Ainda às voltas com a contradição entre os generosos números de audiência e as críticas a seu enredo, entrechos e viradas questionáveis, O Outro Lado do Paraíso voltou a contar com um importante elemento para o seu enredo principal, a vingança de Clara (Bianca Bin) contra os responsáveis por sua internação. Até agora já foram o psiquiatra Samuel (Eriberto Leão), o delegado Vinícius (Flávio Tolezani) e o juiz Gustavo (Luís Melo), que tiveram expostas sua homossexualidade, pedofilia e infidelidade, respectivamente.
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Porém, a mocinha não imagina que uma importante pedra em seu sapato irá atrapalhar seus planos: Fabiana, a esnobe e arrogante milionária vivida por Fernanda Rodrigues, que regressou à novela de Walcyr Carrasco neste mês após uma excelente participação na transição entre a primeira fase e o tempo atual.
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Como se sabe, Fabiana é sobrinha de Beatriz (Nathalia Timberg), uma elegante senhora que foi internada no mesmo hospício que a protagonista e a ajudou a ter acesso à sua fortuna, na forma de valiosas obras de arte. Para tanto, Clara se disfarçou trabalhando como empregada doméstica da ricaça e passou a contar com a ajuda do primo dela, o advogado criminalista Patrick (Thiago Fragoso), com quem vive um romance. Ao pedir demissão, Clara planejou seu retorno triunfal, chocando toda a sociedade de Palmas.
Após alguns meses, a intragável ex-patroa retornou à cena após a mocinha desmascarar Renato (Rafael Cardoso) e descobrir que o rapaz era sócio do pai dela na exploração de esmeraldas e, com a ajuda da megera Sophia (Marieta Severo), infiltrou-se no hospício onde ela estava para matá-la. Humilhado na frente de todos, ele se alia à grande vilã da história e, através de um detetive, descobre o paradeiro de Fabiana, aproxima-se da patricinha e descobre que ela foi roubada justamente por Clara.
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O retorno da sobrinha de Beatriz deve representar um obstáculo a mais para a saga da protagonista, uma vez que, ao se revelar o grande vilão, Renato pretende se casar com ela. Até aqui, a neta de Josafá (Lima Duarte), além de Renato, conseguiu expor mais três dos seus grandes alvos, embora com resultados dramatúrgicos duvidosos. Ao revelar a homossexualidade de Samuel (Eriberto Leão) para sua mãe Adineia (Ana Lucia Torre) e sua esposa Suzy (Ellen Rocche); a história do psiquiatra virou um núcleo de humor no pior estilo da antiga fase do Zorra Total, em esquetes constrangedoras.
Algo semelhante aconteceu após Gustavo (Luís Melo) ser desmascarado como dono de um bordel: além de perder o cargo e ser aposentado com um salário baixíssimo, ainda viu a esposa Nádia (Eliane Giardini) trocá-lo por Odair (Felipe Titto, fraquíssimo), assistente do salão de Nick (Fábio Lago). A vingança contra o delegado Vinícius trouxe entrechos melhores, pois soube explorar com mais cuidado o trauma da pedofilia, vivido pela enteada dele Laura (Bella Piero).
E o retorno de Fernanda Rodrigues tem sido mais que bem-vindo. Acostumada a interpretar personagens doces – sua única vilã havia sido a lutadora Stelinha, em Negócio da China, de 2008 -, a talentosa atriz ganhou a oportunidade de viver um tipo bem diferente. Após uma primeira participação em dez capítulos, a personagem fez tanto sucesso que o autor Walcyr Carrasco optou por trazê-la de volta para infernizar a vida de Clara, valorizando ainda mais a atriz – que ainda mostrou uma sintonia excelente ao lado de Rafael Cardoso, formando um ótimo par de vilões e retratando a mistura de desejo, ódio e busca por vingança e poder que move os dois personagens.
A atriz ainda repete a parceria com o diretor Mauro Mendonça Filho, com quem havia trabalhado no remake de O Astro (2011), onde viveu seu último grande papel: a doce Jose, ex-namorada de Márcio Hayalla (Thiago Fragoso), que ficou grávida dele, mas morreu no parto e seu filho foi criado por ele e pela esposa Lili (Alinne Moraes).
Ao lado dos dois atores, Fernanda emocionou em todos os momentos e protagonizou grandes cenas, a ponto de muitos pedirem que a personagem não morresse – no entanto, os autores Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro seguiram o enredo original de Janete Clair. Após um tempo fora da TV, esteve em Sete Vidas (2015), de Lícia Manzo, como a arquiteta Virgínia, que se envolveu com o músico Arthurzinho (André Frateschi), e passou a comandar o programa Fazendo a Festa, no GNT, que irá para sua oitava temporada.
Vivendo agora uma personagem bem diferente dos tipos gentis e doces que consagraram sua carreira ao longo de quase 30 anos – entre seus primeiros papeis, estavam Vamp (1991) e A Viagem (1994) -, Fernanda Rodrigues voltou com tudo à atual novela das 21h. A atriz sempre se reinventa a cada papel e é muito bom vê-la em um tipo diferenciado – ponto para Walcyr e Mauro Mendonça Filho, que souberam identificar que Fabiana ainda tinha muito potencial a ser explorado.