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Na reta final, O Rei do Gado (1996) reafirma sua força em mais uma reprise na Globo. A novela de Benedito Ruy Barbosa, não raro, encosta nos 20 pontos no Ibope, um excelente resultado para uma trama produzida há quase 30 anos. Chocolate com Pimenta (2003), também em suas últimas semanas, se aproxima dos 15 de média.
Reprodução / GloboEnquanto isso, as novelas inéditas não vão muito além disso. O folhetim do Vale a Pena Ver de Novo registra audiência semelhante a da atual produção das seis, Amor Perfeito, e está pouca coisa atrás dos títulos das sete e das nove, Vai na Fé e Terra e Paixão. Isso mostra que o público ainda aprova o “jeito antigo” de se fazer novela, o que se perdeu com o tempo.
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Bombando
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Na última segunda-feira (15), a Globo viu suas reprises registrarem ótimos índices de audiência. Exibida às 14h40, Chocolate com Pimenta anotou 14,2 pontos. Já O Rei do Gado (foto acima), que está em seus últimos capítulos, alcançou incríveis 20,7 pontos no final da tarde.
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No mesmo dia, a novela inédita mais vista do canal foi Vai na Fé, com 26,1. Enquanto isso, Amor Perfeito também foi bem, com 22,6. Apenas Terra e Paixão ainda demonstra dificuldades em emplacar e atingiu 24,2 de média.
Os números mostram que todas as novelas exibidas pela Globo atualmente têm desempenhos praticamente equiparados. Com exceção de Chocolate, exibida num horário de share mais baixo, as demais alcançam índices bem próximos.
Ontem e hoje
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Ou seja, no atual cenário da Globo, novelas com quase 30 anos apresentam resultados semelhantes às produções inéditas. Isso não apenas reafirma a força das tramas clássicas, mas também indica o desinteresse de parte do público com relação às produções contemporâneas.
Basta comparar o Vale a Pena Ver de Novo e a novela das nove. Apenas quatro pontos separam O Rei do Gado de Terra e Paixão (foto acima). Porém, a primeira foi produzida em 1996, reapresentada inúmeras vezes e, atualmente, vai ao ar num horário em que há menos televisores ligados.
Em tese, a novela das nove atual deveria chamar mais a atenção do público, afinal, é uma produção inédita. Mas isso não acontece na prática, o que indica que os fãs de teledramaturgia estão sentindo falta de novelas mais “raiz”. Como O Rei do Gado.
“Novelões” em falta
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O último sucesso do horário nobre da Globo foi Pantanal (2022, foto acima), remake de uma novela produzida originalmente em 1990. Trata-se de mais um indício de que o público fiel prefere um folhetim à moda antiga e vem torcendo o nariz para as novas produções.
Na verdade, tanto o sucesso de Pantanal quanto o êxito da reprise de O Rei do Gado mostram que novelas arrebatadoras, que fisgam o público pela emoção, estão em falta. O que parece é que a Globo está mais preocupada com a forma, deixando de lado o conteúdo. E isso tem matado as atuais produções.
Nem tudo está perdido, é verdade. Afinal, a nova Vai na Fé cresce em audiência a cada semana, o que demonstra que a trama das sete caiu nas graças do público. Mas o aparente desinteresse do espectador em novelas como Travessia e Terra e Paixão, somado aos excelentes resultados das reprises de obras de 30 anos, mostram que o público sente falta de novela à moda antiga.
Tudo isso leva a concluir que a Globo passa por uma severa crise criativa. Seus autores atuais não têm sabido criar tramas capazes de arrebatar o público com a mesma força de O Rei do Gado e companhia. Não por acaso, remakes estão em alta na emissora. Trata-se de um grave problema, já que essa crise criativa ameaça o futuro do gênero. Viveremos de reprises e remakes pra sempre?