Saída de chefão pode repetir maior dança das cadeiras já feita na Globo

William Bonner no Jornal Nacional (Reprodução / Globo)

William Bonner no Jornal Nacional (Reprodução / Globo)

O mundo televisivo foi pego de surpresa nesta terça (29): após 14 anos como diretor de jornalismo da Globo, Ali Kamel vai deixar a emissora no fim deste ano. A partir de primeiro de janeiro de 2024, Ricardo Villela assume o posto.

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William Bonner no Jornal Nacional (Reprodução / Globo)

Entre 1995 e 1996, a emissora passou por uma dança das cadeiras parecida após mudança de comando, o que mexeu com o jornalismo da casa para sempre – uma das novidades foi a ida de William Bonner (foto acima) para o Jornal Nacional.

Um novo nome

Alberico Souza Cruz (Divulgação / Globo)

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Desde 1989, Alberico Souza Cruz era o chefe do jornalismo da Globo, que ficava a cargo de Armando Nogueira. Quando a emissora completou 30 anos, em 1995, foram anunciadas grandes mudanças na direção do canal.

Evandro Carlos de Andrade, então diretor do jornal O Globo, assumiria o jornalismo a partir de 1996. Boni, então vice-presidente de operações, perdeu o controle do jornalismo.

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Evandro responderia diretamente a vice-Presidência Executiva, que era de Roberto Irineu Marinho, filho de Roberto Marinho.

O diretor de jornalismo não teria que passar as mudanças do Fantástico ao seu criador – Boni foi um dos idealizadores do dominical que entrou no ar em 1973. Mas a grande mudança mesmo seria no Jornal Nacional.

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Mudança histórica

Galvão Bueno, Lilian Witte Fibe e William Bonner no Jornal Nacional (Divulgação / Globo)

Comandado por Cid Moreira e Sérgio Chapelin, o principal noticiário do país tinha dois locutores que não faziam parte da elaboração do jornal. Evandro determinou, então, que William Bonner e Lillian Witte Fibe seriam os novos apresentadores e editores do noticiário, participando de forma efetiva da criação do JN.

Pesquisas apontavam que Cid era o apresentador com maior credibilidade da TV, mas, mesmo assim, as mudanças foram implementadas, buscando rejuvenescer o telejornal e dar mais dinamismo.

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Revolução que deu certo

Gloria Maria e Pedro Bial no Fantástico (Divulgação / Globo)

Além do JN, outros noticiosos passaram por mudanças: o Bom Dia Brasil ficou mais próximo do espectador, deixando de ser um jornal analítico, com mais espaço para a mulher e outros assuntos.

“Nós tentamos conquistar as mulheres, mas uma parte do ‘Bom Dia Brasil’ tem um foco, vamos dizer, no interesse feminino. Simplesmente resolvemos melhorar o telejornal, torná-lo um programa mais interessante, abrangente, dinâmico e variado. Diria que a audiência foi multiplicada, em média, por quatro”, disse Evandro a Folha de S. Paulo em 21 de abril de 1996.

Já o Fantástico deixou de ter três apresentadores e apostou na figura de Pedro Bial, que além de apresentar, fazia reportagens. Ao seu lado, ficou Glória Maria, que também atuou como repórter. A atração ganhou mais rapidez e interatividade.

O jornalismo local ganhou mais tempo e investimento, colocando o Globocop no ar e apostando no jornalismo comunitário e factual. Em São Paulo, o SP Já foi substituído pelo SPTV.

Novidades em 2024

Ali Kamel (Divulgação / Globo

Evandro Carlos de Andrade faleceu em 25 de junho de 2001, aos 69 anos, vítima de policitemia, doença hematológica rara responsável por aumentar a produção de glóbulos vermelhos. Em seu lugar, ficou Carlos Henrique Schroder, que cedeu a direção a Kamel em 2009.

Agora, com Ali Kamel deixando o posto, Ricardo Villela assumirá a vaga. Até então, o profissional respondia Direção Executiva de Jornalismo da Globo.

Segundo carta aberta de Paulo Marinho, Diretor-presidente da Globo, a mudança vem de um desejo de Ali Kamel, que pretende desacelerar após 34 anos dedicado a funções executivas no Grupo.

O profissional estaria cansado da rotina diária que, ao longo dos anos, incluiu a cobertura de seis eleições presidenciais e cinco municipais, bem como diversos projetos, como Caravana JN, JN no Ar, O Brasil que eu quero para o futuro e Brasil Em Constituição. De acordo com a nota, foi de Kamel, em 2002, a ideia de entrevistar os candidatos à presidência durante o Jornal Nacional, algo até então inédito.

Ali Kamel, a convite de João Roberto Marinho, assumirá a posição criada exclusivamente para ele: Coordenador do Conselho Editorial do Grupo Globo.

Com a mudança, Miguel Athayde, atual diretor da GloboNews, assume a diretoria-executiva de jornalismo. Vinícius Menezes, responsável pela direção regional de jornalismo, ficará à frente da GloboNews.

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