André Santana

Vira e mexe, surge a notícia de que o SBT tem interesse em voltar a produzir novelas adultas. Preteridos em razão do sucesso das tramas voltadas ao público infantil, os folhetins “para maiores” poderiam ser uma boa alternativa para o horário nobre da emissora, atualmente sucateado com reprises em looping.

A Usurpadora

No entanto, a produção de novelas adultas no SBT sempre esbarra na falta de autores para a missão. Há nomes disponíveis no marcado, mas… Iris Abravanel, esposa de Silvio Santos, é a única novelista em atividade no canal atualmente, à frente dos trabalhos de Poliana Moça e de sua sucessora, que deve ser baseada no clássico Romeu e Julieta.

Cabe lembrar que, no passado, o SBT fez sucesso ao firmar um acordo com a mexicana Televisa para adaptar tramas de lá no Brasil. A partir dos textos dos dramalhões importados, a emissora reuniu um elenco brasileiro em seus estúdios e produziu uma série de folhetins de baixo orçamento, mas bons de audiência.

Pícara Sonhadora

Pícara Sonhadora (2001), Marisol (2002), Pequena Travessa (2002) e Canavial de Paixões (2003) foram algumas das novelas que alcançaram boa repercussão nesta fase da dramaturgia do SBT. Sendo assim, não seria má ideia a emissora voltar ao filão, até mesmo para aproveitar os bons resultados da reapresentação de Esmeralda (2004) e das produções dubladas da faixa Novelas da Tarde.

Gêmea boa x gêmea má

A Usurpadora

Esmeralda, aliás, foi um dos principais sucessos da década de 2000 no canal. Curiosamente, o SBT optou por produzir a própria versão de um enredo já muito conhecido do público brasileiro. Isso porque, quatro anos antes, o original mexicano com Letícia Calderón e Fernando Colunga ocupou o mesmo horário. Já nos anos 1990, Silvio Santos transmitiu Topázio, versão venezuelana da mesma obra.

Sendo assim, não seria má ideia a emissora apostar numa narrativa já conhecida do público brasileiro. A Usurpadora, por exemplo, seria uma aposta à prova de erros. Quem resistiria a acompanhar uma versão brazuca da história de Paola e Paulina, vividas originalmente por Gabriela Spanic?

Com a dispensa de boa parte do elenco da Globo, e sem grandes investimentos por parte da Record, o que não falta no mercado são nomes de apelo que poderiam encarnar as gêmeas da produção. Com a escalação certa, as versões nacionais da bondosa Paulina Martins e da pérfida Paola Bracho poderiam ser um sucesso. E vale lembrar que histórias de gêmeos sempre funcionam muito bem por aqui…

Vale a pena ver de novo

Rubi

Além de A Usurpadora, há outros títulos que já passaram por aqui que renderiam uma boa versão brasileira. Um delas é Rubi, que traz uma protagonista-vilã capaz de tudo para se dar bem. Trata-se de uma trama instigante e cheia de reviravoltas, que teria boas condições de agradar ao público brasileiro.

Na mesma linha, uma adaptação nacional de A Madrasta também viria a calhar. A trama, estrelada pelos astros Victoria Ruffo e César Évora, mistura o dramalhão clássico com o famigerado “quem matou?”, num enredo bastante envolvente.

Marimar

Outro folhetim com condições de atingir o público brasileiro é Marimar. O SBT já exibiu a versão com Thalia, que formava a famosa “trilogia das marias”, e também um remake recente, Coração Indomável, que rendeu excelentes índices de audiência. Assim, o enredo “made in Brazil” também agradaria.

Mas que tal apostar num clássico “das antigas”? A sombria Ambição (Cuna de Lobos, no original) trazia a icônica vilã Catarina Creel (María Rubio), a famosa malvada que ostentava um tapa-olho sempre combinando com o vestido. Com a atriz certa, a versão nacional de Ambição, sem dúvidas, se tornaria um fenômeno.

[anuncio_5]

Textos inéditos

La Tempestad

O SBT também poderia surpreender o público e apostar em textos inéditos no Brasil. A Tempestade, por exemplo, é um dramalhão clássico que traz as gêmeas Marina e Madalena como protagonistas (vividas por Ximena Navarrete).

Outra opção interessante não é exatamente inédita no Brasil, já que faz parte do catálogo do Globoplay… Império de Mentiras é um novelão bem interessante, cuja versão brasileira poderia render.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor