André Santana

Há pouco mais de dois anos, a Globo fazia uma importante reforma em sua programação de fim de semana. Luciano Huck, após mais de 20 anos no comando das tardes de sábado, migrou para os domingos, assumindo o lugar de Faustão. Enquanto isso, Marcos Mion estreava no canal, na vaga de Huck.

Luciano Huck - Marcos Mion
Luciano Huck – Marcos Mion

Na época, o Caldeirão com Mion estreou caindo nas graças do público, que elogiou o alto astral do mais novo apresentador global. Já o Domingão com Huck entrou em cena extremamente criticado, sinalizando que o marido de Angélica não teria vida fácil em seu novo desafio.

Mas, dois anos depois, a situação se inverteu: o programa de Luciano Huck vem agradando o público, enquanto a atração de Marcos Mion amarga críticas e baixa audiência.

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Alegria x tristeza

Caldeirão - Marcos Mion
Marcos Mion à frente do Caldeirão (Reprodução / Globo)

Ao assumir o comando do Caldeirão, Marcos Mion foi festejado por ter transformado o programa das tardes de sábado da Globo numa atração mais alegre. Enquanto Huck sempre apostou no assistencialismo, Mion foi na contramão e injetou humor e besteirol no programa.

Já Huck levou seus quadros assistencialistas para o domingo e se deu mal. O Domingão com Huck entrou no ar com ênfase nas tais “histórias inspiradoras” que virou uma marca de Luciano, contrastando com o ar mais festivo do extinto Domingão do Faustão. As críticas vieram fortes.

Para piorar, o apresentador amargou, logo na estreia, um problema na grade de programação, quando um jogo do Brasil que seria exibido antes foi interrompido e um filme entrou, atrasando a estreia. Além disso, a estreia do novo Domingão também foi marcada por falhas técnicas.

 

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Evolução

Domingão com Huck - Déa Lúcia e Luciano Huck
Luciano Huck e Déa Lúcia no Domingão com Huck (Reprodução / Instagram)

Porém, aos poucos, a equipe do Domingão com Huck foi sabendo transformar o programa. A direção ouviu o público e deu mais ênfase aos quadros divertidos, reduzindo o espaço do assistencialismo. Novos quadros foram lançados neste período, deixando o programa sempre renovado.

Mas a grande sacada do Domingão foi retirar as barreiras dos quadros do programa. Inicialmente, as atrações eram exibidas uma após a outra, sem diálogo entre si, como se fossem vários programas diferentes exibidos em sequência. Agora, não. Os quadros conversam e se entrelaçam, dando uma unidade interessante ao Domingão.

Assim, os comentaristas do quadro Acredite em Quem Quiser também estão em cena no Batalha do Lip Sync. Participantes e jurados interagem, rendendo boas conversas. Além disso, no meio dos quadros também são inseridas homenagens no estilo Arquivo Confidencial.

Tudo isso junto deu ritmo ao programa e deixou Luciano Huck muito mais à vontade. O público correspondeu: a audiência é boa e o Domingão é constantemente elogiado nas redes sociais.

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Mais do mesmo

Caldeirão - Dani Calabresa, Jojo Todynho, Lucio Mauro Filho, Luís Miranda, Marcos Mion, Mariana Santos e Welder Rodrigues
Marcos Mion e o time do quadro ABC do Mion, do Caldeirão (Manoella Mello / Globo)

Curiosamente, o Caldeirão com Mion não promoveu a mesma evolução observada na atração dominical. Dois anos depois da estreia, o programa segue exatamente o mesmo. Parece que o tempo não passou.

Toda semana, está Marcos Mion no comando dos mesmos quadros de sempre. Tem ou Não Tem e Sobe o Som, os quadros de estreia, já cederam espaço a outros games, mas sempre acabam voltando. Além disso, a interação de Mion com seus convidados tem se tornado cansativa: são os mesmos elogios de sempre, as mesmas tiradas, as mesmas “gírias de tiozão”… A atração simplesmente não saiu do lugar.

A conta chegou: a audiência do Caldeirão entrou em queda livre e o programa já não era mais tão festejado na web quanto já foi. De olho nisso, a direção do programa investiu em novos quadros, como TV Teca, e fez uma homenagem ao cantor Djavan, comparada ao que regularmente acontece no Altas Horas.

No mais, o Caldeirão com Mion precisa se inspirar no Domingão com Huck e, finalmente, sair do lugar. O programa patina e dá voltas em torno de si mesmo. Enquanto isso, a paciência do público vai diminuindo a cada semana.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor