Romance de coadjuvantes é um dos poucos atrativos de Nos Tempos do Imperador

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nos Tempos do Imperador, atual novela das seis da Globo, vem passando por muitos problemas. A trama escrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão, dirigida por Vinícius Coimbra, sofreu rejeição do público e a audiência não tem sido satisfatória.

A ausência de bons casais protagonistas é um dos erros da produção. Mas a trama vem acertando em cheio na construção de um par secundário que vem crescendo a cada semana: Dolores e Nélio.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O casal interpretado por Daphne Bozaski e João Pedro Zappa vem sendo muito bem construído.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

LEIA TAMBÉM!

É justamente por isso que há um encantamento em torno do nascimento da relação, algo que nunca aconteceu com Pilar (Gabriela Medvedovski) e Samuel (Michel Gomes), além de Pedro (Selton Mello) e Luísa (Mariana Ximenes), que se apaixonaram subitamente e logo ficaram juntos. Há um cuidado na construção do vínculo entre os perfis mais menosprezados da trama.

Aliás, é a humilhação constante que ambos sofrem a principal responsável pela aproximação dos personagens, que também se assemelham na personalidade: tímidos, introspectivos e um pouco atrapalhados. Eles são até parecidos fisicamente. Um telespectador que não acompanha a história pode achar que são irmãos.

Similaridades viraram elemento acolhedor

E as similaridades viraram um elemento acolhedor. Um passou a se apoiar no outro, ainda que de forma discreta e bastante envergonhada. O sentimento nasceu, mas faltava coragem de encará-lo.

Dolores foi obrigada a se casar com Tonico Rocha (Alexandre Nero), após a fuga da irmã, Pilar, que estava prometida para o vilão. A mocinha até tentou salvar a irmã anos depois quando a ‘sequestrou’ no dia do casamento, mas Dolores se recusou, o que fez sentido dentro da lógica de uma obra ambientada em 1864. As mulheres eram criadas para serem submissas e conformadas com o próprio destino.

Já Nélio sempre foi o braço direito de Tonico, uma espécie de faz-tudo, ainda que sempre discorde dos atos desonestos e condenáveis do deputado.

A triste filha de Eudoro (José Dumont) passou a conviver mais com o filho de Lota (Paula Cohen) quando passou a morar na casa de Tonico. Como Nélio vive sempre ali, uma aproximação se tornou inevitável.

Para culminar, Tonico ordena que seu ‘capacho’ leve Dolores para comprar roupas e a ensine a se comportar como uma dama. O rapaz ainda dá aulas para alfabetizá-la. Isso porque o vilão não se sente ameaçado por Nélio. Não o enxerga como homem e, sim, como um nada.

E também nunca gostou de Dolores, apenas se casou para se vingar do abandono de Pilar. Vale mencionar a cena da primeira vez dos recém-casados, que na verdade foi um estupro, já que Dolores tem horror ao marido.

Daphne Bozaski merece elogios

Daphne Bozaski merece todos os elogios por seu desempenho, após a sua marcante atuação como Benê em Malhação – Viva a Diferença e As Five. E a atriz já está acostumada a roubar a cena. A aceitação de Dolores é apenas mais uma prova.

Já João Pedro Zappa não é uma figura frequente na televisão. Desde sua estreia, em 2007, faz apenas participações em novelas e séries. Costuma se dedicar mais ao cinema e teatro.

Importante lembrar seu destaque no filme Boa Sorte, em 2014, onde brilhou ao lado de Deborah Secco. É a primeira vez que o ator ganha um papel importante em um folhetim.

Recentemente, os personagens conseguiram perder o medo e assumiram seus sentimentos, ainda que escondidos de todos por motivos óbvios. Houve uma preparação para despertar a expectativa do telespectador e o resultado foi positivo.

O primeiro beijo esbanjou delicadeza, assim como a primeira vez, quando ambos se viram completos e realizados. A sintonia entre os atores é bonita de ver. Os dois viraram os verdadeiros mocinhos do folhetim.

É preciso elogiar também a trilha do par: Era Pra Ser, de Maria Bethânia, cantada lindamente por Adriana Calcanhoto.

Nos Tempos do Imperador tem como principal êxito o casal formado por Dolores e Nélio. Caso a novela não estivesse toda gravada, com toda certeza os autores aumentariam o espaço dos personagens, que caíram nas graças do público graças ao bom desenvolvimento e ao talento dos atores, que tiveram química logo na primeira cena.

Autor(a):

Sair da versão mobile