Depois de Maria Ceiça, Sura Berditchevsky e Vera Zimmermann, mais uma atriz que estava sumida das novelas da Globo deu as caras em Travessia. Trata-se de Denise Milfont, musa de produções do canal nos anos 80, que fez uma participação na novela de Gloria Perez como a delegada amiga de Helô (Giovanna Antonelli), que atendeu a falsa denúncia de agressão de Guida (Alessandra Negrini) contra Moretti (Rodrigo Lombardi).

Denise Milfont

Natural de Brasília, atualmente com 61 anos, Denise Milfont despontou na TV em produções de sucesso da Globo. Mas a carreira dela não é feita só de trabalhos na casa… Tempos atrás, a atriz afirmou que o ofício não está associado apenas à vitrine do canal.

Denise contou com o incentivo dos pais para enveredar pelas artes. Ela estudou instrumentos musicais e chegou à vocalista de um grupo, além de ter atuado no espetáculo A Dança dos Signos, com direção do cantor e compositor Oswaldo Montenegro.

Após a mudança para o Rio de Janeiro e um curso de vídeo com o diretor Wolf Maya, ela foi convidada para um teste, que lhe rendeu a estreia na televisão. Foi em Livre Para Voar, como Janda, hóspede da república de meninas liderada por Verona (Cássia Kis).

Denise Milfont

O bom desempenhou garantiu a permanência na emissora. Milfont esteve na minissérie Grande Sertão: Veredas (1985) como a cabocla Nhorinhá, mulher de Riobaldo (Tony Ramos). No mesmo ano, integrou o elenco de De Quina Pra Lua.

Em Sassaricando (1987), conquistou o sucesso popular. Sua personagem, Juanita, era filha da feirante Aldonza (Lolita Rodrigues) e irmã de Tancinha (Claudia Raia), Guel (Edson Celulari) e Bel (Angelina Muniz).

Nova “Namoradinha do Brasil”

O Pagador de Promessas

O tipo que deu reconhecimento de público e crítica para Denise Milfont veio na minissérie O Pagador de Promessas (1988), escrita por Dias Gomes. Ela interpretou Rosa, companheira de Zé do Burro (José Mayer). O jeito suave e encantador fez de Denise, conforme a imprensa da época determinou, a nova “namoradinha do Brasil”.

Nos anos 1990, brilhou em Riacho Doce (1990) como Terezinha. Após uma breve passagem pela Manchete, através da minissérie O Farol (1991), retornou às produções globais no remake de Mulheres de Areia (1993). Como Vilma, envolveu-se no conflito dos vilões Raquel (Gloria Pires) e Wanderley (Paulo Betti).

Denise Milfont

Outras duas regravações, ambas baseadas em clássicos de Janete Clair, integram a vasta lista de trabalhos de Denise: Irmãos Coragem (1995) e Pecado Capital (1998). Ainda, participações em A Padroeira (2001), Caminho das Índias (2009), Amor Eterno Amor (2012) e O Outro Lado do Paraíso (2017).

Pausa em nome da família

Denise Milfont

A atriz ficou afastada da TV durante praticamente 10 anos – incluindo, neste período, apenas a participação em Caminho das Índias, atualmente em reprise no Canal Viva. Foi o tempo em que ela engravidou e deu à luz ao Othon.

Milfont também coordenou, ao lado do marido Helmut Batista, um espaço de artes visuais onde recebe a visita de profissionais vindos de várias partes do mundo.

Sobre o afastamento, ela comentou ao jornal Extra, em outubro de 2011, que esta foi uma opção de vida:

“Resolvi deixar a atriz de lado e optei por cuidar do filho e desse projeto. Aqui tenho muito trabalho”.

Na mesma entrevista, Denise Milfont também listou os motivos pelos quais nunca expôs sua vida pessoal:

“Acho bacana o ator ter um tempo de reflexão para si e para a família; sempre preservei isso”.

Ela concluiu tal matéria afirmando estar à espera de chamados para a TV – não necessariamente da Globo.

“Não deixei de ser atriz porque não estou aparecendo na Globo. Sempre recebi convites. Quero e sei que vou conseguir voltar. Sinto saudades. Sem preconceitos, e com modéstia, posso dizer que sou de uma geração onde o ator era ator. Entendo essa arte e a faço com muito carinho. Agora é o meu momento de voltar”, ressaltou.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor