SBT encosta na Record, mas Silvio Santos deve pôr tudo a perder

Como deve ser complicado trabalhar na equipe que define as estratégias de programação e audiência do SBT. Isso porque todos os projetos e táticas vão por água abaixo após decisões que beiram as loucuras, advindas do mais absoluto nada, da parte de Silvio Santos.

Aos 91 anos, o dono do Baú segue comandando o canal, passando por cima de toda a diretoria quando lhe convém. Foi o que se viu na última semana, quando ele retomou o Casos de Família, interrompeu a reprise de Carrossel (2012) e promoveu a estreia de Os Pequenos Johnstons.

SBT x Record

A grande maioria dos desmandos de Silvio atrapalha completamente a rede na briga pela vice-liderança, não somente em São Paulo, principal praça comercial, como no PNT (Painel Nacional de Televisão) que apresenta os resultados das emissoras a nível nacional.

Em janeiro, por exemplo, a rede da Anhanguera e sua principal concorrente, a Record TV, registraram empate técnico. Na ocasião, o placar foi de 4,3 para o canal de Edir Macedo versus 3,8 – 4 para cada, por critérios de arredondamento.

A situação piorou em fevereiro, com a concorrente isolada no segundo lugar: 4,1 x 3,2. Naquele momento, o desempenho aquém das expectativas da grade de sábado e o insucesso do Bom Dia e Cia, em crise de formato e audiência, puxou a média para baixo. O resultado se repetiu entre março e junho.

A guinada do canal de Silvio Santos

No mês de julho, a Record foi aplacada por uma crise nos números que assolou o horário nobre, com Todas as Garotas em Mim e Ilha Record, e o Balanço Geral SP – atingido pelas reprises de Carrossel e Esmeralda (2004) no SBT e O Cravo e a Rosa (2000), na Globo.

O resultado foi apertadíssimo. Enquanto o canal de Silvio Santos assinalou 3,2 pontos, o de Edir Macedo fechou com 3,4. Em agosto, as duas estações seguiram próxima, com acréscimo de 0,1 décimo nos índices. Foram 3,5 para a Record ante 3,3 do SBT.

Colabora, patrão!

O que poderia ser um respiro, e a possibilidade de voltar a brigar de igual para igual com a concorrente, não deve dar em nada… Silvio Santos acordou após o “sono” de quatro meses disposto a ditar as leis dentro de seu canal – que, certamente, irá sofrer com as decisões sem critério do patrão.

Carrossel e Esmeralda elevaram os números da faixa em que são exibidas. O SBT marcava 2 pontos, agora chega com facilidade aos 5. O Casos de Família, que jogava as conquistas dos folhetins por água abaixo, estava prestes a virar saudade…

Com apenas um telefonema, conforme ventilado na imprensa, Silvio retalhou Carrossel, suprimindo 100 capítulos da obra, resgatou a atração de Christina Rocha e determinou a exibição do chamado “programa dos anões”, que, por enquanto, ainda não fez feio nos índices.

Surpresas nada agradáveis…

Fato é que as decisões de Silvio Santos podem, mais uma vez, impactar negativamente a audiência do SBT. Se o Casos de Família seguir derrubando os índices das novelas reapresentadas no início da tarde, a média-dia tende a cair de novo. E Esmeralda vai conseguir sobreviver caso receba em baixa?

Tem isso, também: as chamadas de Maria Esperança (2007), substituta de Esmeralda, sumiram da programação. Será que o homem do Baú pretende sacar mais um coelho nada fofo de sua surrada cartola e pôr fim às reapresentações que elevaram consideravelmente os números?

As novelas, aliás, poderiam socorrer as afiliadas que completam a programação local com a série Henry Danger, anotando índices baixíssimos – entre 1 e 2 pontos. Silvio Santos não deve pensar nisso… O objetivo dele, ao que tudo indica, é danificar o que vai bem e deixar os remendos a cargo da direção.