Longe da televisão desde 2013, Lúcia Alves está internada desde o dia 19 de agosto no Hospital São Lucas, em Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ). A atriz luta contra um câncer de pâncreas. A informação foi divulgada inicialmente pela colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo.

Lucia Alves

Dona de um dos rostos mais carismáticos da nossa televisão, a mineira Lúcia Alves iniciou sua carreira artística no cinema, atuando no filme Um Ramo para Luíza, em 1965. A primeira novela em que trabalhou foi na Tupi, Enquanto Houver Estrelas (1969). Sua estreia na Globo veio em Verão Vermelho (1969).

No entanto, o papel que a consagrou foi o da índia Potira, na primeira versão de Irmãos Coragem, em 1970. Nos anos seguintes, emendou várias obras, como O Homem que Deve Morrer (1971), Bicho do Mato (1972), A Patota (1972), O Semideus (1973) e Carinhoso (1973).

Outros papéis de destaque

Claudio Cavalcanti e Lucia Alves

Em 1975, Lúcia teve a oportunidade de ser a protagonista de Helena, novela das seis de Gilberto Braga, escrita a partir do romance homônimo de Machado de Assis. Depois, vieram Senhora (1975), O Feijão e o Sonho (1976), Nina (1977), Pecado Rasgado (1978) e Os Gigantes (1979).

Na década de 1980, mais um papel de sucesso, a despachada modelo Veroca da comédia Plumas e Paetês. Outro personagem de destaque foi a Clarita, em Jogo da Vida (1981), além da Nicole, da primeira versão de Ti-Ti-Ti (1985).

Após uma passagem pela Manchete, em que participou da novela Kananga do Japão (1989), a atriz retornou à emissora carioca para mais uma atuação popular, Moema Paranhos, de Barriga de Aluguel (1990).

Papeis menores

Lucia Alves

Através dos anos, a atriz passou a ser chamada para papéis cada vez menores na telinha, como em Tropicaliente (1994), Irmãos Coragem (1995), O Fim do Mundo (1996), Mulher (1998), O Cravo e a Rosa (2000).

No SBT, atuou em Uma Rosa com Amor (2010). Na época, foi divulgado na imprensa que ela teria deixado a trama de Tiago Santiago devido ao seu temperamento difícil. Porém, em entrevista ao Ego, em 2012, Lúcia desmentiu as afirmações.

“Eu não saí da novela. Eu fiz a novela até o fim. O diretor (Del Rangel) é que saiu. Fiquei lá o tempo inteiro e não briguei com o diretor. Se ele brigou comigo, nem fiquei sabendo. Só soube disso pelo jornal”, explicou.

Joia Rara, de 2013, foi, até o momento, seu último trabalho em novelas. No entanto, ela não ficou parada. Esteve em 12 filmes e 16 peças de teatro ao longo de sua vitoriosa carreira.

Pintora e escritora

Lucia Alves

Hoje longe dos holofotes, Lúcia Alves, que além de atriz é fonoaudióloga e assessora de comunicação, tem se dedicado às artes de uma nova forma: como pintora e escritora.

Numa entrevista ao jornal Extra, em 30 de novembro de 2014, ela explicou:

“Comecei a pintar por volta dos anos 2000, o estilo é abstrato e, na época, fiz três exposições. Cheguei a vender uns quadros”, disse a artista, que ainda escreveu um livro intitulado Ataque Bipolar. “Escrevi em 2002. Como tem um estilo próprio e o texto não tem pontuação, não é qualquer editora que vai publicá-lo”, completou.

Contudo, quem a vê assim, transbordando alto astral, não imagina que ela passou por um momento complicado e chegou a ter depressão. Ela precisou fazer uso de medicamentos para amenizar a tristeza.

“Já tive depressão, claro, quem não teve? Bastante forte por sinal. Depressão a gente segura com remédio. Esta gente que diz que segura depressão correndo na esteira é louca. (…) Tem que tomar remédio para ajudar. Além disso, você precisa criar um ambiente harmônico. O depressivo cria um ambiente desarmônico em torno dele. Remédio é para momento de crise, você toma e depois para”, afirmou ao Ego.

Saudades da televisão

Osmar Prado e Lucia Alves

Moradora do bairro de Ipanema, Lúcia Alves atualmente tem 73 anos e casou a única filha, Renata, em 2014.

A artista confessou que sente saudades de participar de trabalhos na televisão, mas que, infelizmente, não surgem mais convites devido à sua idade.

“Se você não está na TV, as pessoas acham que você está mal. Me perguntam: ‘você está morando aonde? ’ Como se tivesse na merda. Não passo necessidade. O fato é que não pintam papéis para a minha idade, perdi contatos na Globo e os autores são novos”, disparou. “As coisas não acontecem tão freneticamente como antes, mas eu estou bem”, completou.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor