“A concorrência vai tremer”. Foi assim, praticamente intimidando as “rivais”, que o SBT lançou a grade de programação de 2007 – cuja principal atração era a novela Maria Esperança, que estreava há exatamente 15 anos, em 26 de março daquele ano.

Tratava-se de mais uma investida de Silvio Santos para retomar a vice-liderança perdida para a Record. Em meio às sucessivas mudanças de grade, o “homem do Baú” se indispôs com a imprensa, determinando a suspensão da divulgação de informações sobre o canal.

Maria Esperança, óbvio, padeceu com a medida. A produção, estrelada por Bárbara Paz, surgiu do desejo do “patrão” de emplacar versões nacionais da “trilogia das Marias” – as mexicanas Maria Mercedes, Marimar e Maria do Bairro, todas estreladas por Thalia.

Investimentos

O plano, audaciosa, incluía transformar em Bárbara na voz das novelas, tal qual a diva latina, o que levou o SBT a pagar um curso intensivo de canto e designar um produtor musical para acompanhar a atriz, visando gravação de CD e shows. A investida, contudo, se limitou a abertura, na qual Paz entoava um rap.

Da mesma forma, a “trilogia” se limitou a esta primeira produção, que nasceu de forma um tanto quanto conturbada.

Explica-se: a substituta imediata de Cristal (2006) seria A Mentira, também um texto mexicano – cuja versão original foi exibida pelo SBT em 2000 e adaptada, por fim, em 2012, como Corações Feridos.

Para cobrir o buraco entre uma novela e outra, o SBT esticou os capítulos de A Feia Mais Bela e Rebelde. Contratou então o autor Yves Dumont, com passagem pela Record e pela Globo, para traduzir a juvenil Confidente de Secundária.

Regravações

Quando o texto começou a deslanchar, veio a opção por Maria Mercedes. Por imposição de Silvio, o título foi alterado, a princípio, para Maria Aparecida. Depois, para o definitivo Maria Esperança.

A troca obrigou a equipe a regravar boa parte das cenas dos primeiros capítulos. E para evitar novos problemas da mesma ordem, optou-se por tratar a protagonista apenas por Maria – o tema de abertura, inclusive, não faz alusão a ‘Mercedes’, ‘Aparecida’ ou ‘Esperança’.

Maria, simplesmente, era uma moça humilde que vendia bilhetes de loteria nas ruas para sustentar o pai alcoólatra Ramiro (Walter Breda), os irmãos arrivistas Guilherme (Daniel Morozzeti) e Isabel (Greta Antoine) e o caçula André (Rafael Chagas), seu único apoio.

Sua vida muda radicalmente quando conhece o milionário Santiago (Nico Puig), que lhe propõe casamento, evitando deixar sua herança para a tia Malvina (Tânia Bondezan) e os primos Beatriz (Vanessa Goulart) e Eduardo (inicialmente oferecido a Iran Malfitano; depois entregue a Ricardo Ramory).

Eduardo, que passou por um grande trauma ao perder a noiva no dia de seu casamento, acaba se envolvendo com Maria, por orientação da mãe. Os dois, contudo, se apaixonam verdadeiramente. A protagonista ainda tem de lidar com o regresso da mãe, Maria Helena (Ângela Figueiredo), que a abandonou para fazer a vida nos Estados Unidos.

Norton Nascimento

Maria Esperança foi o último trabalho do ator Norton Nascimento, intérprete do ex-lutador de boxe Nocaute, acometido por uma patologia cardíaca em dezembro de 2007.

Como praticamente todas as atrações que estrearam no SBT em março de 2007 – como Você é o Jurado, com Ratinho, e o SBT Realidade, com Ana Paula Padrão – Maria Esperança não foi bem.

Surpreendente, a trama registrou mais audiência em sua segunda reprise, às 15h30 (entre março e julho de 2015), do que no horário nobre, às 19h15, em 2007.

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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.