A telenovela é uma instituição nacional, principalmente as tramas exibidas pela Rede Globo. Desde 1965 no ar, a emissora já produziu mais de 300 novelas, boa parte delas mostrada no principal horário, que era das oito e, há alguns anos, é das nove.

Com o anúncio da suspensão de Amor de Mãe em plena exibição, por conta da pandemia do coronavírus, e sua substituição por um compacto de Fina Estampa, a emissora vive uma situação que aconteceu poucas vezes. A primeira delas ocorreu em 27 de agosto de 1975, quando a Censura proibiu a estreia de Roque Santeiro, de Dias Gomes.

A trama, que já contava com frente de capítulos e chamadas no ar, foi limada da grade pouco antes de entrar no ar, com direito a um editorial lido por Cid Moreira, no Jornal Nacional, condenando a atitude do governo.

Para tapar o buraco, a emissora colocou no ar um compacto de Selva de Pedra, sucesso de 1972, e produziu, com praticamente o mesmo elenco, a toque de caixa, Pecado Capital, de Janete Clair, que estreou em 24 de novembro de 1975 e obteve grande êxito.

A situação voltou a ocorrer menos de dois anos depois, no final de 1976. Dez dias antes de estrear Despedida de Casado, de Walter George Durst, no horário das dez da noite, a emissora foi informada pela Censura de que a estreia não poderia ocorrer em 3 de janeiro de 1977. No lugar, um compacto de O Bem-Amado, de 1973. Em seguida, estreou a inédita Nina, que não foi bem.

Outra situação ocorreu em novembro de 1986, quando a produção de Direito de Amar estava atrasada por conta de problemas da emissora com o Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Rio de Janeiro. A solução foi exibir um compacto de Locomotivas, de 1977, durante três meses, antes de estrear a trama das seis, de Walther Negrão.

A última ocorrência do gênero envolvendo novelas da Rede Globo foi em 1996, quando O Fim do Mundo, que seria uma minissérie, foi transformada em trama das oito de 35 capítulos, a menor do horário já exibida, para cobrir atrasos na produção de O Rei do Gado, que estreou em 17 de junho daquele ano.


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Thell de Castro

Apaixonado por televisão desde a infância, Thell de Castro é jornalista, criador e diretor do TV História, que entrou no ar em 2012. Especialista em história da TV, já prestou consultoria para diversas emissoras e escreveu o livro Dicionário da Televisão Brasileira, lançado em 2015 Leia todos os textos do autor