protagonista do remake de Irmãos Coragem (1995).

Nomes consagrados

Antonio Abujamra

Antonio Abujamra

– O elenco, aliás, trouxe nomes consagrados, como Antônio Abujamra (foto acima), Edney Giovenazzi, Elaine Cristina e Paulo Figueiredo. Também as estreias de Rodrigo Faro e Murilo Rosa, logo recrutados pela Globo e pela Manchete – em A Indomada (1997) e Xica da Silva (1996).

– Antonio Alves, Taxista ainda contou com uma participação de Adriane Galisteu, como passageira do táxi do mocinho. Os dois bateram um papo sobre Ayrton Senna, namorado da apresentadora, falecido em 1994.

– A sinopse partia do encontro de Tony com Devanildo (Serafim Gonzales). O empresário esquece uma valise de dólares no táxi. O bom mocinho devolve a quantia e ganha a proteção do milionário, que o incentiva a ir para São Paulo, atrás do seu sonho de cantar. Na “terra da garoa”, Antonio conhece Mônica (Guilhermina Guinle), jovem estudante que, em depressão, se atira do carro do taxista. Os dois se apaixonam, mas a moça precisa lidar com as investidas de Claudine, esposa de seu pai Humberto (Paulo Figueiredo), mulher do passado de Tony – que está de namoro como Tereza (Eliete Cigarini), sua vizinha costureira.

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Outras curiosidades

Antonio Alves Taxista

Guilhermina Guinle e Fábio Jr. em Antônio Alves, Taxista

– A novela contou com uma personagem soropositiva, Laura (Marcela Altberg).

– O lançamento trouxe uma campanha inusitada da W/Brasil, aproveitando-se do sucesso do Táxi do Gugu, quadro do Domingo Legal. O anuncio dizia: “Gugu, hoje à noite assista ao táxi do Fábio Jr”.

– Cerca de 10 capítulos de Antonio Alves, Taxista foram reprisados às 12h30, em novembro de 1996. O repeteco foi suspenso em razão da audiência pífia.

– Todas as outras investidas de Silvio Santos para a teledramaturgia do SBT acabaram indo por água abaixo, diante da fraca repercussão dos três horários de novelas e do revés que sofreu com a desistência de Benedito Ruy Barbosa, Glória Perez e Walther Negrão, que, já acertados com o SBT, atenderam ao chamado da Globo. Projetos como A Pantera, novela escrita por Vicente Sesso e estrelada por Marília Pêra, foram suspensos.

– Antonio Alves, Taxista também abriu caminho para o retorno das novelas mexicanas ao horário nobre do SBT. Maria Mercedes, o primeiro folhetim da trilogia de Thalia, substituiu.

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