Na última segunda (24), a colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, noticiou a possível volta do Vídeo Show à grade da Globo. O programa saiu do ar em 2019 abruptamente depois de sucessivas derrotas para o Balanço Geral, da Record. Pouco tempo depois, entrou no ar o Se Joga, que se mostrou um verdadeiro desastre, saindo do ar definitivamente em breve.

O Vídeo Show sempre mostrou os bastidores dos programas da emissora carioca durante os 36 anos que permaneceu no ar, embora tenha sofrido várias mudanças na apresentação, nos dias de exibição e no formato.

Quando entrou no ar, em 1983, o Vídeo Show era exibido aos domingos e apresentado por Tássia Camargo. Além dos bastidores, o programa mostrava o making of de filmes e as inovações do segmento, exibindo experimentações mundo afora.

O jogo de imagens na abertura, embalado por “Don’t Stop ‘Til You Get Enough”, tocada por Maynard Ferguson, era um show à parte. Tássia deixa o comando do programa, e vários nomes do elenco da Globo passaram a se revezar na apresentação da atração.

Em 1987, o Vídeo Show sofre sua primeira grande reformulação, passando a ser apresentado por Marcelo Tas, que também incorporava o personagem Cabeça Branca, inspirado em Max Headroom, figura futurista da televisão americana.

As novidades não foram bem aceitas pelo público e rapidamente Miguel Falabella assumiu o comando do programa. Muitos quadros são criados, entre eles, o clássico Falha Nossa. Cissa Guimarães assume a narração e ganha o bordão “a garota que quebra o coco e não arrebenta a sapucaia”.

O Vídeo Show vai para as tardes de sábado em 1990, com poucas mudanças no formato, mas levando ao ar o Túnel do Tempo, quadro que relembrava os grandes momentos da televisão. Além dos fatos da televisão, Vídeo Show trazia uma agenda cultural e as novidades do mundo do vídeo game, com dicas de jogos.

Já em 1994, o programa se torna diário, sendo apresentado após o Jornal Hoje, com o tempo reduzido. Mais dinâmico com a dobradinha entre Miguel e Cissa, fez um grande sucesso entre todos os públicos, mantendo a linguagem e o bom humor ao mostrar os fatos da televisão. Nessa fase, a repórter Renata Ceribelli também integrou a equipe do programa.

Em 2000, a exibição aos sábados recebe um toque especial: Miguel Falabella ganha um cenário com plateia e recebe convidados para entrevistas divertidas e brincadeiras.

André Marques entra para o time do programa, sendo efetivado como apresentador em 2002. Nessa fase, Angélica apresenta o quadro Vídeo Game, gincana com artistas que respondem perguntas sobre a televisão. Ana Furtado, Bruno de Luca e Renata Simões viram repórteres do programa. Depois, André passa a dividir a condução com Ana Furtado.

Com tantos anos no ar, além de sofrer a concorrência da internet, o programa acaba perdendo audiência e muitas reformulações são feitas para resgatar a audiência. A aposta mais ousada veio em 2014, quando Zeca Camargo assumiu o comando, fazendo dele um programa de auditório com plateia, convidados e brincadeiras. A audiência caiu mais ainda, com Zeca sendo rapidamente tirado do ar.

O respiro e a última boa fase da atração veio com a dupla formada por Otaviano Costa e Monica Iozzi. Monica, que veio do CQC, da Band, colocava todo o seu talento e simpatia ao lado de Otaviano, deixando o programa mais leve e divertido, sem aquele tom robótico e de leitura do teleprompter. A audiência aumentou e o programa conquistou as redes sociais. Um dos pontos altos foi o quadro Novelão, que apresentava um compacto de novelas de grande sucesso da Globo.

No entanto, a lua de mel com o telespectador durou pouco. Monica Iozzi decidiu sair da atração para investir na carreira de atriz, e o programa ganhou novos apresentadores, como Maíra Charken, Sophia Abrahão, Joaquim Lopes, Rafael Cortez, entre outros. Nada disso deu certo, e o programa começou a perder sistematicamente para o Balanço Geral, que apresentava no mesmo horário o quadro A Hora da Venenosa. Algumas vezes, o Vídeo Show ficava em terceiro, perdendo até para o veterano Chaves, do SBT.

Em 2019, com um simples comunicado, a Globo avisava que o programa sairia do ar em pouco tempo. Com os dias contados, os apresentadores tentaram manter o alto astral mesmo nessa situação deprimente. A atração saiu do ar, mesmo diante de várias tentativas de se manter viva e apelos nas redes sociais.

A Globo sabe muito bem o que o público gosta e quer ver, e é preciso olhar bem para isso. Com a possível volta do Vídeo Show, com nomes como Sandra Annenberg e Maísa Silva cotados para seu comando, é provável que o programa ganhe fôlego, nova linguagem e retome o seu lugar na história da emissora, que terá a oportunidade de corrigir o erro grosseiro que foi extingui-lo há dois anos.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor