Salve-se Quem Puder estreava há um ano na Globo, mas duraria pouco

27/01/2021 às 0h20

Por: Sergio Santos
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O termo “Um furacão passou pela minha vida” costuma ser muito usado pelas pessoas na hora do perrengue. É aquele momento em que sua rotina vira de cabeça para baixo e fica até difícil pensar no futuro. O autor Daniel Ortiz resolveu colocar a famosa expressão de forma literal em Salve-se Quem Puder, novela das sete da Globo, dirigida por Fred Mayrink, que estreava há exatamente um ano, em 27 de janeiro de 2020, com a difícil missão de manter os altíssimos índices da primorosa Bom Sucesso.

Desde o começo, deu para perceber que a essência será de uma comédia farsesca e até infantil. A estreia provou. Era a primeira vez que Daniel escrevia uma produção de sua autoria – Alto Astral era baseada na sinopse da saudosa autora Andrea Maltarolli e Haja Coração, atualmente no ar em edição especial, era um remake de Sassaricando, de 1987.

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Juliana Paiva, Deborah Secco e Vitória Strada são as protagonistas da novela, prometendo muitas cenas engraçadas ao longo dos meses, embora virem fugitivas de uma assassina chefe de quadrilha. Há um quê de Três Patetas, onde uma é a mais burra, a outra a mal-humorada e a última a inteligente.

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Os sonhos de Luna (Juliana), Alexia (Deborah) e Kyra (Vitória) foram interrompidos quando elas presenciam a execução de um juiz (vivido por Ailton Graça) e são obrigadas a viver sob custódia do Programa de Proteção à Testemunha. Para sobreviver, elas mudam o nome, a aparência, o estilo de vida e vão morar na fictícia Judas do Norte, no interior de São Paulo, depois que são dadas como mortas. Luna assume o nome de Fiona, Alexia vira Josimara e Kyra é Cleyde, novas pessoas com um padrão de vida bem diferente.

Elas são acolhidas por uma família protetora – João Baldasserini e Grace Gianoukas estão no núcleo, mas os caipiras não sabem nada sobre o passado delas – e precisam seguir regras rígidas para permanecerem no programa. A primeira é a interrupção imediata de qualquer tipo de contato com conhecidos, por isso, celulares e redes sociais são proibidos, assim como frequentar lugares do passado.

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O primeiro capítulo apresentou a narrativa comum nas séries americanas, mas que também já virou um clichê das novelas: exibir uma determinada sequência emblemática para depois voltar no tempo. Foi mostrado o exato momento do sequestro das mocinhas em meio ao furacão, que ironicamente acaba salvando as três em virtude do capotamento do carro por conta da queda de um poste. Logo depois, o tempo retrocedeu para a apresentação das protagonistas.

Luna já teve a relação estremecida com o ex, Juan (José Condessa), exposta por conta de uma traição do rapaz no passado. O conflito envolvendo o mistério com o sumiço de sua mãe (Helena – Flávia Alessandra) também. Já a trajetória de Alexia tem um quê de Silvana Nolasco (Ingrid Guimarães) e não por acaso houve um ‘crossover’ com elas no final de Bom Sucesso. A personagem sonha em ser uma atriz famosa, mas está sempre envolvida em situações vexatórias na carreira.

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O maior destaque desse começo foi Kyra. Vitória Strada finalmente teve a chance de mergulhar na comicidade e diferenciar a protagonista das duas últimas mocinhas dramáticas que viveu em Tempo de Amar e Espelho da Vida. Porém, é um tipo bem caricato e todo cuidado é pouco para não cair em um exagero desnecessário. A personagem é claramente burrinha e um poço de trapalhadas.

O autor abusou dos tropeços e bobagens feitas por ela, então ficou impossível a atriz fugir do ‘over’. Até porque mesmo uma pessoa atrapalhada não pode ser assim 24 horas por dia e foi o que aconteceu na estreia – a sequência da queda do avião foi constrangedora e não era o momento para humor por conta do quase assassinato do juiz, um contexto que deveria ser sério.

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Salve-se Quem Puder estreou com uma proposta completamente diferente da novela anterior. Daniel Ortiz não fez questão de camuflar sua intenção: apresentar uma história de comédia escrachada e situações infantis, características já vistas em muitos folhetins da faixa.

O que ninguém contava era que a trama, ainda em seu início, agradável e com ótimos índices de audiência, fosse interrompida pela pandemia causada pelo novo coronavírus, saindo do ar em 28 de março.

A novela deverá retornar em breve para exibição do desfecho, já totalmente gravado. Terá algumas baixas, como José Condessa, que voltou para Portugal. Ortiz precisou reescrever capítulos e fazer muitas mudanças na trama, tirando alguns personagens e incluindo outros. Nos resta aguardar para ver como vai ficar essa salada.

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