A atual novela das sete está em plena reta final e deixará saudades. Foi uma produção gostosa e marcou a estreia de Maria Helena Nascimento como autora solo com o pé direito, sendo necessário elogiar ainda a direção de Maria de Médicis e Dennis Carvalho. Todos os elogios feitos foram mais do que merecidos. Entretanto, o folhetim teve deslizes que vêm sendo observados com mais clareza nessas últimas semanas. E a comprovação é o fato do enredo já ter sido praticamente concluído, sobrando poucos acontecimentos relevantes.

Todos os conflitos principais da trama foram finalizados. Gui Santiago (Vladimir Brichta) conseguiu recuperar a sua música Sonha Comigo, voltando ao mercado musical e prejudicando o empresário Lázaro (João Vicente de Castro), que precisou devolver a mansão do cantor e ainda pagar uma indenização gorda.

A banda criada pelo protagonista, a 4.4, também emplacou, colocando os meninos no auge. E Júlia (Nathalia Dill) teve a sua inocência provada, além de ter se casado com o roqueiro em uma linda cerimônia. Aliás, a mocinha foi absolvida porque a sua irmã gêmea, Lorena, confessou tudo pouco antes de morrer.

Para culminar, Diana (Alinne Moraes) viu a filha Chiara (Lara Cariello) ir morar com o ex em virtude da sua irresponsabilidade na criação da menina. Gordo (Herson Capri) está feliz com Eva (Alexandra Richter), após a internação de Nanda (Kizi Vaz). Léo Régis (Rafael Vitti) deixou de perseguir Gui e agora vive a sua vida com a família e a nova namorada, Stefany (Giovana Cordeiro). Yasmin (Marina Moschen) e Zac (Nicolas Prattes) finalmente fizeram as pazes e estão bem.

Ou seja, sobrou pouca situação para ser explorada pela autora.
O câncer de Nicolau (Danilo Mesquita) é um dos dramas que restaram, porém, a doença não foi bem focada depois que retornou, tirando o rapaz da banda. Pelo contrário, ele e Luana (Joana Borges) perderam destaque. Ao menos agora os dois voltaram a crescer com a gravidez da menina.

Impossível não enxergar a barriga (período onde nada de relevante ocorre) que o folhetim vem apresentando. Apesar disso, Rock Story ainda rende bons momentos e o núcleo que vem carregando essa reta final nas costas é o de Léo Régis. Não pelas reviravoltas ou algum conflito mais forte, até porque, como mencionado, não é o que vem acontecendo no conjunto da obra. E, sim, pelas hilárias cenas de Néia (Ana Beatriz Nogueira) e Ramon (Gabriel Louchard), que formam uma das melhores parcerias da história.

A entrada de Evandro Mesquita vivendo o malandro Almir, ex da mãe do cantor, também contribuiu bastante para aumentar o interesse pela família. São situações que nada acrescentam, mas divertem e passam o tempo. Até o romance de Léo com a pobretona Stefany vem proporcionando ótimas sequências para os atores.

Ainda nesse círculo familiar, vale elogiar a ótima inserção de Yasmin em um conflito claramente inspirado no sucesso O Diabo Veste Prada. Lu Grimaldi entrou na história vivendo a arrogante empresária Glória Braga, influente no mundo da moda, que contratou a menina para ser sua secretária. A poderosa ainda tem uma assistente que é humilhada o tempo todo. Ou seja, é a Miranda Priestly com sua puxa-saco Emily. A filha de Néia vive a nova Andy, interpretada por Anne Hathaway no filme de sucesso. As atrizes até se parecem fisicamente. Foi uma boa ideia para disfarçar a barriga da novela. Pena que a autora não utilizou isso antes.

Os outros poucos acontecimentos que restaram ficaram em núcleos secundários, como a descoberta da traição de Haroldo (Paulo Betti), que rendeu uma grande cena para a maravilhosa Suzy Rêgo na hora do surto de Gilda. Ainda assim foi algo pontual.

Já o retorno de Laila (Laila Garin), atrapalhando rapidamente o romance de Gordo e Eva, é uma tentativa da autora de fugir do marasmo nesse final. Aliás, a volta de pessoas do passado virou algo comum na trama, vide a chegada de Mariane (Ana Cecília Costa), ex de Gui. A situação chegou a render alguns bons momentos, mas logo descambou para algo forçado, pois Zac acreditar que o pai agrediu a mãe depois de tudo o que ela fez ficou sem sentido. Por sinal, a necessidade de inserir algum tipo de conflito no núcleo central acabou provocando situações desnecessárias.

Qual a necessidade, por exemplo, de Júlia se envolver com criminosos para escrever um livro sobre sua vida? A mocinha resolveu investigar o passado de Lorena e se viu diante de traficantes poderosos. A pergunta é: existe lógica uma mulher que foi presa injustamente, demorando meses para provar sua inocência, meter-se com o crime organizado depois de tudo o que passou?

Fica evidente a enrolação da autora para inserir algum tipo de ação nessa reta final. A verdade é que ela cometeu um erro matando Lorena tão cedo. A única vilã da história não poderia ter morrido quase dois meses antes do fim. Foi uma atitude ousada? Foi, afinal, ninguém jogaria no lixo um recurso rico como o da gêmea boa versus gêmea má antes do fim da novela. Porém, acabou prejudicando a obra. Vale ressaltar, ainda, que a personagem não foi bem explorada. Demorou longos meses para a traficante chegar ao Brasil (ficava apenas falando pelo computador ou telefone e mal aparecia) e quando chegou já foi assassinada.

Agora, a única vilania mais ‘pesada’ do enredo está nas mãos de Alex (Caio Paduan), que fugiu da prisão. Resta torcer para que ele não sequestre Júlia, pois esse manjado recurso vem sendo explorado por todas as últimas novelas da emissora.

Rock Story é uma ótima novela e o horário das sete foi muito bem servido com ela. Mas é uma pena que tenha terminado antes de chegar ao fim. E a desculpa de ter sido esticada nem pode ser considerada, pois o folhetim ficou no ar no tempo previsto. O que Maria Helena Nascimento vem exibindo é apenas um conjunto de cenas sem relevância, onde umas divertem e outras pecam pelas situações forçadas. As últimas semanas poderiam ter sido bem melhores.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor