Figurinha carimbada das novelas de Gloria Perez, Eri Johnson chegou a recusar um convite da autora para buscar a realização de um sonho: se tornar um novo Faustão. O ator topou o desafio de comandar uma atração dominical ao vivo na CNT/Gazeta, abrindo mão de um personagem numa novela das nove da Globo.

Faustão na Band
Reprodução / Band

Fui! Ao Vivo era o nome da atração que Eri Johnson comandou nas tardes de domingo do canal. Porém, a experiência não foi bem-sucedida e teve vida curta.

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Colcha de retalhos

Tomara que Caia - Eri Johnson
Divulgação / Globo

Com apresentação de Eri Johnson, Fui! Ao Vivo foi lançado em 20 de fevereiro de 2000 na CNT/Gazeta, emissora resultante de uma parceria entre a paranaense CNT e a paulistana TV Gazeta. Produzido pela Gênesis/CMT, a atração era exibida ao vivo – como o nome sugere – do Teatro Municipal de Osasco (SP), das 16h às 19h.

O programa, na verdade, era uma grande colcha de retalhos, formada por vários segmentos comandados por apresentadores distintos. Entre eles, a ex-apresentadora infantil Mariane Dombrova, que comandava o quadro Sertão Country; e Silvinha Franceschi, à frente de um game show com artistas.

Fui! Ao Vivo também tinha quadros de esportes radicais, esoterismo e turismo, contando com Ana Paula Barros, Lui Castro Oswaldo e Milton Levy no elenco. Eri Johnson fazia a condução dos quadros e participava de algumas das atrações, sempre interagindo com a plateia. O ator também recebia convidados para entrevistas e fazia suas habituais imitações, com tipos como Romário e Caetano Veloso.

“Meu teste será neste programa de estreia, uma vez que as únicas apresentações que fiz ao vivo, em minha carreira, foram no teatro”, desabafou Eri à Folha de S. Paulo, de 20 de fevereiro de 2000.

Convite para novela

Travessia - Gloria Perez
Fábio Rocha / Globo

Na época, Eri Johnson estava afastado das novelas da Globo desde Pecado Capital (1998), remake da obra de Janete Clair escrito por Gloria Perez. Depois disso, o ator esteve no elenco de Tiro e Queda (1999), na Record, e fez pequenas participações em programas do SBT e da própria Globo.

Com isso, Eri topou o desafio de comandar um programa dominical ao vivo na CNT/Gazeta. O ator entrou bastante confiante no novo projeto, mesmo batendo de frente com os dois pesos-pesados dos domingos na época, Faustão e Gugu Liberato (1959-2019).

“Estou entrando para ficar em primeiro lugar”, disparou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo de 30 de janeiro de 2000.

A confiança era tanta que Eri Johnson até recusou um convite da autora Gloria Perez. Na mesma entrevista ao Estadão, o ator revelou que abriu mão de um personagem numa novela da autora para embarcar na nova empreitada. Porém, a aventura teve vida curta: Fui! Ao Vivo mal alcançou um ponto de audiência e saiu do ar pouco tempo após a estreia.

Voltou atrás

Bom Dia Você - Aline Prado e Eri Johnson
Reprodução / RedeTV!

Apesar do fiasco, Eri Johnson deu “sorte”. Isso porque, enquanto tentava virar Faustão na CNT/Gazeta, a Globo adiava a próxima novela de Gloria Perez. A princípio, a autora estava escalada para assinar a sucessora de Laços de Família (2000) no horário nobre da emissora. No entanto, sua novela acabou adiada, enquanto Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares “furaram a fila” e emplacaram Porto dos Milagres (2001).

Com isso, O Clone entrou no ar apenas em outubro de 2001. Ou seja, tempo suficiente para que Eri Johnson voltasse aos planos de Gloria Perez, o que de fato aconteceu. O ator viveu o malandro Ligeiro neste clássico da autora.

O Fui! Ao Vivo não foi a única aventura de Eri Johnson como apresentador. Em 2002, o ator comandou o game show Super Show Barateiro na Record, ao lado de Scheila Carvalho. Já em 2022, ele assinou com a RedeTV! para conduzir o matinal Bom Dia Você, com Alinne Prado, também de vida curta.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor