A CNN Brasil vive uma grande transformação após um rombo de R$ 300 milhões em três anos de atividades. Sob nova direção, o canal de notícias promoveu uma grande demissão no final de 2022, dispensando mais de 100 profissionais, e vem mudando a programação. Tudo na tentativa de, enfim, começar a dar lucro.
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Com isso, um ambicioso projeto anunciado em seu início acabou esquecido numa gaveta, pelo menos por enquanto.
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A CNN Brasil tinha planos de lançar uma plataforma de streaming no Brasil, ideia que seria capitaneada por Márcio Gomes (foto acima) e acabou ficando apenas no campo das promessas.
CNN no streaming
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A “novidade” da CNN Brasil foi anunciada assim que o canal de notícias contratou o jornalista Márcio Gomes (na foto acima, na emissora carioca), que deixou a Globo após 24 anos, justamente atraído pela oportunidade de fazer jornalismo no streaming.
Mauricio Stycer, então colunista do UOL, adiantou, em outubro de 2020, que a chegada de Gomes à CNN Brasil tinha a ver com o projeto de streaming do canal. Segundo Stycer, o jornalista seria o principal nome da nova plataforma, que se chamaria CNN Brasil+. O serviço seria gratuito e geraria receita por meio de publicidade.
A ideia, ainda de acordo com Stycer, era que a nova plataforma exibisse conteúdo inédito entre 19h e 0h. Nos demais horários, o streaming da CNN apresentaria os mesmos programas da emissora, mas em faixas diferentes da exibição na TV.
Nestes planos, Márcio Gomes apresentaria o principal jornal desta faixa exclusiva para o streaming, além de ganhar um jornal na televisão.
Entusiasmo
Assim que chegou à CNN Brasil, Márcio estreou à frente do CNN Primetime, que está no ar até hoje. Mas, em entrevista ao Notícias da TV, em dezembro de 2020, o jornalista não escondeu que a maior motivação que o levou a trocar a Globo pelo novo canal era a oportunidade de comandar o projeto no streaming.
Na entrevista, Gomes contou que, nos 24 anos de emissora global, ele fez de tudo um pouco e já não tinha mais condições de crescer dentro do canal. Por isso, o jornalista confessou que foi seduzido pela chance de fazer algo novo.
“O streaming já está entre nós e não tem retorno. Fazer jornalismo aí, essa é a novidade”, cravou.
Aniversário de um ano
Em entrevista ao Meio & Mensagem, em março de 2021, o ex-sócio e então CEO da empresa, Douglas Tavolaro (foto acima), falou sobre o primeiro ano da CNN no Brasil e adiantou que o próximo passo da emissora seria o streaming.
“No ano passado [2020], tínhamos algumas ideias e, por motivos da pandemia, decidimos repensar o modelo para compreender a melhor forma de um canal de notícias se encaixar no segmento de streaming. Olhamos para os resultados dos investimentos em streaming de grupos jornalísticos dos Estados Unidos e da Europa para entender que modelo pode ser feito. Mas, neste ano, com certeza, lançaremos”, prometeu o executivo e jornalista.
No entanto, pouco tempo após a entrevista, o empresário vendeu sua parte na sociedade para Rubens Menin e deixou a CNN Brasil. Em seu lugar, entrou a nova CEO, Renata Afonso, que ficou pouco mais de um ano no posto.
Atualmente, é o chairman João Camargo que está à frente do canal, mas nenhum deles falou mais sobre a ideia da plataforma de streaming.
Não deu certo
“Matriz” do canal brasileiro, a CNN estadunidense chegou a se aventurar no streaming. O canal lançou a CNN+ no final de março de 2022, mas decidiu descontinuar a plataforma cerca de um mês depois, em 30 de abril.
A decisão foi comunicada por Chris Licht (foto acima), CEO da CNN, por meio de um memorando. No documento, o executivo afirmou que a medida não tinha a ver com a qualidade do conteúdo da plataforma, mas sim por conta de uma “estratégia mais ampla” que o canal adotaria. Ao todo, a emissora investiu mais de US$ 100 milhões no projeto.
É possível que a medida tenha sido adotada em razão da fusão da WarnerMedia, da qual a CNN faz parte, e a Discovery. A nova Warner Bros. Discovery teria planos de “fundir” os serviços de streaming, como HBO Max e Discovery+, numa única plataforma.