Após ficar internado por dois meses, Rolando Boldrin faleceu no último dia 9 de novembro, aos 86 anos, vítima de insuficiência respiratória e renal. Contratado da TV Cultura, o famoso era cantor, compositor, apresentador e ator.

Este último papel, porém, era um pouco rejeitado pelo artista, que assumia que as novelas em que atuou foram feitas apenas pelo dinheiro. Ele dizia que se encontrou mesmo na música, sua grande paixão, além de ter comandado diversas atrações musicais na televisão.

Boldrin já tocava viola desde os 12 anos de idade, quando foi para São Paulo tentar a vida como cantor. Após muito batalhar em diversas atividades, que nada tinham a ver com as de um músico, estreou na área em 1960, participando do disco da cantora Lurdinha Pereira – que no futuro viria a ser a sua esposa e produtora musical. Em 1974, lançou o seu primeiro disco: Cantadô.

Antes da música, Boldrin atuou em diversas novelas

Mas, antes de se firmar como um nome da MPB e de ser um representante da música brasileira ao comandar diversas atrações em homenagem ao gênero, o artista acabou se dedicando por um tempo à carreira de ator. Ele trabalhou em novelas de emissoras como Record, Tupi, Excelsior e Bandeirantes. 

Foram 25 atuações nos folhetins brasileiros, sendo os principais: As Pupilas do Senhor Reitor (1970), Os Deuses Estão Mortos (1971) e A Viagem (1975).

Porém, ele não gostava de atuar

Rolando Boldrin

Rolando Boldrin não curtia muito atuar em novelas e confessou que só participava das tramas porque pagavam bem. Convidado a retornar aos melodramas desde que se ausentou dos mesmos, ele passou a negar todos os convites, inclusive os chamados de Benedito Ruy Barbosa, que o convidada sempre para seus folhetins rurais.

Um desses convites foi para a novela Renascer (1993). Em entrevista ao Jornal do Brasil, em 1995, ele falou os motivos para não ter aceito o convite.

“Não dá tempo, e não me agrada a ideia de ser reconhecido na rua como o rei do gado”, brincou.

O ator ainda acrescentou:

“O que faço [a música e os programas de TV] me garante o prazer de viver e o dinheiro de que preciso. Lógico, não sou uma Gabi [Marília Gabriela] de um milhão de dólares, eu sou um homem de mil réis”, contou na mesma entrevista.

Artista declinava convites para retornar às novelas

Indagado em 2005 pelo jornal O Estado de São Paulo sobre regressar aos folhetins, dos quais estava afastado desde 1954, quando atuou em A Muralha, da TV Record, ele declarou o papel de Rolando Boldrin era o único que tinha vontade de seguir fazendo.

“(…) Não me vejo mais em novela, sou convidadíssimo, principalmente pelo Benedito Ruy Barbosa”. “(…) Eu já fiz 25 novelas, acho que cumpri minha missão. Na novela você fica conhecido pelo personagem e eu levei tanto tempo para ser conhecido por Rolando Boldrin, para que voltar?”, questionou.

Apresentador de programas musicais

Após passagem pelos folhetins, para onde nunca mais retornou, Rolando ficou conhecido na televisão por apresentar diversas atrações musicais… E olha que não foram poucas.

O artista comandou  o Som Brasil, pela Globo, entre 1981 e 1984, o Empório Brasileiro, na Band, entre 1984 e 1986, Empório Brasil, no SBT, entre 1989 e 1990, e o Estação Brasil na CNT/Gazeta entre 1995 e 1996.

Seu último trabalho como apresentador foi no programa Sr. Brasil, da TV Cultura, onde estava desde 2005.

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor