A Globo enfrenta uma escassez de autores de novelas para seu horário nobre, que viu seu último grande sucesso com Pantanal, trama de Benedito Ruy Barbosa adaptada por Bruno Luperi. Gloria Perez, João Emanuel Carneiro e Walcyr Carrasco são os remanescentes dos tradicionais novelistas das 21h, faixa que já contou com nomes como Manoel Carlos, Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Silvio de Abreu.

Dira Paes, Marcos Palmeira e Camila Morgado
Dira Paes, Marcos Palmeira e Camila Morgado em Pantanal (Reprodução / Globo)

Ciente da falta de roteiristas tarimbados para assumir a complicada missão de escrever uma novela das 21h, a direção da emissora estaria cogitando seriamente repatriar alguns dos nomes dispensados recentemente.

Com isso, Silvio de Abreu e Aguinaldo Silva estariam nos planos da emissora para novos folhetins. Será que o canal se arrependeu de dispensá-los?

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Problema

Diego Martins e Amaury Lorenzo em Terra e Paixão
Diego Martins (Kelvin) e Amaury Lorenzo (Ramiro) em Terra e Paixão (Divulgação / Globo)

A fila de autores do horário nobre da Globo nunca esteve tão indefinida. Atualmente, o canal tem apenas o remake de Renascer (1993) como obra confirmada para substituir Terra e Paixão. O que vem depois é um grande mistério.

Por enquanto, Ricardo Linhares e Maria Helena Nascimento trabalham em O Grande Golpe, mas a novela ainda não foi oficializada. Há também um novo projeto de João Emanuel Carneiro, até aqui o mais cotado para substituir Renascer. Além disso, de acordo com o site F5, da Folha de S. Paulo, existem planos de um remake de Vale Tudo, que seria assinado por Manuela Dias.

Mas, por enquanto, tudo segue na base da especulação. Fato é que a Globo já não dispõe de um time estrelado de autores de novelas para contar, o que faz com que os projetos para a faixa fiquem cada vez mais escassos.

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Solução

Silvio de Abreu
Silvio de Abreu (Divulgação / Globo)

De olho nisso, a direção da Globo estaria considerando trazer medalhões de volta. De acordo com o portal Notícias da TV, o departamento comercial da emissora teria sugerido a Amauri Soares, atual diretor-geral dos Estúdios Globo, que procurasse Silvio de Abreu e Aguinaldo Silva, autores de grandes sucessos das 21h no passado.

Responsável por sucessos como Rainha da Sucata (1990) e A Próxima Vítima (1995), Silvio de Abreu se afastou das novelas após o remake de Guerra dos Sexos (2012) e assumiu o comando da direção de teledramaturgia da Globo, atualmente chefiada por José Luiz Villamarim. Ele deixou a emissora em 2020.

Já Aguinaldo Silva foi um dos autores mais produtivos da Globo entre os anos 1980 e 2010, e é o único medalhão do canal a assinar apenas novelas das 21h. Ele foi responsável por alguns dos maiores sucessos da emissora no horário, como Roque Santeiro (1985), Tieta (1989), Pedra Sobre Pedra (1992) e Senhora do Destino (2004). Silva também assinou Vale Tudo (1988), um clássico da teledramaturgia, com Gilberto Braga e Leonor Bassères.

Silva foi dispensado pela Globo em 2020, pouco tempo depois de assinar O Sétimo Guardião (2018), maior fracasso de sua carreira.

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Frila

Aguinaldo Silva e Wolf Maya
Aguinaldo Silva e Wolf Maya (Reprodução / Facebook)

Ainda de acordo com o NTV, caso os veteranos topassem retornar às novelas da Globo, teriam que se submeter aos contratos por obra. Ou seja, eles só seriam contratados pela emissora caso suas sinopses fossem aprovadas pela direção de teledramaturgia, assumindo um compromisso com o canal que valeria durante a novela.

O novo modelo de trabalho não seria muito vantajoso aos profissionais, já que eles teriam que elaborar uma sinopse e oferecer à emissora. Na prática, eles trabalhariam de graça, já que não haveria garantias de que o projeto seria aprovado.

Porém, é fato que a direção da Globo tem se preocupado bastante com o futuro de seus folhetins. Tanto que Amauri Soares teria solicitado aos autores que ainda estão na casa a apresentação de projetos populares, capazes de recuperar o prestígio das novelas da Globo. Além disso, o canal pretende retomar a Casa dos Roteiristas, uma espécie de oficina para lançar novos autores para a faixa das nove.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor