Atualmente, 11 escritores disputam a cadeira de número cinco da Academia Brasileira de Letras. Um dos candidatos é Daniel Munduruku, de 59 anos, que aparece em Terra e Paixão como o pajé Jurecê Guató.
O amigo de Caio (Cauã Reymond) é um líder de grande sabedoria e costuma ter visões sobre o futuro. Recentemente, ele vislumbrou a neta Yandara (Rafaela Cocal) morta, o que o fez impedir que a jovem tivesse um fim trágico.
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Escritor premiado
Além de estrear nos folhetins na novela das nove da Globo, Daniel coleciona diversos prêmios ao longo da carreira como escritor da literatura indígena. O ator se diz precursor em sua atuação como ativista pelos direitos dos índios.
Mas sua luta pela cadeira na Academia não será fácil. Munduruku concorre com o também escritor, Ailton Krenak, filósofo e poeta de 69 anos considerado o favorito na disputa pela vaga.
Daniel Mundukuru já havia concorrido antes ao cargo, mas acabou perdendo. Com o incentivo de algumas pessoas, ele decidiu se recandidatar, agora para ocupar a cadeira deixada pelo historiador José Murilo de Carvalho.
“É uma boa votação, tanto que fui incentivado a tentar de novo. Disseram que eu seria o indígena que a Academia gostaria de ter entre os seus imortais”, disse em entrevista à Folha de S.Paulo.
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Concorrência
Mas a rivalidade entre os escritores está sendo elevada a níveis maiores de disputa. Mundukuru acusa Krenak de ter puxado o seu tapete e se diz “abalado” com a situação.
Segundo argumentou, os dois haviam combinado de não concorrerem juntos para não dividir os votos, mas não foi o que aconteceu.
“Fiquei abalado. Tinha um combinado nosso de que se fosse para ter um de nós [indígenas] na ABL, esse alguém seria eu. Ele puxou o meu tapete”, afirmou dizendo que chegou a conversar com o rival por telefone.
“Ele disse que não tinha o menor interesse em entrar para a Academia mas que havia sido bastante incentivado a sair candidato, então resolveu aceitar. Me garantiu que não faria campanha, mas no mesmo dia já estava fazendo seus contatos”, disse.
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Desmentiu
A Folha também conversou com o concorrente, que afirmou jamais ter conversado com Daniel e muito menos selou acordo algum com ele.
“É grave o Daniel fazer um comentário desse. Nunca fiz um trato com ele, sequer tomamos um café”, respondeu Ailton Krenak, dizendo que também jamais conversaram por telefone.
“Nunca falei com ele sobre Academia Brasileira de Letras. Nunca reivindiquei nada, nunca fiz acordo para nada”, contou.
Apesar do impasse, nenhum dos dois pretende retirar sua candidatura e devem mesmo se enfrentar no próximo dia 5 de outubro.
“Eu cheguei a escrever no Twitter que seria capaz de desistir de um sonho se fosse o melhor para a causa, que se ele vencesse todos sairíamos ganhando. Depois me toquei que ele não era ‘a causa’. A verdade é que nunca pensei em deixar de concorrer”, detalhou o ator.
“Seria molecagem. Eu respeito a Academia e vou até o final, senão nem teria feito a inscrição. Não sei de onde você tirou essa ideia de que uma pessoa que entra na disputa pode desistir, ainda mais sendo o favorito”, rebateu Ailton.
