Nos últimos anos, o SBT não tem sido nem sombra da emissora que assustou a Globo em diversas ocasiões, especialmente no final dos anos 1980, meados dos anos 1990 e em 2001, com a Casa dos Artistas.
Apesar de já ter vivido diversas crises de audiência, dessa vez a situação parece ser bem séria. A pandemia de Covid-19 afastou Silvio Santos da telinha e sua emissora parece se enfiar num buraco sem fundo.
A emissora vem acumulando inúmeros vexames nas últimas semanas. No final de janeiro, após muitos investimentos, o Vem Pra Cá saiu do ar por ordem do animador. A atração, no ar há 10 meses, não alcançava a audiência desejada, mas, pelo menos, estava tendo bons resultados comerciais.
Tentativa de combater a Record no horário do almoço, o SBT Notícias foi extinto após pouco tempo no ar. O SBT chegou a ficar na quarta colocação do Ibope com o programa, que dificilmente passava dos dois pontos no Ibope.
Para o lugar da atração, foi colocado o Notícias Impressionantes, que não mudou muito o panorama.
Brilharecos
Em seguida, foi a vez de extinguir o Bom Dia & Cia, no ar desde o início dos anos 1990 e uma das únicas atrações voltadas para crianças na televisão abertas brasileira. Agora, o Primeiro Impacto entra no ar às 6 da manhã e vai até o meio-dia, em longas seis horas.
Nem mesmo as novelas mexicanas estão salvando a pátria do canal. O SBT, basicamente, tem vivido de brilharecos, como jogos importantes da Taça Libertadores da América e a novela Poliana Moça.
A emissora chegou a perder a vice-liderança para a Record a partir dos investimentos realizados pelo canal de Edir Macedo em 2004, mas conseguiu reequilibrar o jogo. No entanto, nos últimos tempos, a briga pela segunda posição vai ficando cada vez mais distante.
A Band, inclusive, se animou, com Faustão e outros investimentos de peso, a brigar por essa terceira colocação, mas ainda não incomoda seriamente, para sorte do SBT.
Possível venda
No final do ano passado, o colunista Guilherme Ravache, do site Notícias da TV, informou que Silvio Santos teria autorizado ao menos dois representantes a vender sua emissora – o valor giraria em torno de R$ 1 bilhão.
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No entanto, no mesmo texto, é informado que grupos de mídia nacionais e estrangeiros veem a emissora como um problema, já que foi formatada para vender os produtos do Grupo Silvio Santos. Seria uma quebra de paradigma de décadas, algo difícil e custoso de ser realizado.
Para complicar, o SBT não tem sistema próprio de streaming, apesar da forte presença no YouTube, onde tem milhões de visualizações, e de algumas parcerias para exibir suas produções. Como está sendo visto no caso da Globo, manter um pé nas novas formas de distribuição de conteúdo é fundamental para o futuro de uma organização de comunicação.
Posto tudo isso, fica a pergunta: será que o SBT vai conseguir sair do fundo do poço?
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Silvio Santos é um mestre e já conseguiu salvar sua emissora em outras oportunidades, mas em cenários totalmente diferentes: sem o peso da idade, sem a pandemia e sem a concorrência de fortes players como as plataformas de streaming.
O melhor cenário mesmo seja a venda do SBT para um grupo estrangeiro capacitado, por mais pesaroso que isso seja para seus fãs, que lembram, com saudosismo, da fase áurea do canal que se orgulhava de ser vice-líder da audiência. Seria uma baita injeção de oxigênio na televisão brasileira.
