Imagine a seguinte cena: você trabalha ou tem conta em um banco e descobre que ele faliu quando está assistindo ao Jornal Nacional, atualmente comandado por William Bonner e Renata Vasconcellos. Foi isso que aconteceu com uma famosa instituição financeira do Brasil.
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Muitas instituições financeiras patrocinaram o Jornal Nacional ao longo dos anos. O nome do noticioso vem do Banco Nacional, que marcou época ao patrocinar o principal telejornal do país e o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna.
O Comind entra na seleta lista de anunciantes do JN. Mas, mesmo com toda visibilidade e tamanho, o banco não aguentou a crise e foi fechado.
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O banco da elite
Fundado em 1889 por grandes lavradores e capitalistas da elite cafeeira paulista, o Banco do Commércio e Indústria de São Paulo S.A. era uma das instituições financeiras mais antigas do país.
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Comind era muito conhecido no estado de São Paulo, e apostava firme na poupança, que na época era o principal investimento do brasileiro, batendo de frente com o Banespa.
O investimento no marketing era forte, e o banco fechou um acordo com os detentores dos personagens Charlie Brown e Snoopy, que viraram garotos-propaganda da instituição, estrelando comerciais divertidos.
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Invadindo o Brasil
O crescimento em esfera nacional veio mesmo em 1982 com a compra do Banco Residência S.A., com sede no Rio de Janeiro. A instituição se tornou o quinto maior banco do país, ficando apenas atrás de gigantes do setor, como Bradesco e Itaú.
A expansão do banco fez com que a marca se espalhasse pelo Brasil, em comerciais no horário nobre. O ponto alto foi quando patrocinou o Jornal Nacional em 1984, substituindo o logo da Globo no top de 8 segundos.
A frase “Comind, o banco que há 94 anos cuida bem de seu dinheiro” foi ouvida por milhões de brasileiros que acompanhavam as notícias do Brasil e do mundo no JN.
A liquidação
Em novembro de 1985, mesmo com toda a força que tinha, o banco sofreu uma intervenção do Banco Central junto com outras duas instituições: Auxiliar e Maisonave. Fraudes fiscais, má gestão financeira e falta de liquidação de débitos levaram o Comind à falência.
A decisão do governo foi uma surpresa para clientes e funcionários, que souberam das liquidações pelo Jornal Nacional, noticioso que o Comind patrocinava até um ano antes.
Os bancos foram liquidados pelo Bacen. Clientes e funcionários foram absorvidos por outras instituições financeiras e a agências foram leiloadas.
Anos depois, o Nacional, primeiro patrocinador do JN, seguiu o mesmo destino do Comind.