Saída de autor complica projeto de novelas de concorrente da Globo
19/03/2023 às 16h18
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Parecia que a teledramaturgia da Globo finalmente tinha encontrado uma concorrente à altura. Quando anunciou a contratação de Silvio de Abreu como produtor executivo de telesséries (“mas pode chamar de novelas”), a HBO Max sinalizou que tinha um sólido plano para concorrer de igual para igual com a emissora líder de audiência.
Divulgação / GloboPorém, dois anos depois, o sonho acabou. Sem conseguir tirar nenhum projeto do papel, Silvio deixou a Warner Bros. Discovery, o que tornou o futuro das novelas da HBO Max ainda mais obscuro.
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Know-how
Em 2021, a HBO Max entrou de cabeça na produção de novelas. O streaming da Warner entendia a importância do gênero para o público latino e via nestas produções uma boa oportunidade de angariar novos assinantes em toda a América Latina. Assim, a gigante do entretenimento se cercou de gente com gabarito para tocar um projeto aparentemente sólido de dramaturgia.
Chegaram Silvio de Abreu, Monica Albuquerque e Edna Palatnik, ex-nomes fortes da Globo. Em seguida, foi anunciada a primeira produção brasileira, Segundas Intenções, depois rebatizada como Beleza Fatal. O projeto tinha mais grifes: o texto era de Raphael Montes, festejado por conta do sucesso de Bom Dia Verônica na Netflix. A direção era de Joana Jabace, que vinha da elogiada Segunda Chamada na Globo.
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O elenco? Mais grifes ainda! Camila Pitanga, Alice Wegmann, Daniel de Oliveira, Reynaldo Gianecchini e Antonio Fagundes eram apenas alguns dos vários nomes escalados para o elenco da atração. Ou seja, a HBO Max queria uma trama com cara de Globo, mas sob a chancela da HBO, reconhecida produtora de séries. Tinha tudo pra dar certo.
Naufrágio
No entanto, dois anos depois, ficou claro que a HBO Max deu um passo maior que a perna. Na ânsia de concorrer com a Netflix e penetrar o mercado latino, a plataforma parecia disposta a se endividar e investir pesado no projeto. Mas a fusão da Warner com a Discovery colocou freio no plano quase suicida.
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Os projetos, então, foram suspensos. Hoje, a Warner afirma que as novelas vão sair do papel. No entanto, ainda não há qualquer previsão quanto à data para que isso aconteça. Ao que tudo indica, a HBO Max busca parcerias para viabilizar a produção de Beleza Fatal. Recentemente, Patrícia Kogut informou, no jornal O Globo, que a empresa tentou um acordo com uma produtora portuguesa, sem sucesso.
Em suma: parecia que a Warner tinha um caminhão de dinheiro à disposição para colocar de pé seu departamento de novelas. Anos depois, está claro que não é bem assim. A saída de Silvio de Abreu, neste contexto, demonstra que o executivo cansou de esperar e preferiu voltar ao mercado. Sem exclusividade com a HBO Max, Abreu está livre para emplacar trabalhos em outras plataformas.
Ilusão
Para o mercado, a notícia é ruim. Como a HBO Max parecia que entraria com força na teledramaturgia, a impressão que dava é que a Globo não estava mais sozinha na produção de novelas e séries de qualidade no Brasil. Seria uma alternativa interessante para absorver tantos talentos dispensados pela própria Globo nos últimos anos.
Com o SBT e a Record cada vez mais distantes da concorrência com a líder de audiência, um projeto como o anunciado pela HBO Max parecia ser o início de uma nova era na concorrência. Seria Globo, Netflix, HBO Max e cia disputando talentos e fomentando a produção audiovisual brasileira.
Infelizmente, tudo não passou de ilusão. Pode até ser que Beleza Fatal saia do papel, mas será em condições bem diferentes das anunciadas inicialmente. Uma pena.