André Santana

A Globo faz a alegria dos nostálgicos sempre que traz de volta um grande sucesso de sua teledramaturgia. Mas essa festa vira um enterro cada vez que a reprise vem embalada em uma abertura nova e bastante mal feita.

Olavo (Wagner Moura) e Bebel (Camila Pitanga) em Paraíso Tropical
Olavo (Wagner Moura) e Bebel (Camila Pitanga) em Paraíso Tropical (divulgação/Globo)

Nos últimos anos, o canal procura “refazer” as aberturas de novelas nas reprises do Vale a Pena Ver de Novo e Edição Especial. Porém, tudo é feito tão “nas coxas” que acaba irritando o espectador. A “vítima” da vez é Paraíso Tropical (2007), que teve a abertura totalmente arruinada no repeteco.

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Nova abertura

Frame da abertura de Paraíso Tropical no Vale a Pena Ver de Novo
Frame da abertura de Paraíso Tropical no Vale a Pena Ver de Novo (reprodução/Globo)

Paraíso Tropical voltou ao ar na Globo desde o dia 27 de novembro no Vale a Pena Ver de Novo. Nos primeiros dias, a trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares dividiu o espaço com os capítulos finais de Mulheres Apaixonadas (2003) e foi ao ar sem a abertura. A vinheta só passou a ser exibida a partir do dia 4 de dezembro.

Porém, a Globo editou a abertura de Paraíso Tropical e decepcionou os fãs da novela. A trama é aberta com belas paisagens cariocas, sobretudo do bairro de Copacabana, onde se passa a história. Enquanto a câmera “passeia” pelo Rio de Janeiro, o espectador ouve a canção Copacabana, na voz de Maria Bethânia.

Pois a Globo conseguiu estragar até mesmo uma vinheta simples e funcional como a de Paraíso Tropical. A abertura foi editada de tal modo que as imagens não seguem mais o ritmo da música, como acontecia originalmente. Na primeira versão, a voz de Maria Bethânia só aparecia quando a paisagem da mata se abre e revela a cidade do Rio de Janeiro. Já na nova abertura, a voz aparece antes, quebrando o clima.

Além disso, foi aplicado um zoom nas imagens fazendo com que várias delas aparecessem borradas. E mais: há um corte brusco na música, revelando um certo descaso. Ou seja, parece que a abertura de Paraíso Tropical foi refeita às pressas, sem qualquer cuidado.

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Não é de hoje

Mônica Carvalho na abertura de Mulheres de Areia
Mônica Carvalho na abertura de Mulheres de Areia (Reprodução / Web)

Não é de hoje que a Globo demonstra pouco caso com as aberturas das reprises de novelas. A Edição Especial de Mulheres de Areia, por exemplo, incomodou o público com os “truques” para disfarçar a nudez da modelo Monica Carvalho. Na versão original, os seios e o bumbum da atriz ficavam expostos.

Já na reprise, as imagens da artista foram borradas para que Monica não aparecesse tão “à vontade” em plena tarde. Mas, além de borrar a imagem, a edição também modificou a trilha, deixando a abertura esquisita.

O mais estranho é o encerramento da abertura. Foi feito um arranjo na trilha para embalar a logo da novela, mas o encaixe com o restante da canção não é perfeito. Com isso, fica claro para o público que houve uma solução improvisada.

 

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Descaso

Erro na abertura da Edição Especial de Chocolate com Pimenta
Erro na abertura da Edição Especial de Chocolate com Pimenta (reprodução/Globo)

A Globo tem refeito aberturas nas reprises das novelas porque, nos últimos anos, o canal tem recorrido a repetecos de folhetins produzidos há mais de 20 anos. Há uma diferença no formato da imagem que o canal tenta corrigir. Por isso, normalmente, a emissora recorre ao zoom e refaz os créditos das tramas, colocando-os em novas posições.

Porém, tudo é feito com muito descaso. Tanto que a Edição Especial de Chocolate com Pimenta (2003) foi duramente criticada por conta dos vários erros nos nomes dos atores. Guilherme Piva, por exemplo, foi grafado como “Guilherme Paiva”. Já Rosane Gofman virou “Rosane Cofman”.

É compreensível que a Globo tenha que adequar a abertura das novelas antigas aos novos tempos. Mas nada justifica a maneira quase amadora como isso é feito. As novas aberturas em nada lembram o famoso “padrão de qualidade” que o canal ostentou por tantos anos.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor