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Como era esperado, a barriga chegou em Pantanal. Trata-se daquele período em que não acontece muita coisa e a trama fica girando em círculos. Isso é comum em praticamente todas as novelas, incluindo Benedito Ruy Barbosa – a versão original, exibida pela Manchete em 1990, tinha longas cenas filmadas na natureza; outro exemplo é Terra Nostra (1999), lembrada por ter começado como um fenômeno e ter perdido fôlego ao longo da história.
Listei abaixo cinco situações de Pantanal, algumas delas compreensíveis na versão original, que poderiam ter sido corrigidas no remake pela Globo.
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Confira:
Morte de Madeleine
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O maior equívoco do remake até o momento. Uma das estrelas da trama, Karine Teles estava ótima na pela da personagem e o maior diferencial da adaptação seria a mudança no arco da mãe de Jove (Jesuíta Barbosa). Nem precisaria mudar tanto assim o roteiro.
Bastaria deixar Madeleine desaparecida por um tempo e recebendo os cuidados e ensinamentos do Velho do Rio (Osmar Prado), como era a intenção de Benedito Ruy Barbosa em 1990. O autor só matou a personagem porque a atriz Ítala Nandi quis sair da novela porque já tinha um compromisso com um filme na época.
Segundo a intérprete, o escritor não a perdoou até hoje. Então, Bruno Luperi não estaria desrespeitando a obra de seu avô, apenas cumprindo o desejo inicial dele. A história só ganharia com a evolução da personagem e evitaria a barriga na história, como tem sido visto atualmente.
O flerte entre Zé Lucas e Juma
Zé Lucas de Nada foi um personagem criado por Benedito após as inúmeras reclamações de telespectadores por conta da saída de Paulo Gorgulho da novela. O ator interpretou Zé Leôncio na primeira fase e Cláudio Marzo assumiu o papel na segunda. Então, não era um perfil planejado pelo autor, o que foi ficando evidente ao longo da trama.
Ficou perceptível que Benedito não sabia o que fazer com Lucas em determinado momento da história. Então, para criar um conflito inventou um súbito interesse dele por Juma. A situação nada acrescentou ao roteiro, deixou a novela repetitiva e maçante.
Era um recurso improvisado que não deveria ter sido mantido no remake. O arco do personagem era ótimo com o encontro acidental com seu pai até então desconhecido. Mas Zé Lucas perde a potência por conta desse amor mal construído e forçado. Na versão original, ele até tenta agarrar Juma à força, algo que não foi repetido agora. Menos mal. Mas Luperi não deveria ter mantido nada disso.
O fraco conflito entre Jove e Juma
Todo casal de novela precisa de brigas e rompimentos para manter o interesse do público pelo romance. É natural. Ainda mais quando são protagonistas. No entanto, o conflito entre Jove e Juma precisaria de uma adaptação para os tempos atuais. Em 1990, até era aceitável o filho de Zé Leôncio exigir que sua namorada morasse com ele na casa do pai. Mas em 2022?
Casais não podem ser felizes em casas separadas? A Juma (Alanis Guillen) não querer sair da tapera é perfeitamente compreensível por conta da vivência da personagem e o vínculo sentimental que tem com aquele lugar que viveu desde que nasceu isolada com sua mãe.
Mas um rapaz tão evoluído e moderno quanto Joventino não entender isso soa ridículo. Fora que eles são praticamente vizinhos. Daria para visitá-la todo santo dia a cavalo. Nem gastaria dinheiro com Uber ou táxi. Ver as brigas do casal por causa disso cansa.
A falta de eletrodomésticos na fazenda
Ok, é um mero detalhe. Mas é impossível não achar estranho ver Muda (Bella Campos) lavando as roupas de todos aqueles peões sem uma máquina de lavar. Tudo em um tanque ínfimo e debaixo de um sol escaldante. Ainda mais com uma geladeira tão moderna na cozinha daquela casa.
Um fazendeiro milionário como Zé Leôncio não comprar algo tão prático? O pior é que o personagem nem tinha televisão, computador e notebook até outro dia. Joventino é quem comprou tudo.
Na época, em 1990, o filho de Zé levou a televisão para a fazenda. Isso era aceitável. Afinal, querendo ou não, era um objeto considerado supérfluo e não era todo mundo que tinha. Ainda mais em lugares tão distantes.
Mas, atualmente, não ter TV? Nem computador para lidar com seus negócios? Era uma adaptação que não alteraria em nada o roteiro e deixaria o conjunto mais crível. Tanto que até hoje tem telespectador que acha que a novela não é ambientada nos dias atuais. A dúvida só ocorre por conta de detalhes como esse.
Juma não querer transar para não ter filhos
Como já disse, estamos em 2022. A personagem não ter qualquer conhecimento sobre métodos contraceptivos e sobre a vida sexual é compreensível. Juma é uma selvagem que viveu a vida toda sendo tratada pela mãe quase como um bicho. Não por acaso é a ‘mulher-onça’.
E o trauma de engravidar vem de Maria Marruá (Juliana Paes), que sempre disse para a filha que filho era só desgraça. Na vida dela, infelizmente, foi mesmo. Perdeu três assassinados.
Mas qual a lógica de Joventino (Jesuíta Barbosa) nunca ter apresentado a ela uma camisinha e explicado? Até houve uma conversa entre Filó (Dira Paes) e Juma sobre o sexo, mas a cena foi idêntica a de 1990. Ou seja, o único método contraceptivo que a empregada de Leôncio deixou subentendido para a menina era o chamado ‘coito interrompido’.
Nada sobre camisinha, DIU, anticoncepcional, enfim… Difícil comprar um conflito assim em 2022.