Rosane Svartman, autora de Vai na Fé, sempre teve facilidade na construção de casais em suas tramas. Não por acaso, vários ficaram na memória do público.
E uma das maiores habilidades da autora é no desenvolvimento de romances adolescentes, vide o filme Desenrola (2011) e as duas temporadas de Malhação que escreveu ao lado de Glória Barreto (Intensa, de 2012) e Paulo Halm (Sonhos, de 2014), respectivamente.
Em Vai na Fé, a escritora novamente acertou e conquistou o coração do público com a relação de Kate (Clara Moneke) e Rafael (Caio Manhente).
Para isso, ela correu um sério risco, ignorou as reclamações de muita gente e bancou uma mudança que foi crucial para a trama.
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Clichês
O casal é cercado de clichês que dificilmente falham na teledramaturgia. Os dois representam perfis opostos. Kate é uma menina extrovertida, provocativa, sarcástica e com uma autoestima na máxima potência. Todo ambiente se ilumina quando ela chega.
Já Rafael é um jovem tímido, introspectivo, sem um pingo de amor próprio e que sofre de depressão por conta da péssima relação que sempre teve com seu pai, Theo (Emílio Dantas). Ele também é vítima da superproteção da mãe, Clara (Regiane Alves), que o trata como um bebê indefeso.
A aproximação dos personagens era impensável no início da novela porque ambos pertenciam a núcleos distantes e Kate ainda era amante de Theo. O vilão impedia qualquer chance da garota chegar perto de sua família.
No entanto, o término do caso fez com que a personagem percebesse que estava em uma relação abusiva e que o empresário queria transformá-la em uma cópia de Sol (Sheron Menezzes).
Trauma
O trauma sofrido nas mãos do abusador implicou em uma tentativa de vingança. Mas tudo deu errado porque o intuito da filha de Bruna (Carla Cristina Cardoso) era usar o herdeiro de seu ex para feri-lo e ainda atacar diretamente Clara.
Só que Kate conheceu Rafael sem saber a sua origem e a conexão foi imediata. O encantamento mútuo proporcionou uma cena delicada, onde a sintonia dos atores já ficou explícita.
Kate só descobriu a verdade quando Jenifer (Bella Campos) contou quem era o pai de Rafael. E assim que soube, desistiu da ideia de usar o garoto como instrumento de sua vingança. Mas não cogitou se afastar porque estava realmente interessada.
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Porto seguro
A cumplicidade foi ficando cada vez maior entre os dois, a ponto de Kate identificar as crises de ansiedade de Rafa e passar a representar uma espécie de porto seguro para ele.
Foi ela a responsável pela volta do filho de Theo para a faculdade, com a matrícula no curso de fotografia, sua eterna paixão.
O agora estudante passou a usá-la de modelo para várias fotos e as cenas protagonizadas pela dupla logo se transformaram em um dos muitos pontos altos da novela.
Voz do povo?
E vale ressaltar que as notícias sobre a formação do casal foram rejeitadas por grande parte dos espectadores nas redes sociais. Tudo porque Kate e Hugo (MC Cabelinho) viviam um relacionamento de idas e vindas que tinha caído nas graças do público.
Tanto que foi a aceitação pelo casal a responsável pelo cancelamento da morte do traficante, prevista para os primeiros meses de história.
Mas Rosane construiu a aproximação de uma forma tão sensível que ficou impossível não se encantar.
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Cereja do bolo
Até porque não houve pressa. Tudo foi sendo feito com cuidado, onde o choque de personalidades serviu como elemento cômico e deixou um eterno clima de comédia romântica no ar.
Já a química entre Clara Moneke e Caio Manhente foi a cereja do bolo. A atriz é a maior revelação da trama, enquanto o ator vive o seu melhor momento na televisão. Dá gosto vê-los juntos em cena.
Vai na Fé se encaminha para o fim e um dos pontos positivos da novela das sete de sucesso foi o casal formado por Kate e Rafa, que teve sintonia de sobra e ainda proporcionou para dois jovens talentos um maior destaque na história.