Mauro Mendonça, o Gonçalo de A Favorita (2008), acumula papéis importantíssimos em seus muitos anos de carreira. Mineiro de Ubá, o veterano pode ser visto de segunda a sexta-feira na reapresentação da novela em Vale a Pena Ver de Novo.

A Favorita

Envolvido com arte desde os anos 1950, Mauro integrou duas das companhias teatrais de maior prestígio do país: Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e Oficina. No cinema, participou de Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976).

As primeiras novelas vieram na década de 1960. A estreia foi com Corações em Conflitos, de Ivani Ribeiro. De lá para cá, Mendonça respondeu por tipos inesquecíveis, como o vilão Rui Novaes, de Anjo Mau (1997).

Mesmo personagem, tempos diferentes

A Muralha

Em 1968, aos 37 anos, Mauro Mendonça viveu o bandeirante Dom Braz Olinto na novela A Muralha, adaptação de Ivani da obra de Dinah Silveira de Queiroz.

“Dom Braz tinha uns 70 anos, era um velho. Precisei fazer uma caracterização: cabeleira, barba, tudo postiço. Como a televisão era preto e branco e não tinha muita definição, o personagem ficava mais ou menos crível”, contou ao Memória Globo.

Nos anos 2000, o ator voltaria a interpretar o mesmo papel, na minissérie homônima, adaptada por Maria Adelaide Amaral, então com a idade do personagem. Mauro deixou a Excelsior após atuar em Sangue do meu Sangue (1969), seguindo para a Record e, posteriormente, a Tupi. A chegada na Globo, onde se mantém até hoje, ocorreu em 1973.

Trajetória de sucesso

Estúpido Cupido

Mendonça passou por todos os horários da casa. Às 19h, brilhou com Estúpido Cupido (1976) e Feijão Maravilha (1979). Na faixa das oito, participações em Espelho Mágico (1977) e Dancin’ Days (1978). Às 22h, destaque para O Espigão (1974) e O Rebu (1974).

Em 1980, o ator foi encarregado do trambiqueiro Evaldo, de Água Viva, assinada por Gilberto Braga – com quem esteve em Louco Amor (1983), na pele do boa-praça André Dumont. Ainda, dois êxitos às 18h: A Gata Comeu (1985) e Sinhá Moça (1986), como Horácio Penteado e Dr. Fontes.

Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça

Na década seguinte, logo após o Rui de Anjo Mau, encarnou o pastor Bilac, que debateu a intolerância religiosa em Meu Bem Querer (1998) – a partir do fanatismo do discípulo Juliano (Leonardo Brício) e da amizade com o padre Ovídio (Cláudio Corrêa e Castro). Ainda, minisséries como Incidente em Antares (1994) e Engraçadinha (1995).

Mauro Mendonça tornou-se ainda mais requisitado nos anos 2000, quando emplacou o Coronel Justino, de Cabocla (2004), e Gonçalo Fontini, de A Favorita. Spoiler: a cena em que Flora (Patrícia Pillar) “induz” o milionário à morte é uma das mais marcantes do folhetim.

Fora do ar

Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça

Aos 91 anos, Mauro encontra-se afastado da TV – o último trabalho foi Eta Mundo Bom! (2016). Vira e mexe, ele surge em posts do Instagram da companheira Rosamaria Murtinho. Os dois estão casados desde 1959.

“São 60 anos juntos, três filhos e muitas batalhas, mas ninguém ganhou a guerra. A gente brigava muito. (…) Teve um hiato no meio. Saí de casa. Mas foi um período muito curto. Meu negócio é família. Foi até bom porque deu reflexão de ambos os lados”, contou ele à revista Quem, em 21 de novembro de 2019.

Na mesma publicação, Mendonça contou que os dois, em comum acordo, decidiram dormir em quartos separados:

“Todos os dois aprenderam a moderar o seu comportamento, o espaço de cada um passou a ser mais amaciado. Por isso não dou dica aos casais que me perguntam o segredo de sucesso de um casamento. Cada um que viva sua vida e parta para a solução. Rosa é o amor da minha vida!”.

O casal tem três filhos: o diretor Mauro Mendonça Filho, o ator Rodrigo Mendonça e o produtor musical João Paulo Mendonça.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor